Tecnologia

Indústria prepara terreno para a próxima geração de telefonia móvel

postado em 22/07/2009 08:00

A tecnologia 3G mal desembarcou no Brasil (no exterior ela é usada desde 2001) e o mercado começa a trabalhar na próxima geração de telefonia móvel. A nova plataforma atende pelo nome de LTE (sigla em inglês de Long Term Evolution) e traz vantagens significativas em termos de velocidade de acesso à internet móvel. De acordo com a Global Mobile Suppliers Association (GSA), 28 operadoras de 16 países estão planejando implementar redes com o novo padrão até 2010. No Brasil, as principais companhias do setor já começam a discutir sobre a viabilidade da sua instalação nos próximos anos.

[SAIBAMAIS]Assim como as redes de terceira geração, a tecnologia LTE traz como principal benefício o rápido acesso à internet por meio de conexões sem fio. No entanto, o ganho pode chegar a ser até quatro vezes superior ao da atual plataforma. Para se ter uma ideia, enquanto as recém-implantadas redes HSPA (sigla para High Speed Packet Access) conseguem proporcionar taxas de transmissão de dados de até 14.4Mbps, o novo padrão promete atingir velocidades que vão até 150Mbps.

A novidade chega numa hora em que as operadoras se esforçam para diversificar um modelo de negócio que é, historicamente, baseado em serviços de voz, para novas ofertas de pacote de dados. Com isso, a principal estratégia das empresas para os próximos anos aponta claramente para a comercialização de banda larga móvel ; atendendo a dois públicos: o usuário que precisa estar conectado em qualquer lugar e aquele que não está coberto com conexões fixas (telefônica, ADSL, entre outras). Parte dessa aposta se deve à boa recepção que os serviços 3G tiveram na época do seu lançamento. ;Temos relatos de operadoras que declararam que, no início da comercialização do 3G no Brasil, em 2007, faltaram modems nas lojas. Isso prova que há uma demanda reprimida de quem deseja estar conectado em qualquer lugar e com boa qualidade de sinal;, comenta Paulo Bravuglieri, diretor regional da Qualcomm, fabricante de chipsets para celulares.

O gerente de infraestrutura de inovação tecnológica da Tim, Janilson Bezerra, concorda, e acrescenta a importância que esse tipo de serviço tem tido para o setor. ;O mercado de telecom está crescendo, e parte desse crescimento se deve à busca cada vez maior pela banda larga móvel;, conta. Hoje, pelo menos 130 milhões de usuários em todo o mundo usam redes 3G (HSPA) para navegar na internet e enviar e receber e-mails a partir de notebooks, de acordo com a GSA

Association, entidade que reúne os fabricantes globais de dispositivos móveis GSM/HSPA e LTE.

Rumo à unificação
Outra vantagem da LTE é que ela é vista pelas principais companhias do setor como a evolução natural das tecnologias de telefonia móvel, algo impensável de acontecer há alguns anos. Basta lembrar da briga ; nem tão distante assim ; entre os padrões GSM e TDMA, que colocou os usuários de celulares ao redor do mundo em dois polos distintos, causando uma cansativa disputa no setor para ver qual padrão iria se impor. Com a nova plataforma, o próximo passo de ambas as tecnologias se converge para a LTE (veja o quadro). A unanimidade, nesse caso, faz bem para todos os envolvidos, uma vez que a padronização serve para que as companhias alinhem a oferta de seus produtos e serviços para uma única especificação, o que, em última análise, auxilia na redução dos custos, tanto para as fabricantes, quanto para os usuários. ;Pela primeira vez na indústria existe um alinhamento de vários participantes decidindo ir para um mesmo caminho, já que a LTE consegue a melhor combinação de alta velocidade e baixa latência (no caso da telefonia, é a diferença de tempo em que o usuário inicia uma ação e ela é executada);, aponta Gustavo Jaramillo, diretor da Nokia Brasil, que promete para o ano que vem o primeiro celular da marca compatível com a tecnologia.

No exterior, já há um comprometimento do mercado em torno da plataforma, tanto que operadoras como Verizon Wireless (nos Estados Unidos) e T-Mobile (na Alemanha) planejam lançar suas novas redes no ano que vem. No Brasil, porém, a novidade não tem data para chegar. Isso porque, há apenas dois anos, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão das bandas de 1,9 GHz e 2,1 GHz, destinadas à terceira geração. Porém, para que as operadoras possam disponibilizar o sinal LTE no futuro, é preciso mais espectro, o que resultaria num novo leilão. No exterior, as empresas têm optado pela frequência de 2,5 GHz. Enquanto isso, a indústria aguarda um posicionamento. ;Em 2000, tivemos uma decisão para que o 3G pudesse chegar em 2007. Temos que tomar essa mesma decisão agora para que possamos ter a LTE;, diz o diretor de assuntos regulatórios da Claro, Luiz Otávio Marcondes. ;É uma decisão que vai fazer que se estabeleça toda uma indústria no país;, conclui.

; Entenda a LTE

Os benefícios
A LTE permite o acesso à internet banda larga (seja no celular ou em computadores) de uma maneira muito mais rápida que a tecnologia atual. Além disso, o novo padrão faz um uso mais eficiente do espectro, aproveitando todo o espaço disponível para a transmissão de informação (seja ela de voz ou dados).

Países mais avançados
Operadoras como NTT DoCoMo (no Japão), Telia Sonera (na Suécia), Teles (no Canadá), China Mobile, Verizon Wireless (nos Estados Unidos) e T-Mobile (na Alemanha) são apenas algumas das 28 empresas de telefonia que planejam implementar redes LTE em mais
de 16 países já no próximo ano.

Tecnologia retroativa
Um aspecto importante na LTE é a questão da retroatividade. Isso significa que ela é compatível com as atuais redes HSPA e suas antecessoras. Desse modo, se um usuário estiver numa área que não for coberta pela LTE, ele não fica sem sinal de conexão.

A questão da banda
Para que as empresas do setor possam dar início às suas estratégias em torno da LTE, é preciso que o Brasil defina qual será a banda destinada ao uso dessa tecnologia. Os principais países do mundo têm escolhido a frequência de 2.5 GHz. Porém, por aqui, essa faixa já é utilizada por serviços de MMDS (TV por assinatura).

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