Tecnologia

Para reforçar o mercado nacional de blu-ray, a Sony traz a produção para Manaus

postado em 01/09/2009 08:00

São Paulo ; Ainda faltam três meses para o ano que vem, mas os eventos marcados para 2010 já começam a agitar o mercado de áudio e vídeo. Pensando em ter um elenco forte para as vendas que antecedem a Copa do Mundo da África do Sul, a Sony convocou produtos, que antes eram importados, para serem produzidos no Brasil, e, assim, escapar das altas taxas de importação.

;A Sony, que liderou os consórcios dos principais padrões tecnológicos do mundo da alta definição, como Blu-ray e HDMI, investe fortemente no conceito Full HD. Para consolidação da marca, estamos iniciando a produção de novos equipamentos no país;, salienta Koji Ishikawa, vice-presidente da Sony América Latina.

Em 2009, dos 14 modelos de LCD lançados pela empresa, 12 terão resolução FullHD. E para seduzir os consumidores a levá-los para casa, a Sony trouxe para seu time, como garoto-propaganda, o jogador do Real Madrid Kaká, e o primeiro player de Blu-ray da marca fabricado no Brasil (o segundo produzido no país). O BDP-S360 chega ao mercado custando R$ 999.

;Com a chegada dos players com preço abaixo de R$ 1 mil, a Sony aposta que o Blu-ray será o objeto de desejo para o Natal;, acredita Fernando Schneider, gerente de marketing da linha Bravia Theatre. A companhia japonesa ainda anunciou quatro modelos de home theater, metade com tocadores de Blu-ray disc (BD), caso do BDV-E300, que já tem player de BD integrado e custará R$ 3.499.

Os executivos da empresa esperam a maturidade do mercado de Blu-ray para 2010, quando preveem que a nova mídia já seja responsável por metade do faturamento do segmento de home vídeo. ;Devido à demanda de equipamentos, a redução do preço já é uma realidade mundial, principalmente nos Estados Unidos e no Japão. E, com certeza, esse efeito se refletirá no Brasil;, avalia Schneider.

Em sites como Amazon.com e Bestbuy.com, já é possível encontrar players BD por preços próximos a US$ 150. Tocadores da própria Sony podem ser comprados por pouco menos de US$ 250. Para Alessandro Batista, analista de produto da Panasonic, o amadurecimento de mercado de Blu-ray já está acontecendo, e a única saída para a popularização é a chegada de tocadores e mídias nacionais.

Concorrentes
A empresa, segundo o analista, também fabricará tocadores em sua planta na Zona Franca de Manaus ainda este ano. ;A Panasonic do Brasil iniciará sua produção no Polo Industrial de Manaus agora no segundo semestre de 2009;, planeja. A LG é outro fabricante que faz estudos para vender players nacionais e, assim, fugir dos impostos relacionados à importação.

Para Raquel Martins, gerente de produto de áudio e vídeo da LG Electronics, o Brasil ainda está em um nível inicial, mas acredita que as festas de fim de ano devem mudar esse quadro. ;A gente está embrionário. Mas o Natal vai ser o momento de um boom. E, com a produção local, haverá uma alteração de preços e o crescimento da tecnologia vai ser ainda maior;, acredita.

E com o aumento das vendas de tocadores BD, cresce a procura por televisores de tela fina com melhor definição. ;O perfil do consumidor está mudando com relação à alta definição de imagem. Um televisor comum não consegue reproduzir o máximo de qualidade oferecida pela mídia de Blu-ray, o que impulsiona o consumidor a adquirir um produto compatível;, explica Batista.

; PRIMEIRO PLAYER BRASILEIRO


A Tectoy, que ainda produz videogames da Sega, como o Master System e o Mega Drive, foi a primeira a anunciar a produção de um player de Blu-ray no país. Em sua planta em Manaus, a empresa faz o DBR-700, primeiro tocador de discos BD da marca, que já fabricava reprodutores de DVD. ;Com esse lançamento, a Tectoy pretende entrar no mercado dos leitores de Blu-ray oferecendo ao consumidor a experiência de assistir filmes e shows em alta definição por um preço mais competitivo;, disse, em comunicado à imprensa, Fernando Fisher, CEO da Tectoy.

