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Goleiro bom joga com os pés

Para assegurar a tradicional camisa 1 nos grandes clubes, atletas precisam mostrar habilidade e segurança com a bola no chão

Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:43

 

Na temporada passada, Everson ganhou a titularidade no Santos pela desenvoltura na linha 
Mostrar habilidade com os pés deixou de ser um diferencial para os goleiros e passou a ser uma obrigação. No Corinthians, os treinamentos exigem o aperfeiçoamento da saída de bola de Cássio, que faz trabalhos específicos no fundamento. No Santos, Vanderlei perdeu a vaga de titular para Everson por causa da saída de bola com os pés.

Segundo o Footstats, o goleiro corintiano apresentou um aumento de 60% de toques com pé na saída de bola nos últimos jogos do time, ainda na temporada passada, sob o comando do técnico interino Coelho. Por conta da exigência maior, Cássio reconheceu que ainda precisa evoluir.

“É uma coisa que eu já fazia, mas que precisa ser exercitada. Na Copa do Mundo, quando voltei, eram Osmar Loss e Coelho, e eles trabalhavam muito isso. Quando voltei da Copa América, também tentamos fazer, mas é uma situação que preciso treinar para fazer. Todo dia a gente tem treinado, acredito que vá ter evolução. Tentei, mas tem de ter sabedoria, não vou virar um Neuer ou Ederson do dia para noite”, analisou o goleiro.

Cássio revelou ter conversado com Ederson, goleiro brasileiro do Manchester City, sobre a utilização dos pés. “Ederson me falou: ‘Os caras me dão opção para jogar’. Às vezes, não dá para arriscar e fazer de qualquer jeito. Muitas vezes, no chute direcionado, a gente conseguiu criar oportunidades, ganhando a segunda bola com Clayson e Avelar. Então, tem de ver o momento”, completou.

Zetti aponta que o goleiro alemão Neuer, citado por Cássio, foi o grande responsável pela visibilidade da atuação dos goleiros com os pés. A partir de 1993, o goleiro perdeu o direito de pegar recuos dos companheiros de equipe com a mão, mas apenas na Copa do Mundo a evolução dos defensores ficou evidente.

“Eu e o Rogério Ceni fazíamos isso quando atuamos. Ronaldo Giovanelli, do Corinthians, também tinha qualidade boa. A partir da mudança da regra, os goleiros começaram a se adaptar. O Neuer fez isso na Copa do Mundo de 2014. Ninguém tinha feito numa Copa. Isso chamou a atenção para o goleiro trabalhar com a bola nos pés. Hoje, o goleiro tem de ter essa qualidade. O esquema tático exige que o goleiro trabalhe um pouco mais”, disse o ex-goleiro campeão mundial com o São Paulo em 1992 e 1993.


Treinamento aperfeiçoa saída de bola

Cada clube vem adotando uma estratégia diferente para aperfeiçoar a habilidade dos goleiros. O Bragantino, campeão da Série B e com vaga garantida na elite de 2020, promove treinos em que os defensores atuam como jogadores de linha.

“Tentamos priorizar a técnica de execução e a escolha das melhores opções de passe. Para isso, utilizamos como metodologia os treinos específicos e os trabalhos com o grupo”, explica Rodrigo Bruns, preparador de goleiros do time de Bragança.

“Frequentemente, o Zago (Antonio Carlos, ex-técnico da equipe) utilizava os goleiros como jogadores de linha nos exercícios. Isso aumenta muito a complexidade dos estímulos, o que é benéfico para o desenvolvimento dos goleiros. O uso de vídeos dos nossos jogos e exemplos que ocorrem com outros goleiros também são ferramentas muito utilizadas. Com certeza, o trabalho com os pés é uma das prioridades atacadas nos treinamentos, mas não podemos deixar de considerar que o goleiro é uma posição prioritariamente defensiva, e os treinamentos devem ser direcionados principalmente para essas ações”, completa Rodrigo.

No Fortaleza, clube comandado por Rogério Ceni, autor de 61 gols de falta quando atuou como jogador, a exigência é ainda maior. “A gente faz muito o trabalho de passe todos os dias. Também é importante o trabalho de percepção e o controle emocional. É um conjunto de situações. Além disso, o Rogério exige muito ao trabalhar as situações de jogo”, diz Guto Albuquerque, preparador de goleiros do time cearense. “Não temos muitas dificuldades, porque o Felipe Alves era jogador de linha e começou a carreira no futsal”, completa.

“A partir da mudança da regra, os goleiros começaram a se adaptar, trabalhar com a bola nos pés. Hoje, tem de ter essa qualidade. O esquema tático exige que o goleiro trabalhe um pouco mais”

Zetti, ex-goleiro do São Paulo



61 gols
Marca de Rogério Ceni, ex-goleiro do São Paulo e atual técnico do Fortaleza

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