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Cigano da bola reforça o Jacaré

Centroavante fez parte dos Meninos da Vila, que projetou Neymar e Paulo Henrique Ganso, rodou por 5 países e volta para ajudar o Brasiliense a ir mais alto

Correio Braziliense
postado em 02/02/2020 04:27
Novo atacante do Brasiliense, Zé Love que chegou a jogar com Neymar, Robinho e Ganso no SantosJosé Eduardo Bischofe de Almeida, ou simplesmente Zé Eduardo, ficou conhecido como Zé Love quando era um dos Meninos da Vila, ao lado de Neymar, Elano e Ganso, e fizeram do Santos um time que jogava um futebol vistoso e moderno. O atacante foi campeão da Copa Libertadores, em 2011, e da Copa do Brasil, em 2010; rodou pelos gramados de cinco países; passou por mais de 20 clubes — e agora, aos 32 anos, desembarca em Brasília. Em entrevista ao Correio, um dos principais reforços do Brasiliense para 2020 diz quais foram os motivos que o fizeram voltar ao Brasil e atuar no Jacaré — a previsão é de estrear no Candangão amanhã, às 11h, contra o Taguatinga, no Estádio Serejão, pela segunda rodada do campeonato.

Por que o atacante que jogou com Neymar, Elano e Ganso no Santos veio parar no Brasiliense, aos 32 anos?
Eu ainda me sinto novo. Sou jovem, tenho força. Não tem como determinar o fim da carreira de um jogador de futebol. Ele joga até quando dá. Tem que saber o momento certo de parar, mas creio que estou longe disso. E a escolha pelo Brasiliense foi por um todo: o projeto, a estrutura do clube, a cidade, a estabilidade para entrar de cabeça nesse projeto para fazer o Brasiliense subir para a Série C do Campeonato Brasileiro, e porque minha mulher e meu filho queriam ficar no Brasil. Foi uma opção por mais estabilidade.

Como avalia o elenco e a estrutura do Brasiliense na temporada? 
Eu tinha vindo a Brasília só de passagem, nunca para jogar no Brasiliense, sempre contra ele. Fiquei surpreso com a estrutura. É um clube novo, mas que tem história, que já chegou a uma final de Copa do Brasil, à Série A de Campeonato Brasileiro, e esperamos que essa história se repita. Sabemos que é difícil, mas estamos batalhando. Tem o Campeonato Estadual, na semana que vem tem um jogo mais difícil pela Copa do Brasil, que traz mais visibilidade não só para o clube como para todos os jogadores. E temos tudo para fazer um bom ano para colocar o Brasiliense no lugar dele: a Série A.

Qual o seu objetivo nesta temporada?
Fazer gols e, consequentemente, ajudar a equipe a ser campeã estadual, a passar de fase da Copa do Brasil. Tem a Copa Verde também, com bastante visibilidade, e que dá uma vaga direto para a Copa do Brasil. Mas o principal objetivo do ano é subir da Série D para a C. Sobre metas particulares, costumo falar que atingi o que eu sonhava: jogar em um time grande, ser campeão da Libertadores, da Copa do Brasil. Então, agora me preocupo mais com a meta coletiva, porque sabemos que é um esporte coletivo. E me destacando no particular, acabo ajudando a equipe.

Conhecia Brasília? 
Quase nada. Só vim para jogar e fui embora, mas nunca tinha vindo passear. Mas tenho parentes aqui que me falaram que é uma cidade sensacional, muito tranquila. Estou vendo que é uma cidade projetada, com muitas opções e, pela questão familiar, estou vendo que fiz uma boa opção.

Depois de defender o Santos, entre 2010 e 2011, você passou por 12 clubes. O que explica essa vida de andarilho?
Quando optei pelo mercado asiático, sabia que era um mercado muito curto, que os clubes fazem contrato de seis meses ou de urgência. Às vezes, eles trocam todos os estrangeiros depois do primeiro turno. É uma cultura diferente. Particularmente gosto, mas minha mulher não era fã de ficar mudando, até porque temos um filho pequeno e, pelo lado escolar e de convivência, é difícil. Ele nasceu no Brasil, mas ficou os quatro anos dele fora do país. Eu pretendo um dia voltar, porque estou com 32 anos e sabemos que a carreira no futebol é curta. Então, temos que aproveitar.

Você viveu em cinco outros países além do Brasil: Itália, China, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Malásia. Em qual você sofreu mais com a adaptação? E em qual você moraria novamente?
O número um é a Itália. Passei três anos lá e é fantástica. Mas, entre os países do Oriente, gostei bastante da China e de Dubai. O que eu tive mais dificuldade foi a Malásia. Tinha até mais um ano de contrato, mas voltei antes por questões de família. Não conseguimos nos adaptar. O país é bonito, maravilhoso, mas a cidade em que morei era distante da capital, com forte presença muçulmana. Então, tinha poucas opções. Não tinha escola para meu filho; comida brasileira era difícil de achar.

De que forma seu desempenho no Pahang FA, da Malásia, te motivou a voltar ao Brasil?
O clube não queria me liberar, até porque era artilheiro da equipe. Estava bem, fazendo jogos, marcando gols (foram seis gols em 16 jogos). Saí por minha família não ter se adaptado. Chegava do treino e do jogo, e via minha mulher triste, meu filho cabisbaixo. Conversei com o clube e demorou, mas consegui sair. Cheguei da Malásia em junho do ano passado e tive proposta para jogar na Série B. Só que estava tão estressado de ter passado todo esse tempo fora sofrendo, que fiquei quase seis meses sem jogar. Isso atrapalha um jogador de futebol. Vão uns dois meses até readaptar. Estou ansioso para voltar. Sei que não é fácil, que vou sofrer bastante no começo, mas estou confiante e motivado para fazer um bom ano.

Que avaliação faz sobre seu desempenho nos times estrangeiros? 
É complicado, principalmente no mundo asiático, para quem é acostumado ao ritmo do Brasil. Por exemplo: aqui no Brasiliense estamos treinando bastante. O jogador que está no mundo asiático e vem para o Brasil sente demais, porque treina menos tempo, menos físico, com menos intensidade, são menos jogos. O futebol não é profissional em alguns desses países, então levam esses jogadores para serem exemplos de uma maneira profissional de viver do futebol.

Você passou a ser chamado de Zé Love porque dividia o quarto com o Wágner Love nas concentrações do Palmeiras. O que acha do apelido?
Cheguei com 12 anos ao Palmeiras e subi para o profissional muito cedo, com 16, na época em que o Wágner se destacou no profissional. Ele foi embora e acabei subindo na mesma hora em que ele saiu. Como morava junto, andava junto, aí pegou. Ninguém conhece o Zé Eduardo, é sempre Zé Love. Na China, na Arábia Saudita, não podia ter o Love na camisa, mas no Brasil sempre foi Zé Love.


“O (país) que tive mais dificuldade foi a Malásia. Tinha até mais um ano de contrato, mas voltei antes por questões de família. O país é bonito, maravilhoso, mas a cidade em que morei era distante da capital, com forte presença muçulmana. Então, tinha poucas opções”

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