postado em 01/07/2009 14:36
A crescente preocupação com o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis vem fazendo com que os fabricantes de automóveis invistam em pesquisas de energias não poluentes e menos dependentes do petróleo. E o carro-chefe para essa revolução são os chamados veículos verdes, movidos a eletricidade.
Em vez de usar o atual modelo de motor a combustão, esses carros podem funcionar com bateria elétrica ou com sistemas híbridos ; que misturam combustíveis tradicionais e eletricidade. Uma das principais vantagens dos automóveis elétricos diz respeito à questão ambiental, já que eles não emitem gás carbônico na liberação de energia, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global.
;O veículo elétrico não tem catalisador, escapamento e não usa óleo. É uma quebra radical com o atual paradigma. Além disso, a direção é muita parecida com a de um veículo normal;, explica Celso Novais, coordenador-geral do Projeto Veículo Elétrico, uma parceria das empresas Fiat, Itaipu Binacional e a suíça KWO que busca desenvolver uma tecnologia tupiniquim de carro elétrico.
O tanque de combustível é substituído por um sistema de baterias que libera energia suficiente para manter ativo o motor elétrico e funciona como uma bateria de celular, que deve ser recarregada periodicamente. No projeto coordenado por Novais, o carro utilizado é um Fiat Palio Weekend, que usa uma bateria de níquel. Localizada no fundo do porta-malas, ela garante uma autonomia de 120km. ;Um dos principais problemas que a tecnologia ainda enfrenta é a bateria, que é muito cara e pode representar 50% do valor do carro;, calcula Novais, explicando que a vida útil da peça é de aproximadamente mil recargas.
Outro ponto positivo da nova tecnologia é a maior eficiência energética. ;Em um motor a combustão, apenas 15% do combustível é realmente utilizado, o resto é jogado fora em forma de calor. Já o carro elétrico aproveita até 70% da energia;, afirma o diretor presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Antônio Nunes.
Cinco anos
Já os veículos híbridos funcionam com um motor convencional, alimentado por gasolina, mas que não serve para movimentar o carro, apenas para carregar a bateria. A recarga também pode ser feita utilizando uma tomada ou a chamada frenagem regenerativa, que entra em ação quando o freio é acionado, transformando a energia cinética em eletricidade. ;Acredito que dentro de uns cinco anos veremos esses carros circulando em maior volume nas ruas;, acredita Nunes.
A aposta nesse tipo de tecnologia limpa vai além do momento de crise econômica que preocupa o setor. Atualmente, trabalhar em um projeto de carro movido a outros tipos de energias é visto por muitas fabricantes como um passo natural na evolução do setor automobilístico. As primeiras pesquisas no desenvolvimento de veículos movidos a eletricidade(1) começaram ainda na década de 1990, mas somente nos últimos anos os primeiros carros foram apresentados nos principais salões de automóveis do mundo, chegando posteriormente ao mercado.
Montadoras como Honda, Toyota e BMW já comercializam, com grande otimismo, veículos verdes em países como Estados Unidos e Japão. Um exemplo, é o Insight, da Honda, que em abril se tornou o primeiro modelo híbrido a atingir o topo da lista dos mais vendidos no Japão, de acordo com a Associação dos Distribuidores de Automóveis do país. Segundo o instituto de pesquisa Fuji Keizai, nos próximos 12 anos devem ser comercializados 3, 75 milhões de veículos híbridos na terra do sol nascente.
1- PRIMEIRO ELETROPOSTO
A Petrobras Distribuidora inaugurou no mês passado, no Rio, o primeiro posto que oferece recarga de carros elétricos a partir de energia solar. O eletroposto, como está sendo chamado, capta a luz do sol a partir de um conjunto de 28 módulos reunidos em painéis que geram 184 volts em corrente contínua, cuja potência é convertida por um inversor em energia trifásica alternada de 220 volts. Atualmente, o Rio de Janeiro tem 20 veículos elétricos ou híbridos circulando na frota de carros e aproximadamente 180 motos movidas a eletricidade.