Superesportes

O novo plano Real

Como Florentino Pérez adaptou a fórmula galática de investir em jogadores consagrados adotada na virada do século à política agressiva de comprar o que há de melhor em talentos sub-20 ao redor do planeta bola

Correio Braziliense
postado em 24/02/2020 04:14

Na virada do século, o sonho de consumo de Florentino Pérez era levar jogadores consagrados para o Real Madrid. De preferência, com selo de melhor do mundo impresso no currículo. Nomes de excelência desembarcaram no Santiago Bernabéu. A primeira legião de galáticos tinha Zinedine Zidane, Ronaldo, Luis Figo, David Beckham e Michael Owen. Eles foram recepcionados pelos não menos badalados Raúl González, Roberto Carlos e Iker Casillas. A segunda geração de astros quebrou a banca com recordes de transferências. Kaká, Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, James Rodríguez, Luka Modric, Karim Benzema, Toni Kroos, Di María e Özil emperraram a tecla F5 do computador com atualizações constantes no ranking dos mais caros da história.

A descoberta de Lionel Messi pelo Barcelona revolucionou a procura do Real Madrid por talentos. O clube não deu as costas aos jogadores consagrados, óbvio. O belga Eden Hazard, por exemplo, foi contratado nesta temporada. Neymar e/ou Kylian Mbappé seguem no radar. No entanto, a obsessão de Florentino Pérez passou a ser a contratação de joias raras abaixo dos 20 anos. O magnata da construção civil quer os melhores talentos vestindo a camisa branca — mesmo que não haja certeza de que o alvo do investimento se tornará o melhor do mundo.

A estratégia ficou (mais uma vez) clara no discurso de Florentino Pérez na apresentação de Reinier. O dirigente deixou claro que a modernização do Santiago Bernabéu e a montagem de um jovem elenco competitivo estão entre as prioridades da guinada na administração dele.

“Assim como vamos construir o melhor estádio do século 21, temos a responsabilidade de potencializar e ampliar os talentos do nosso elenco. Não é fácil encontrar joias que se se adaptem à cultura do Real Madrid. Como todos sabem, uma das nossas obsessões é encontrá-los onde estiverem. Estamos contratando jogadores jovens, mas com qualidade extraordinária e indiscutível projeção de futuro, as grandes figuras de amanhã.”

O brasiliense Reinier, o carioca Vinicius Junior e o paulista Rodrygo resumem a nova fase da revolução no projeto esportivo do Real Madrid. Os três jogadores custaram ao clube 120 milhões de euros (R$ 571,2 milhões) na última cotação da moeda. Os olheiros do clube espanhol não estão atentos apenas ao mercado brasileiro. Há apostas de todas as partes do mundo. Algumas de risco. Outras, certeiras.

O zagueiro Varane e o volante Casemiro, por exemplo, inauguraram os novos tempos. O brasileiro chegou ao Real Madrid com 20 anos, 11 meses e 8 dias. À época, custou baratinho ao time merengue: 1,2 milhão de euros. Apesar da difícil adaptação, com direito a empréstimo ao Porto e retorno ao Bernabéu, Casemiro virou peça-chave no meio de campo. É um dos xodós do técnico Zidane. O beque francês assinou com o Real aos 16 anos, 1 mês e 3 dias. Aos 26, forma uma das melhores duplas do mundo ao lado de Sergio Ramos e foi um dos trunfos da França na conquista do bicampeonato mundial na Copa da Rússia, em 2018.

Além de dinheiro para encher o carrinho de compras com brinquedinhos novos, o Real Madrid precisa ter paciência de Jó. Os reforços são irregulares. Oscilam demais. Faz parte da transição da adolescência para a juventude e da necessidade de adaptação à rotação do futebol europeu. Vinicius Junior e Rodrygo tiveram brilharecos no time principal — inclusive na Champions League — mas viram Zidane puxar o freio de mão do deslumbramento e rebaixá-los ao Real Madrid Castilla.

Depois de arrebentar no time principal com quatro gols na Liga dos Campeões da Europa — três deles no mesmo jogo contra o Galatasaray — dois no Campeonato Espanhol e um na Copa do Rei, Rodrygo defendeu o Real Madrid Castilla, ontem, na Segunda Divisão B, a terceirona da Espanha. A vitória por 2 x 0 sobre o San Sebastián de los Reyes marcou a estreia de Reinier com a camisa do clube. O ex-jogador do Flamengo deu assistência de calcanhar, mas Rodrygo roubou a cena. Fez um gol e recebeu cartão vermelho na partida.

A instabilidade dos jovens galáticos do Real Madrid não é exclusividade dos brasileiros. Cria do Stromsgodset da Noruega, Odegaard foi apresentado pelo Real Madrid aos 16 anos. Custou 280 mil euros. Tem 21 e ainda não vingou. Por enquanto, ele acumula milhas na carreira em outros clubes. Emprestado, defendeu o Heerenveen e o Vitesse da Holanda. Nesta temporada, está cedido ao Real Sociedad.

Destaque do Japão na Copa América do ano passado, no Brasil, o japonês Takefusa Kubo disputa La Liga pelo Mallorca. O “Messi nipônico” foi alvo de um clássico entre Real Madrid e Barcelona. Contratado a custo zero, assinou acordo com o clube da capital aos 17 anos, 11 meses e 16 dias.

O próximo alvo jovem do Real Madrid joga no Rennes e nasceu em Angola. Eduardo Camavinga tem um gol em 24 jogos pelo clube francês. Naturalizado desde que se mudou para a Europa aos dois anos com a família, Camavinga defendeu a seleção sub-21 da França. O volante é visto pelos olheiros como sucessor de Casemiro.


  • “Temos a responsabilidade de potencializar e ampliar os talentos do nosso elenco. Não é fácil encontrar joias que se adaptem à cultura do Real Madrid. Como todos sabem, uma das nossas obsessões é encontrá-los onde estiverem. Estamos contratando jogadores jovens, mas com qualidade extraordinária e indiscutível projeção. As grandes figuras de amanhã”

    Florentino Pérez, presidente do Real, na apresentação do brasiliense Reinier


  • Corrida para Tóquio

    Mais um atleta brasileiro obteve índice para a Olimpíada. O veterano Paulo Roberto de Almeida Paula, 40 anos, correu a Maratona de Sevilha abaixo da marca exigida ao completar a distância em 2h10min08, sendo 1min22 mais rápido do que o estipulado. Também foi a marca mais rápida da carreira na tradicional prova. Paulo Roberto tinha os 2h10min23 em Pádua, na Itália, em 2012, como melhor performance. O resultado o deixou na 24ª colocação na Maratona de Sevilha, prova que foi vencida pelo etíope Mekuant Ayenew Gebre em 2h04min46, seguido pelo queniano Barnabas Kiptum, com 2h05min05, e pelo compatriota Regasa Bejica, com 2h06min24.

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