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Não aceita imitações

Diferente dos outros 26 torneios do país, por não ser estadual, o Campeonato do DF volta com as velhas histórias dignas de memes antes de a bola rolar. Torneio começa hoje com o atual campeão Gama em ação

Correio Braziliense
postado em 25/01/2020 04:07
Hegemônico na capital, alviverde busca o 13º título para a coleção
O campeonato “estadual” mais curioso do país está de volta para mais uma edição. O torneio, realizado no Distrito Federal, não chega a ser um estadual nem pode ser chamado assim, mas é bastante democrático. Além dos times da capital, o torneio contempla equipes de Goiás e Minas Gerais vizinhas do Quadrado.

Nesta edição, o campeonato começou a chamar a atenção ainda na pré-temporada. Para viabilizar a participação no torneio, Ceilândia, Ceilandense, Sobradinho e Luziânia tiveram que fazer parcerias com outros clubes do Brasil. A confirmação da participação das 12 equipes que lutarão pelo título só aconteceu poucas semanas antes da competição, com início neste fim de semana e final prevista para 25 de abril. Nesta edição, a TV Brasília transmitirá um jogo aos sábados na primeira fase e na etapa de mata-mata. As duas partidas da decisão também irão ao ar na empresa do Grupo Diários Associados.

Definidos os participantes, mais uma série de acontecimentos curiosos continuaram a marcar a competição. Os treinadores Ricardo Antônio, então no Real Brasília, e Luis Carlos Souza, do Capital, deixaram suas equipes a menos de uma semana da largada. Evilazio de Almeida e Victor Santana, respectivamente, assumiram os times.

A troca de equipes na última hora não ficou apenas a cargo dos treinadores. Andrei Alba, um dos grandes nomes do Real Brasília, deixou o clube e se transferiu para o Gama, a 3 dias do Candangão 2020. Outro que trocou de clube foi o lateral Matheus, mais conhecido como sósia do Filipe Luís — que ficou famoso no ano passado com a campanha do Flamengo na Libertadores e no Brasileirão. O jogador recebeu a oportunidade de integrar o elenco do Taguatinga, mas, sem nem ao menos disputar uma partida oficial, surpreendeu ao virar a casaca e seguiu para o Paranoá.

Gama, Brasiliense, Real Brasília, Capital-DF, Taguatinga, Luziânia, Sobradinho, Ceilândia, Ceilandense, Formosa, Paranoá e Unaí medem forças em 2020 pelo trono do futebol no DF. Gama, atual campeão, Brasiliense, Real Brasília e Capital-DF são, na teoria, os times a serem batidos na competição, ainda que o ranking de clubes da CBF não exponha esse favoritismo. Apenas o Jacaré e o Ceilândia representam o DF entre os 100 melhores times do Brasil — na 94ª e 97ª colocação. Sobradinho (140º), Luziânia (148º), Gama (160º) e Brasília (208º) completam a lista de times da capital representados no ranking.

Mais uma vez, o DF não tem representantes nas séries A, B ou C do Campeonato Brasileiro. Apenas Gama e Brasiliense disputarão a Série D, em busca do acesso. A última vez em que a capital teve um representante na terceira divisão foi em 2013, com o Brasiliense.

O campeonato de 2020 é mais uma oportunidade de o futebol candango se reerguer e responder às baixas posições no ranking da CBF e na pouca representatividade no Campeonato Brasileiro. O distrito que revelou jogadores como Kaká, eleito o melhor jogador do mundo em 2007; Felipe Anderson, com carreira sólida na Inglaterra e, mais recentemente, Reinier, campeão do Brasileirão e da Libertadores pelo Flamengo e novo reforço do Real Madrid, é capaz de fazer mais do que vem realizando no cenário nacional.

Assim, várias equipes do campeonato apostam na juventude para alcançar os resultados, mas sem abrir mão dos experientes jogadores. Nesta edição, Beto Acosta, uruguaio de 43 anos, com passagens marcantes por Náutico e Corinthians, e Zé Love, campeão de Libertadores e Copa do Brasil pelo Santos, são referências no Candangão 2020.

