postado em 04/08/2009 08:00
A infinidade de fios, extensões e conexões diferentes provoca confusões e frustrações. É só esquecer o cabo USB exato ou o leitor de cartões de memória em casa para não poder acessar fotos ou filmes feitos durante uma viagem, por exemplo. Apresentado ao público em janeiro deste ano, na Consumer Eletronics Show, em Las Vegas, o sistema My Wi-fi, desenvolvido pela Intel, promete ajudar a diminuir os problemas com incompatibilidades em conexões e a necessidade de ter de carregar, para cima e para baixo, um monte de cabos e adaptadores.Mesmo que existam aparelhos com conexões quase universais, como Bluetooth ou entrada para cartão SD, outros não dependem apenas de sua porta USB, muitas vezes com entradas proprietárias. E a solução para a comunicação dos dispositivos, que passa a ser por uma rede Wi-fi mais fácil, surgiu quando a empresa mirava em outro problema. ;A intenção era possibilitar que um computador se conectasse a duas redes Wi-fi ao mesmo tempo;, explica Antonio Rivera, engenheiro de aplicações da companhia no Brasil.
A pesquisa vinha sendo desenvolvida por universidades em conjunto com a companhia, para que usuários de computadores pudessem estar conectados à rede da empresa em que trabalham, por exemplo, e à internet, ao mesmo tempo, mas de forma separada. ;Com o aumento de dispositivos com Wi-fi, a ideia acabou servindo para que as pessoas os juntassem sem que fosse preciso uma configuração prévia;, diz Rivera.
Com o My Wi-fi, o computador cria uma rede sozinho, sem que o usuário precise começá-la. Daí, câmeras fotográficas, telefones celulares, impressoras e até televisões (e tudo que tenha acesso wireless) podem conversar com facilidade. E para usufruir dos recursos não é necessária uma placa de rede específica, só uma atualização de driver, distribuída pela Intel.
;É muito simples. Nos dispositivos mais velhos, talvez seja preciso configurar manualmente, mas, em geral, é só checar as redes disponíveis e confirmar;, defende Rivera. Com essa facilidade, o usuário pode imprimir imagens numa impressora Wi-fi sem ter de passar pelo computador ou usar o cartão de memória, se houver problema de compatibilidade.
Redes Bluetooth seriam suficientes para trocas de arquivos como fotografias, mas não para exibir um filme, que viria de um tocador de mídia com suporte wireless (o Microsoft Zune, e o iPod Touch, da Apple, já têm o recurso). ;Todos os celulares modernos e até as últimas câmeras já vêm com Wi-fi. Qualquer um que tiver o recurso pode se conectar a essa rede;, garante Rivera.
Outras empresas criaram iniciativas que ajudam na hora da convergência entre aparelho. Mas, em geral, guardam os melhores recursos para dispositivos que são de suas marcas.
É o caso da Sony. A empresa japonesa criou um sistema que também é baseado em redes Wi-fi, mas com certificação DLNA (Digital Living Network Alliance). Com um roteador instalado, mas que não precisa estar conectado à internet, o dono de aparelhos da marca consegue acessar pelo controle remoto, por exemplo, fotos que estão nos notebooks da linha Vaio.
Na Panasonic, a conexão depende do uso do cabo HDMI. Com aparelhos da mesma marca, o usuário consegue navegar em menus diferentes, que correspondem a aparelhos como home theater e filmadoras. Também dá para coordená-los para trabalharem juntos, ligando e desligando no momento certo, economizando energia e agilizando o uso.
; Integração total
Nem sempre é mais vantajoso para o bolso levar para casa aparelhos eletrônicos, TV, DVD ou Blu-ray da mesma marca. Mas fazê-lo pode ser uma mão na roda na hora de curtir um bom filme ou mostrar as fotos para os amigos. E as facilidades começam na possibilidade de dispensar os vários controles e usar um só e vão até o acesso remoto de arquivos que estão em outros dispositivos. ;Hoje os fabricantes têm investido na conectividade para oferecer maior conforto no uso, com design semelhante e mesmo estilo. É uma forma de fidelizarmos com um tipo de convergência própria;, explica Daniel Kawano, analista de produtos da Panasonic.A companhia japonesa alçou a possibilidade de se comandar vários aparelhos com o mesmo controle a outro nível. Criou o sistema Viera Link, que tem seu centro na televisão e permite um controle avançado de todos os equipamentos ligados à ela pela conexão HDMI. ;Esse tipo de cabo permite uma troca de dados mais robusta. Com ele, podemos acessar, na TV, menus completos de aparelhos como máquinas fotográficas, filmadoras e home theater;, completa Kawano.
Na Sony, o sistema de integração dos vários aparelhos prescindem dos cabos, baseado no sinal Wi-fi, com um roteador ligado, mas sem precisar conectá-lo a internet. ;Com a tecnologia de comunicação sem fio, coisas que só eram possíveis em filmes, como o conceito mais completo da casa digital, viraram realidade. Agora, por exemplo, dá para buscar fotos que estão no laptop com o controle da TV;, explica Gustavo Araújo, gerente de produto da linha de notebooks da empresa.
Os produtos da companhia, na verdade, também interagem com outro que usam padrão Wi-fi. ;A diferença está na facilidade de conectá-los e usá-los. A interface da Sony, por exemplo, é sempre a mesma. Quando a origem dos dispositivos é diferente, é preciso configurá-los;, lembra Araújo.
Pela maior capacidade de banda da conexão Wi-fi, o usuário também pode assistir, por exemplo, filmes que estão no notebook, ou no celular, sem precisar transferi-los. Outra possibilidade, para dispositivos sem acesso a rede sem fio, é o uso do cabo HDMI. Nas câmeras semiprofissionais e profissionais da empresa, da linha Alpha, o usuário acessa os arquivos pela TV aproveitando o menu característico da marca e facilitando o uso.
Já para os donos de produtos Apple, os roteadores sem fio da empresa também trazem vantagens extras. ;Dá para mandar música para o som, por exemplo, ou fazer backup de forma automática, sem maiores configurações;, explica Fábio Ribeiro, analista da companhia. Os donos de um Macbook, e que também tenham um Time Capsule, que vem capacidade de armazenamento de até 1TB, podem sincronizar todos seus arquivos cada vez que o notebook entra na rede criada pelo equipamento (o roteador). E sem precisar acionar um botão.
Assim, no caso da perda dos dados ou do notebook, tudo pode ser recuperado. Já no menor da linha, o AirPort Express, a especialidade é poder transferir as músicas listadas no iTunes, programa da Apple para gerenciamento de mídia, para o aparelho de som, que é conectado ao roteador pela saída de áudio. Isso também sem necessidade de configuração nenhuma.