postado em 25/08/2009 09:33
A cena era comum. O celular tocava e uma mensagem assustadora aparecia no visor: "Você não põe créditos no seu aparelho há muito tempo. Sua linha pode ser cortada." Hoje, depois de um longo período em que promoções para esse público eram raras e se limitavam a bônus de minutos e mensagens dependendo do valor investido, as quatro operadoras móveis bradam promoções quase irresistíveis.
E a disputa pelos clientes se justifica pelo número de usuários com linhas pré-pagas. Hoje são mais de 80% dos usuários das operadoras. E o domínio desse público ainda deve crescer, se firmando, ao final do ano, em 82%. Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, o quanto cada empresa ganha por celular é menos no pré que no pós-pago, mas o montante arrecadado é importante.
"Nenhuma companhia pode ignorar esse público. Por mais que o ganho por usuário seja menor, as empresas acabam ganhando no volume", afirma Tude. E, para aumentar essa base, as operadoras têm apelado para a facilidade com que o cliente pode transitar de uma empresa para outra, já que não goza de benefícios que criem um contrato de fidelização.
"O consumidor do pré-pago dificilmente recorre à portabilidade, por exemplo. Ele sai de uma operadora e vai para outra com muita facilidade", completa Tude. Mas quem quiser migrar para outra operadora levando sua linha antiga, pode ficar à vontade. É o que lembra José Moreira, presidente executivo da ABR Telecom, entidade que gerencia a aplicação das trocas sem perder número. "Os clientes de pré-pago, tanto fixo quanto móvel, podem trocar de operadora e manter o número, assim como os pós-pagos. As exigências são as mesmas", explica Moreira.
Não há números específicos por tipo de plano. Mas a ABR Telecom contabiliza até agora, no DF, 52.868 pedidos para mudança de operadora aproveitando a portabilidade. Destas, 42.149 já foram concluídas com êxito.
Disputa
Para atrair os clientes pré para suas redes, as operadoras criam mais de uma promoção com a intenção de atender a públicos diferentes. Na Vivo, por exemplo, existe oferta para quem quer apenas torpedo, para quem vai fazer a recarga normalmente ou para quem fala mais no fim de semana. Na Claro, também existem pelo menos três opções, com uma delas atendendo a deficientes auditivos.
"A maioria dos usuários pré usa menos sua linha do que os donos de pós, mas também nesse mercado temos os heavy users (usuários pesados). O tráfego em pré-pago aumentou muito, mais de 40%", contabiliza Soraia Tupinambá, diretora regional da Claro Centro-Oeste.
E é nesse mercado, cada vez maior e mais lucrativo, que as operadoras miram. As promoções tomam lugar das ofertas de aparelhos subsidiados para os planos pós e ganham os horários comerciais das TVs, jornais e os outdoors. Caso da oferta de até 600 minutos da Oi ou de falar sem pagar depois de um primeiro minuto cobrado, feita pela TIM. "O investimento nesse tipo de promoção se justifica. Hoje, o mercado abrange desde o público jovem até o profissional dentro das empresas. E o volume de gastos também surpreende, às vezes se aproximando do pós-pago", explica João Truran, diretor regional da Vivo.
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