Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 04:14
Dos 215 países filiados à Fifa, 129 haviam paralisado o futebol até o fechamento desta edição. Oitenta e seis nações teimam em manter seus campeonatos em meio à pandemia do novo coronavírus. A maioria na África, o continente menos infectado pela doença. No Brasil, um dos últimos a suspender parcialmente as competições, há casos bizarros como o registrado, ontem, na capital do país.Na manhã da realização de jogos oficiais com portões fechados, marcados para o Bezerrão (Gama), Serejão (Taguatinga) e Abadião (Ceilândia) pelo Candangão, a Secretaria de Esporte e Lazer avisou à Federação de Futebol do Distrio Federal que as respectivas arenas administradas por ela ficariam fechadas. Em vez de recomendar o cancelamento da última rodada, sugeriu a realização da última rodada da primeira fase nos centros de treinamento do Gama, Brasiliense e Real. Houve até policiamento nos três jogos disputados em CT’s (leia mais na página 15).
No último domingo, a CBF suspendeu as competições nacionais. Algumas federações acompanharam a entidade máxima e paralisaram imediatamente seus estaduais. O DF escolheu antecipar a última rodada do fim de semana para ontem, a fim de encerrar a primeira fase. Ficou acertado que, dos jogos de ontem, pararalisaria a competição por tempo indeterminado. Outros estados deram de ombros e realizaram partidas até com público.
A falta de coesão da CBF e suas 27 federações filiadas revoltou Paulo Autuori. O técnico do Botafogo atacou a CBF. “Como sempre, se omite e/ou fica em cima do muro nas decisões, as quais cabem, exclusivamente, a ela tomar em relação a todo o futebol brasileiro”. Em nota, o presidente Rogério Caboclo respondeu: “O artigo 217 da Constituição Federal confere autonomia às entidades esportivas quanto à sua organização e funcionamento, de modo que a CBF não pode interferir na organização das competições estaduais”, escreveu, em nota à imprensa.
Enquanto o Brasil debate a indiscutível necessidade de parar todas as competições a fim de se unir à guerra contra o novo coronavírus, a quantidade de jogadores infectados até mesmo em partidas com portões fechados aumenta. É possível até montar um time no sistema 3-4-3 (veja campinho ao lado). A lista levantada pelo Correio tem famosos e anônimos da bola. O status dos jogadores é o que menos importa no momento em que a vida é colocada em jogo, e parte da cartolagem insiste em ignorar o poder de ataque do adversário invisível.
É assim aqui e lá fora. Até o início da semana, o Brasil fazia parte da lista de países filiados à Fifa desconectados da realidade. No Leste Europeu, Sérvia, Hungria, Rússia, Bielorrúsia e Ucrânia só cederam nesta semana. O jogo do Zenit São Petersburgo pelo Campeonato Russo teve casa cheia e manifestações assustadoras dos fanáticos torcedores pela continuidade do torneio. No continente africano, África do Sul e Argélia fecharam para balanço. Nas Américas, Argentina e México finalmente caíram na real. Falta a Bolívia.
Entre os 30 melhores países no ranking masculino da Fifa, três insistem em dar de ombros para a onda de paralisações. Os campeonatos do Senegal (30º), Tunísia (27º) e Turquia (29º) deixam a bola rolar. Até ontem, dirigentes da liga turca batiam cabeça diante da pressão internacional contra o país sede da final da Champions League nesta temporada. A tendência era pela suspensão do torneio mantido com portões fechados.
Indignado com o desrespeito aos atletas no futebol turco, o volante nigeriano John Obi Mikel rompeu contrato com o Trabzonspor. “Foi uma das decisões mais difíceis que já tomei, mas, na situação atual, todos precisamos cuidar de nossas famílias, passar um tempo com elas e protegê-las”. Enquanto isso, o Napoli marcou a volta aos treinos para segunda-feira na Itália, o país mais mortes e contaminações por Covid-19. A Conmebol anunciou, ontem, que a Libertadores ficará parada até 5 de maio. s
Jorge Jesus
No sábado, o técnico do Flamengo, Jorge Jesus, pediu a paralisação dos estaduais. “Os jogadores não são super heróis”, revoltou-se. Na segunda-feira, foi submetido a dois testes — o primeiro positivo para Covid-19 e o segundo, inconclusivo. Ontem, o terceiro deu negativo. Em Brasília, o atacante Edno do Brasiliense estava com suspeita, ficou fora da partida de ontem contra o Paranoá, mas testou negativo para o novo coronavírus.R$ 18,9 bilhões
Prejuízo projetado das cinco principais ligas europeias pela consultoria KPMG, de acordo com estudo publicado ontem. O Campeonato Inglês (Premier League) será o mais impactado se a liga não terminar.“Foi uma das decisões mais difíceis que já tomei (romper o contrato), mas, na situação atual, todos precisamos cuidar de nossas famílias, passar um tempo com elas e protegê-las”
John Obi-Mikel, volante nigeriano, explicando a saída do Trabzonspor
devido à continuidade do Campeonato Turco com portões fechados
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