Falar à vontade e não ter uma conta absurda de telefone celular no fim do mês é o sonho de todos os que gostam de passar muito tempo pendurados em uma ligação. O que a Nextel deu início como uma proposta ideal para grandes corporações, em que os funcionários de diversas localidades precisavam se comunicar constantemente, acabou por se tornar uma opção viável para o dia a dia de um amplo público, chegando à marca de 2,1 milhões de usuários brasileiros - um crescimento de 39,5% entre 2007 e 2008.
O sistema, voltado para uso empresarial, chegou ao Brasil em 1997 com o objetivo de garantir esse uso ilimitado a seus clientes. Com o tempo, porém, as vantagens acabaram atraindo consumidores menores, como pequenos empresários, caracterizados pela empresa como "pessoas naturais", além da extensão do serviço para membros da família. Assim, quem fala muito pode ter a certeza de que irá pagar um preço fixo no fim do mês, seja qual for seu uso.
[SAIBAMAIS]Márcia Rosely Carvalho, 39 anos, é produtora rural e proprietária de um restaurante, e, para manter contato com os funcionários e parceiros, aderiu a um pacote empresarial. "Temos cinco aparelhos e rádio livre. Também falo com outros estados, e isso viabiliza muito para a empresa. É mais barato", conta. Para ela, o sistema de rádio também facilitou o contato com os irmãos. "A gente fala mais hoje do que antes e paga um preço melhor", garante.
Há apenas um mês como usuário da Nextel, o estudante Augusto Arcanjo, de 20 anos, também percebe benefícios obtidos com a troca da linha. "Os planos são mais baratos do que de outras operadoras. Pago menos por mais. Antes, minha conta era de R$ 400", recorda. Agora, o rapaz aproveita o rádio ilimitado.
Além de, dependendo do plano, o cliente ter minutos gratuitos em ligações entre aparelhos Nextel, a vantagem mais visível em relação à concorrência é o uso ilimitado do rádio. "Está virando uma febre, já falo com vários amigos de graça, até mesmo em São Paulo ou no Rio. Quando dá saudade, é só passar rádio. Além disso, comprei serviço de mensagem, e, assim, mando mensagens de graça também."
Uma das amigas de Arcanjo que já tem Nextel é Mariana Albuquerque. A estudante de 21 anos tornou-se usuária quando foi passar seis meses no exterior. Para falar com a família de graça, a opção foi um pacote internacional para todos. Após seu retorno ao Brasil, a adesão à operadora continuou encurtando distâncias.
"Meu pai e minha irmã foram morar em São Paulo por causa do trabalho, e minha mãe e eu ficamos em Brasília. Como a gente vive na ponte aérea, é mais barato usar o rádio do que ir para uma operadora local", argumenta Mariana. O gerente de produto da Nextel, Tiago Galli, explica que a proposta da operadora é atingir o público de alto uso no dia a dia, com a conta já definida anteriormente.
"A oferta do ilimitado vem atender uma carência muito forte no mercado corporativo, que é a previsibilidade dos gastos. Não significa necessariamente que você vai pagar menos, mas a garantia de gastar no fim do mês o valor contratado", expõe. Segundo Galli, a área de cobertura da empresa está em constante ampliação, sobretudo em zonas de movimentação empresarial. Neste ano, as cidades de Salvador, Recife e Fortaleza receberam o serviço.
Apesar da difusão da Nextel no mercado brasileiro, a Teleco, empresa de consultoria em telefonia, argumenta que isso não acarreta prejuízo para as outras operadoras. "São 2 milhões de clientes, e no Brasil há 162 milhões de celulares. Então, por esse ângulo, a Nextel tem uma quantidade ainda muito pequena de usuários. Hoje ela sofre uma concorrência muito forte porque o preço das chamadas de celular para celular está cada vez mais barato", expõe o presidente Eduardo Tude.
Segundo Tude, a Nextel se destaca pelo serviço de rádio, que ainda não é uma característica de outras operadoras. "Hoje, elas não têm a tecnologia que oferece a solução de canal aberto com qualidade. Isso deve acontecer daqui a uns três ou quatro anos com a adoção da voz sobre IP (VoIP) 91)de melhor qualidade no celular."
Enquanto as marcas investem pesado em mais funcionalidades e smartphones recheados de recursos, os modelos da Nextel ainda pecam pela simplicidade. A ideia é, de fato, usar o aparelho para falar. Porém, o conceito começa a mudar. "Hoje temos aparelhos mais finos e com mais recursos multimídia do que antes, e para diferentes tipos de uso, como para mensagens de texto", explica Marco Arruda, diretor de iDEN (tecnologia para rádio e telefonia digital) da Motorola. Além da Motorola, a única marca que aparece na linha de produtos é a Blackberry, que neste ano levou para a Nextel o Curve 8350I, smartphone que traz Wi-fi, 128MB de memória (expansível para até 16GB), câmera de 2MP e teclado Qwerty.
1 - Pela web
O serviço de voz sobre IP permite a realização de ligações utilizando a internet