Superesportes

Coronavírus, o grande rival

Proliferação da doença provoca cancelamento de eventos esportivos pelo mundo e atrapalha o planejamento de competidores brasileiros para o principal compromisso da temporada

Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:14
O nadador Guilherme Costa participaria de um torneio em Milão, neste fim de semana, mas o evento foi cancelado
Já são dezenas de eventos esportivos cancelados ao redor do mundo por causa do coronavírus, e a lista aumenta a cada dia. Faltando menos de cinco meses para os Jogos de Tóquio, principal competição da temporada, a preocupação é tentar controlar a proliferação da doença e, por isso, as aglomerações de torcedores não são bem-vindas.
Só que cada torneio adiado, transferido de local ou cancelado mexe bastante com a preparação dos atletas. Muitos ainda buscam pontos no ranking, índices ou classificação para a Olimpíada e a Paralimpíada. Por causa disso, o coronavírus tem atrapalhado os competidores de elite, que precisam repensar agenda, alterar viagens e vivem a ansiedade de possíveis mudanças no calendário internacional.
 
O nadador Guilherme Costa, mais conhecido como Cachorrão, participaria neste fim de semana do Troféu Cidade de Milão. A competição seria o primeiro passo da preparação especial na altitude italiana, quando ele passaria 21 dias treinando em Livigno, a 1.816 metros acima do nível do mar. Mas, após os inúmeros casos de coronavírus na Europa, a missão acabou abortada. “A competição foi cancelada”, contou o atleta, que, como opção, vai adaptar em sua casa um equipamento do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para simular a altitude em seu quarto.
 
Quem também teve de mudar seus planos foi Alana Maldonado, que disputaria, entre 6 e 17 de março, um evento em Tóquio, preparatório para os Jogos Paralímpicos. A competição foi cancelada, e a delegação de nove pessoas não viajou. “É uma pena, porque seria um evento-teste para a Paralimpíada, e a gente ia ficar 10 dias depois lá, treinando”, afirmou a judoca, líder do ranking em sua categoria.
 
A situação foi pior para 20 nadadores paralímpicos, que competiriam em Lignano, em uma das etapas do circuito mundial. O evento acabou cancelado e, quando os atletas chegaram à Itália, incluindo o multicampeão Daniel Dias, receberam a notícia e tiveram de voltar para o Brasil.

Complicação

Quem também vive uma situação inusitada é Hugo Calderano, do tênis de mesa. Ele precisa somar pontos no ranking mundial para tentar chegar em uma situação boa no evento olímpico, evitando cruzamentos precoces contra atletas chineses. As três próximas competições importantes são no Catar, na semana que vem, e depois no Japão e na China. Apesar de não ter nada oficial, é possível que esses eventos sejam cancelados e, com isso, ele não poderia somar mais pontos.
“Estamos preocupados com as consequências para os eventos e, principalmente, para os Jogos de Tóquio, mas confiantes de que o COI e o Comitê Organizador vão tomar as melhores decisões conforme as orientações da Organização Mundial da Saúde. O mais importante é preservar a segurança dos atletas, torcedores e todos os envolvidos”, comentou.
 
As últimas chances de classificação olímpica para brasileiros dos saltos ornamentais e nado artístico aos Jogos de Tóquio serão em dois eventos marcados para abril, no Japão. Por enquanto, não houve qualquer sinalização de cancelamento das competições, mas os atletas nacionais estão cientes dos problemas que podem ocorrer. “Seguimos observando e nos planejando para as certezas e eventuais incertezas, mas, até que seja confirmada uma mudança, nosso planejamento de treinamento segue igual. Estamos monitorando de perto esse assunto”, explicou Tammy Galera, saltadora que busca vaga olímpica.
 
A situação no skate é semelhante. O Mundial de Park, competição que dá o maior número de pontos para o ranking olímpico, será em Nanquim, na China, de 26 a 31 de maio. Dois eventos importantes da modalidade em abril, que seriam no país, foram suspensos. “Estamos atentos e em diálogo direto com a World Skate, inclusive para ajudar a encontrar soluções para o calendário”, disse Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk).
 

Alertas do COB 

O Departamento Médico do Comitê Olímpico do Brasil (COB) orientou atletas e comissões técnicas a evitarem viagens à China e à Coreia do Sul. “São totalmente contraindicadas”, disse. A medida é mais rigorosa que as recomendações do Ministério da Saúde, que não inclui a Coreia como um destino a ser evitado. A equipe médica da entidade elaborou um documento apresentando como se dá a transmissão do coronavírus e quais as formas de prevenir. O COB avisou que “seguirá as orientações das Federações Internacionais e definirá a participação em competições e treinos realizados em áreas de risco junto às Confederações Brasileiras Olímpicas”. O COB também garante que dará todo suporte aos atletas para não terem prejuízo em sua preparação. 

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