Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:08
O senador progressista Bernie Sanders afastou, ontem, qualquer possibilidade de desistir da disputa para ser o candidato do Partido Democrata nas eleições presidenciais de 3 de novembro. Mesmo depois de sofrer mais uma derrota para o ex-vice-presidente Joe Biden, desta vez, nas primárias de terça-feira, realizadas em seis estados, ele afirmou que “fará todo o possível para derrotar Donald Trump”.
Nessa última rodada de prévias, chamada de Miniterça, o ex-vice de Barack Obama consolidou sua vantagem com uma vitória no Mississippi, no Missouri, em Idaho e no bastião-chave de Michigan, estado com 125 dos 352 delegados em disputa nos seis estados.
Na manhã de ontem, o moderado de 77 anos também liderava, por 2.000 votos, em Washington, outro local importante da rodada de 10 de março, com 70% da apuração. Nesse estado, o resultado deve ser o último anunciado porque a votação foi feita pelo correio. Na Dakota do Norte, a vitória foi de Sanders, 78, de acordo com as projeções dos canais NBC News e CNN.
Conciliação
Depois de ver consolidada sua vantagem nas internas do partido, o ex-vice estendeu a mão ao concorrente, afirmando que juntos podem derrotar Trump. Entretanto, Sanders avisou que segue na briga.
“No domingo, espero ansioso pelo debate no Arizona com meu amigo Joe Biden”, disse o senador por Vermont. “Donald Trump deve ser derrotado e farei o possível para que isso aconteça”, acrescentou o pré-candidato, que criticou, em discurso, o “cruel” sistema migratório e defendeu a alta do salário mínimo e uma reforma do sistema de saúde.
Da Filadélfia, Biden enviou uma mensagem conciliadora ao concorrente. “Quero agradecer a Bernie Sanders e a seus partidários por sua energia infatigável e sua paixão. Temos o mesmo objetivo e juntos vamos vencer Donald Trump”, disse o moderado.
“Biden está articulando uma coalizão tradicional democrata e isto ainda é algo muito potente”, explicou Julian Zelizer, professor de História Política na Universidade de Princeton.
Caso se confirmem as projeções, o ex-vice de Obama somaria a maioria dos 125 delegados de Michigan, desferindo um duro golpe contra Sanders, em um dos estados cruciais para a definição do candidato democrata na convenção de julho. “Embora ainda falte um caminho, parece que vamos ter outra boa noite”, celebrou Biden, na madrugada de ontem, prometendo liderar uma recuperação “da alma da nação”.
Michigan é considerado um swing state (estado pendular, ou independente, aquele sem um perfil eleitoral definido), que votou em Trump em 2016 e onde Sanders superou Hillary Clinton nas primárias democratas daquele ano.
Segundo as projeções, Biden também somaria a maioria dos 68 delegados do Missouri, um estado rural do centro do país, e uma parte importante dos 36 votos em Mississippi (sul).
A contundente vitória em Mississippi, onde recebeu quase 80% dos votos, reflete sua popularidade em um segmento-chave: os eleitores negros. No Missouri, Biden derrotou Sanders por quase 25 pontos de vantagem.
O ex-vice busca obter uma vantagem decisiva que o aproxime da marca de 1.991 delegados, número necessário para a conquista da indicação do partido às eleições de novembro.
Nos últimos 10 dias, as primárias registraram uma mudança impressionante, desde que a vitória expressiva de Biden na Carolina do Sul reverteu a série de vitórias de Sanders, que ficou em segundo lugar em Iowa e triunfou em New Hampshire e Nevada, os primeiros estados a organizar a disputa interna.
A campanha de Trump desconsiderou os resultados de terça-feira. “Nunca importou quem será o candidato democrata. São duas faces da mesma moeda”, afirmou o diretor de campanha do presidente republicano, Brad Parscale, considerando que Biden e Sanders buscam impor uma “agenda socialista” na Casa Branca.
Coronavírus
As primárias de terça-feira foram ofuscadas pela propagação do novo coronavírus — que já infectou mil pessoas e provocou 28 mortes nos Estados Unidos. Biden e Sanders cancelaram seus comícios previstos para Cleveland, Ohio, seguindo a orientação das autoridades.
O estado, que organizará primárias na próxima semana, está em emergência desde segunda-feira, quando três casos da doença foram confirmados.
Por conta da propagação do novo coronavírus, os democratas anunciaram que o debate previsto para domingo acontecerá sem a presença do público. Trump, que organiza grandes comícios com frequência, não anunciou mudanças em sua agenda.
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