* Estagiários sob a supervisão de Marcos Paulo Lima



1ª rodada

Hoje

Brasiliense x Sobradinho
15h30 – Serejão
Real x Formosa
15h30 – Serra do Lago
Gama x Taguatinga
16h – Bezerrão (TV Brasília)

Amanhã
Capital x Ceilandense
11h – Bezerrão
Unaí x Ceilândia
15h30 – Urbano Adjuto
Luziânia x Paranoá
15h30 – Serra do Lago



Regulamento
O campeonato deste ano segue o padrão da versão anterior. Todas as 12 equipes se enfrentam em um único turno de jogos (11 rodadas). Os oito primeiros se classificam para a fase mata-mata, enquanto os dois últimos são rebaixados para a segundinha. O mata-mata começa nas quartas de final, com jogos de ida e volta. Resultados iguais favorecem as equipes mais bem classificadas na primeira fase. Na semifinal, adota-se o mesmo critério. Na grande final, não há vantagem de empate, e os jogos não serão disputados no Mané Garrincha, como foi ano passado. As equipes finalistas terão autonomia para escolher os gramados em que mandarão as partidas.


Entrevista / Márcio Coutinho

Diretor de competições da Federação de Futebol do DF

Qual é a expectativa para o Candangão 2020?
As melhores possíveis. Vejo melhoria das equipes nas contratações, vejo a transmissão da TV Brasília como grande aliada na divulgação, e também o esforço do GDF como um todo para a melhoria dos estádios tanto na área do piso de jogo como na estrutura para o público.

Quais foram as maiores dificuldades para colocar o Candangão 2020 em campo?
Enquanto não tivermos uma política para cuidarmos dos estádios, teremos sempre os mesmos assuntos: reclamações e correria nos pedidos de laudos da PM, Bombeiros e Vigilância. Isso atrapalha muito. Não se muda a estrutra dos estádios de um mês para outro.

O DF não tem representante na Série C desde 2013. Até que ponto o nível técnico deste Candangão pode impulsionar Gama e Brasiliense a quebrarem esse tabu na Série D deste ano?
O trabalho deles está sendo bem feito. Temos no comado treinadores experientes e com muita bagagem. Resta termos paciência e não se abater num momento adverso. O nível técnico é bom, agrada o que estou vendo.

Em outras temporadas, a FFDF enfrentou graves problemas financeiros para honrar compromissos com árbitros. Há alguns anos, a entidade passou a pagar esses profissionais  antecipadamente. Será assim novamente em 2020?
Sim. Inclusive, já pagamos toda a arbitragem e ambulância do Candangão 2020 desde outubro de 2019. Mas ainda temos outros problemas a resolver. Trabalhistas por exemplo. Mas, devagar, poderemos ir resolvendo.

Até que ponto incomoda à Federação e aos clubes a falta de um incentivo pesado do governo no futebol do DF. O basquete do Flamengo, por exemplo, recebe apoio milionário do BRB.
A mim, particularmente, incomoda bastante. Acredito no potencial de grandes clubes como o Flamengo como uma marca mundial a ser explorada comercialmente. Mas, se os clubes locais tiverem 1% do que foi dado ao Flamengo, faríamos coisas melhores e teríamos um compromisso muito maior com o futebol profissional. Aproveitaríamos para propor fazer um trabalho social grande nas comunidades dos clubes hoje filiados.

Jogos de fora paralelamente ao Candangão, como o Carioca e a Supercopa do Brasil, incomodam a FFDF?
Atrapalha na mudança de tabela, mas não vejo como grande problema. É adequar um jogo e outro.

Este é o primeiro Candangão com o Mané Garrincha privatizado, ou seja, vinculado a um consórcio. Como está a relação? Os clubes poderão usar o estádio tranquilamente ou existem dificuldades?
Nossa relação é muito boa com todos da Arena. É ver quem vai querer mandar jogos lá e verificar a disponibilidade. Está muito tranquila a relação FFDF e consórcio.

Alguma chance de o Candangão ter VAR na final?
Não vejo ainda possibilidade devido ao custo, que ainda é alto para nossos padrões. Quem sabe no futuro.

Alguns campeonatos conseguem patrocinadores que compram os naming rights do torneio. Vocês tentaram?
Ainda estamos tentando e temos muito a avançar, principalmente, com a ajuda da transmissão da TV Brasília.

Há um decreto local liberando a venda de bebida alcoolica nos estádios do DF. Qual é a posição da FFDF?
Isso é bom para os clubes, para aumentar um pouco a receita.

O Mané Garrincha é o único estádio da capital sem grande separando a torcida do campo. Incomoda?
Sou contra grades em estádios de futebol, pois vejo como ato discriminatório para as pessoas de bem.

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