Superesportes

Poder de influência

Flamengo e Athletico-PR têm ligações próximas com o presidente da República. Saiba como as duas diretorias conseguiram trânsito livre no governo federal e até publicidade gratuita na socialista China

Correio Braziliense
postado em 15/02/2020 04:15
 


A excelente fase de Flamengo e Athletico-PR é capaz de unir as massas pelo sonho unânime de novos títulos, como o da Supercopa do Brasil, mas as relações institucionais dos dois clubes conseguem transformá-las em um retrato do momento político do país. As duas diretorias rubro-negras são próximas do presidente Jair Bolsonaro. Há quem ame e odeie. A aproximação não dos jogadores dos dois times, mas dos cartolas, inclui manifestações de apoio ao então candidato nas eleições de 2018 por parte do Furacão; e a entrega de agasalho da equipe carioca ao presidente da China, Xi Jinping, em novembro do ano passado, no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Finalista da Supercopa por ser o atual campeão brasileiro, o Flamengo viu o palmeirense Bolsonaro se aproximar aos poucos do clube. No auge da tentativa de conquistar a “nação” de 40 milhões de torcedores, disse a Xi Jinping: “É o melhor time do Brasil no momento”. Acrescentou que 1,3 bilhão de chineses torceriam pelo clube carioca na final da Libertadores. A diretoria nega ter enviado a encomenda pelo chefe de Estado.

Bolsonaro ousou até uma profecia durante a inauguração de um complexo habitacional em Campina Grande, na Paraíba. Previu a conquista do título sul-americano com gol de Gabriel Barbosa. O camisa 9 marcou os dois gols da virada no bi, em Lima, no Peru. Houve até rumor de que a diretoria havia convidado Bolsonaro para o jogo. A cúpula negou.

O time da moda vira peça publicitária gratuita nas mãos do presidente. Um ano depois de entregar a taça do Brasileirão ao Palmeiras, seu clube do coração, no gramado do Allianz Parque, Bolsonaro foi ao Mané Garrincha com Sergio Moro. Embora o ministro da Justiça seja torcedor do Athletico-PR, ambos surgiram vestidos de Flamengo no Mané para torcer pelo líder do Brasileirão contra o CSA.

O presidente explora a boa fase do Flamengo, e a cúpula do clube aceita a aproximação. Habilisoso politicamente desde os tempos de Petrobras, o mandatário Rodolfo Landim foi recebido pelo presidente em novembro do ano passado, no Palácio do Planalto, com anúncio na agenda oficial. O convite partiu de Bolsonaro. Ele soube que o cartola estaria na capital para tratar do apoio do Banco de Brasília (BRB) ao basquete e o chamou para almoçar com ele. Landim deu uma camisa do Flamengo.

O diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Flamengo, Aleksander Santos, é quem faz lobby em Brasília. Articulou o patrocínio de R$ 2,5 milhões do BRB ao basquete rubro-negro e transita com facilidade pelos gabinetes do governador rubro-negro do DF, Ibaneis Rocha, e do presidente Bolsonaro entregando mimos. Antes do jogo contra o CSA, deu camisas no Palácio do Planalto.

O aniversário de 124 anos do clube teve comemoração na Câmara dos Deputados em 2019. Amigo da família Bolsonaro, o deputado rubro-negro Helio Lopes (PSL-RJ) propôs o agrado. Landim esteve no plenário. Helio Lopes é aquele que desejava audiência pública para questionar a CBF sobre um lance polêmico contra o Athletico-PR. Reclamava da não utilização do VAR num pênalti.

O link com o governo Bolsonaro tem resistências na torcida. Uma deles é o Movimento Flamengo da Gente. Eles questionam a proximidade com políticos. Uma das críticas dizia respeito a uma imagem em que Marcos Braz e Aleksander Santos apareciam ao lado de Jair Bolsonaro e Sergio Moro, no Mané.

O Flamengo também tem trânsito livre no GDF. Os clubes de futebol da cidade e o Universo, representante da capital no NBB, têm ciúmes dos investimentos no basquete do time da Gávea. O Correio apurou que Aleksander Santos faz  o meio de campo com o governador Ibaneis Rocha, o secretário de Esportes, Leandro Cruz, e executivos do BRB. O time até manda jogos do NBB no DF.




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