Superesportes

Vamos deixar o português quieto

Em entrevista ao Correio, o técnico do Boavista, Paulo Bonamigo, evita contar histórias do dia em que derrotou Jorge Jesus por 3 x 0 na elite do Campeonato Português. Flamengo busca o segundo título em sete dias

Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 04:06
A melhor fase do técnico Paulo Bonamigo do Boavista foi no futebol dos Emirados Árabes Unidos, onde ganhou dois dos cinco títulos que tem no currículo. Jorge Jesus terá revanche da derrota pelo Português 

Vinte e nove de janeiro de 2006. Estádio dos Barreiros, Ilha da Madeira. Vigésima rodada do Campeonato Português. Um jovem técnico brasileiro de 45 anos tem a missão de evitar o rebaixamento do Marítimo para a segunda divisão. “Assumi o time na zona de rebaixamento”, lembra em entrevista por telefone ao Correio o ex-jogador Paulo Afonso Bonamigo, campeão da Libertadores e da Copa Intercontinental pelo Grêmio, em 1983. Do outro lado, à frente do União Leiria, estava Jorge Jesus, técnico do Flamengo na decisão da Taça Guanabara contra o Boavista, às 18h, no Maracanã. Com uma exibição em outro patamar, Bonamigo colocou o Mister no bolso.

O Marítimo venceu o União Leiria por 3 x 0. Um gol do brasileiro Kanú e dois de Zé Carlos, o “Zé do Gol”, aniquilaram o União Leiria em 60 minutos de jogo. Nos outros 30, Bonamigo saboreou o triunfo. Questionado pela reportagem sobre aquela exibição de gala, o treinador do Boavista esquivou-se o tempo inteiro. “Rapaz, isso faz muito tempo. São 14 anos. Não lembro de mais nada”, riu o carrasco de Jorge Jesus.

A alternativa foi refrescar a memória de Bonamigo. Um dos trunfos do treinador no duelo tático com o português foi o sistema de jogo. Ele formatou o Marítimo no 3-5-2. A outra carta na manga era a quantidade de brasileiros na escalação inicial: oito. As exceções eram os lusitanos Briguel e Nuno Morais e o holandês Van der Gaag. Nem assim Bonamigo evoluiu na conversa. “É, deve ter sido isso mesmo. Rapaz, faz muito tempo”, driblou.

Bonamigo conhece bem o futebol português. Comandou o Marítimo em 21 dos 38 jogos na temporada de 2005/2006 da liga nacional. Evoluiu muito em duelos táticos contra os holandeses Ronald Koeman e Co Adriaanse; e os lusitanos Jorge Jesus, Jesualdo Ferreira e Paulo Bento. “O nível era altíssimo naquela época”, atesta o técnico.

Conversa vai e vem, Bonamigo segue na defensiva. Arrisca sair jogando para falar sobre o duelo de 2006 com Jorge Jesus, mas logo recua. “Vamos deixar o português quieto, depois ele acha de ligar aquela supermáquina que tem nas mãos e vai complicar para mim. Ele é um grande treinador, essa troca de conhecimento tem sido muito importante tanto para ele quanto para nós, brasileiros. Aprendi muito nos confrontos com eles em Portugal”, admite.

O técnico do Boavista tem cinco título no currículo. No Brasil, foi campeão maranhense pelo Sampaio Corrêa (2000), paranaense com o Coritiba (2003); cearense à frente do Fortaleza (2007). Na longa passagem pelo mercado árabe, brindou o Al-Shabab com duas conquistas nos Emirados Árabes Unidos. Ganhou a Copa do Golfo e a Etisalat Cup, ambas nos Emirados Árabes Unidos.  Jorge Jesus tem a chance de faturar o vigésimo — o quarto à frente do Flamengo. Antes, ganhou o Brasileirão e a Libertadores no ano passado, e a Supercopa no domingo.

Em vez cutucar Jorge Jesus com vara curta, Bonamigo escolhe elogiar o trabalho do colega de profissão. “Nós vamos enfrentar o grande clube do mundo hoje. O Flamengo não é só nível nacional. É de nível internacional. Decisão sempre tem situações peculiares, mas temos de trabalhar em cima da eficiência”, prega o algoz do Mister.


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