postado em 24/07/2009 08:00
No planejamento de onde passar as próximas férias, você se divide entre a cosmopolita Nova York e a romântica Paris. Corre, então, para a frente do computador, liga a webcam e vê você mesmo na tela do micro. Pega um pedaço de papel com uma imagem impressa e aponta para a câmera. De repente, em cima da folha que você está segurando, aparece uma projeção tridimensional da Estátua da Liberdade. Você gira cuidadosamente a peça ; que aparece com uns 15cm de altura ; e pensa nas vantagens de conhecer a Big Apple. Depois, pega outra folha, aponta novamente para a webcam e se surpreende com a beleza da Torre Eiffel projetada em 3D e acaba se decidindo pela Cidade Luz.A cena, que parece ter sido tirada de um filme de ficção científica, já está presente em nosso cotidiano e aos poucos começa a ganhar espaço em áreas como arquitetura, engenharia, entretenimento e até na medicina. A responsável por isso atende pelo nome de realidade aumentada, uma solução tecnológica que combina o ambiente real com elementos virtuais, permitindo que as pessoas interajam diretamente com objetos tridimensionais.
Um dos fatores que tornam interessante a aplicação da ferramenta é a sua facilidade de uso. Para fazer o teste, no seu modo mais simplista, basta ter uma webcam ligada a um computador com acesso à internet (veja a infografia). ;A realidade aumentada é uma vertente da realidade virtual, onde as pessoas imergem em novos ambientes, fundindo informações pré-armazenadas com imagens que aparecem em tempo real;, explica o professor responsável pelo laboratório de métodos computacionais em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Landau.
Apesar de ter surgido durante os anos 1960, somente em 2008 é que ela começou a ganhar força no Brasil. O carro-chefe para a sua chegada foram algumas peças publicitárias (1)que pipocaram em revistas e jornais convidando as pessoas a apontar as figuras impressas em anúncios para a webcam. ;Além de ser muito fácil de usar, a aplicação permite que o consumidor interaja virtualmente com um objeto 3D, fazendo com que o produto fique gravado na cabeça do cliente;, conta Rogério Gonçalves, diretor de atendimento e planejamento da Soluttia, uma agência especializada em mídia digital. ;Como ferramenta de mídia, ela não é cara e pode garantir resultados bastante interessantes;, acrescenta.
Mas por que algo que existe há quase 50 anos só foi estourar agora? ;É que no passado não tínhamos como disponibilizar esse tipo de solução para o usuário final. Hoje em dia, além da alta penetração de conexões banda larga, qualquer computador ou notebook vem com uma webcam;, explica Rogério.Como funciona
A realidade aumentada pode ser desenvolvida para que as pessoas interajam com objetos tridimensionais, tanto na frente de computadores quanto em ambientes offline, como televisões, totens, monitores, etc. O truque por trás da mágica é um sistema baseado em algoritmos (que pode ser entendido como o software cérebro do sistema) que traduz o código impresso e o transforma numa projeção virtual. ;Para que a imagem surja diante dos nossos olhos, antes ela é criada em programas de modelagens 3D;, explica o diretor de planejamento da Pixellabs, Daniel Li, citando softwares como o 3D Studio MX, um dos mais utilizados pelos profissionais do setor.
As aplicações para a utilização da realidade aumentada vão, praticamente, até onde a imaginação do homem permitir. Outro exemplo do uso desse tipo de tecnologia são os espelhos mágicos que começam a ser expostos em algumas lojas e shoppings centers. Na verdade, tratam-se de monitores integrados com uma webcam que capta os movimentos das pessoas e aplicam, na mesma imagem que está sendo refletida, alguns objetos virtuais, como balões de diálogo, bolinhas de sabão ou efeitos como uma cascata de água. ;O cliente consegue interagir com todos os efeitos, que podem ser customizados e trazer informações como promoções da loja, facilidade de pagamento ou qualquer outro recado que o varejista queira passar aos consumidores;, explica Li.
No entanto, mesmo com as muitas possibilidades que se vislumbram para a ferramenta, Rogério Gonçalves, da Soluttia, lembra que é importante utilizá-la de forma inteligente. ;Não é porque a realidade aumentada é uma novidade que todo mundo (empresas) vai correr para oferecer uma coisa sem relevância para o usuário. Usá-la só para dizer que a marca é moderna pode ;queimar; a importância da ferramenta;, avisa.
1 - MARKETING CRIATIVO
Empresas como Chevrolet, Skol e Elma Chips já lançaram campanhas publicitárias utilizando a realidade aumentada. No caso da montadora norte-americana, a ideia surgiu durante o lançamento do carro Vectra GT. A empresa criou um hotsite onde o usuário poderia imprimir um volante virtual e dirigir o veículo em um game apontando a folha (impressa com o volante) para a webcam, sem tocar em nenhum mouse, teclado ou joystick.
; Macaquinho virtual
Depois da febre dos tamagochis, os bichinhos virtuais carregados em chaveiros que fizeram a cabeça de milhões de adolescentes nos anos 1990, outro animalzinho imaginário está preste a desembarcar no mercado. Trata-se do EyePet, um divertido macaquinho que se materializa diante dos nossos olhos que a Sony pretende lançar para os donos do videogame Playstation 3 até 2010. Utilizando a tecnologia de realidade aumentada, o jogador interage com o bichinho ; tocando-o, atirando coisas nele ou simplesmente acariciando (tudo virtualmente, é claro).