; A febre da alta definição

Tevê por assinatura ou aberta com alta definição, discos de Blu-ray e equipamentos com telas finas e grandes vão deixando de ser objeto de desejo e passam a tomar o lugar principal na sala dos brasileiros. Os televisores LCD, por exemplo, devem ser responsáveis, em 2009, por 78% do faturamento das vendas de aparelhos. Em 2005, a participação não passava de 5%.

E a tendência já é da aquisição de telas com melhores definições. ;A alta definição é uma febre. Quando os consumidores veem o recurso na tevê a cabo, no Blu-ray Disc (BD), querem saber mais sobre o FullHD, o que leva a um acréscimo na procura por tevês com essa definição;, explica Raquel Martins, gerente de produto de áudio e vídeo da LG Electronics.

De olho nesse mercado, a Sony também trouxe para o Brasil a produção de televisores com taxa de renovação de 240Hz. A linha XBR9, que tem modelos de 46 e 52 polegadas, consegue exibir uma imagem suave, pois insere quatro vezes mais quadros por segundo. As telas normais trabalham com a taxa de 60Hz. São 240 quadros por segundo contra 60.

;Por isso, escolhemos o Kaká para garoto propaganda. Os jogos de futebol são dos que mais se beneficiam pela tecnologia, já que as cenas em movimento ganham em nitidez e detalhes;, defende William Lima, gerente da linha Bravia. Com as telas mais exigentes, assistir a DVDs ou a filmes em tevê a cabo normais pode ser um tanto frustrante.

O DVD exibe imagens em 480 linhas e as TVs FullHD têm capacidade para 1080. Aí, tudo fica meio estourado. Mas não é preciso jogar fora toda a sua coleção de discos. Os tocadores de Blu-ray trazem o recurso de upscaling, que aumenta a qualidade da imagem na mídia antiga, tornando-a mais aceitável nas telas novas.

;Por meio da saída HDMI 1.3, o processador de imagem dos aparelhos de BD consegue simular a imagem convencional do DVD, que é de 480 para até 1.080. O resultado é uma imagem ligeiramente melhorada, dependendo do processador de imagem;, explica Alessandro Batista, analista de produto da Panasonic.

Mídias
Mas, mesmo com a queda de preços dos tocadores, o valor da mídia é outra barreira à adesão ao novo padrão. Em fóruns de discussão pela web, usuários reclamam do valor em relação à diferença de qualidade das duas tecnologias.

;Um de nossos trabalhos é mostrar aos consumidores o ganho de qualidade de um para o outro. Isso estava mais claro quando se passou do VHS para o DVD. Então, é preciso divulgar as diferenças;, conta Juliano Bolzani, diretor de marketing da Sony Pictures no Brasil. Segundo Bolzani, em 2009 chegarão 240 títulos na nova mídia. O esforço de fazer o lançamento simultâneo dos dois formatos será intensificado.

Para que o cliente adote definições maiores de forma mais intensa, a Sony também passou a apostar no conversor integrado. (1)Se, antes, a empresa preferia comercializar o dispositivo para receber separadamente o sinal da tevê digital, hoje, o insere em seus produtos mais caros. ;Não fizemos o mesmo nos mais baratos porque isso encareceria os modelos e poderia inviabilizar a compra do primeiro LCD;, justificou William, da Sony.

1 - Inovações indisponíveis
O sistema de transmissão digital brasileiro traz algumas inovações que poderão não estar disponíveis para quem comprar televisão com conversor integrado. Isso porque a definição de como serão recursos como a interatividade está na fase final de discussões. Então, é possível que o dono de um televisor com o dispositivo interno tenha de comprar outro, externo e mais moderno, para que possa usar em plenitude o que oferecerão as TVs abertas.


É PRA JÁ?
Para quem vê mais vantagem em levar um Playstation 3 para, além de assistir a filmes em FullHD nos discos BD, poder jogar games como God of War e Metal Gear Solid, uma boa notícia está próxima. O videogame mais potente da terceira geração de consoles, que acaba de ganhar uma versão slim, pode estar prestes a ser lançado no Brasil.Durante o lançamento da Sony, na última terça-feira, o gerente de comunicação, Lúcio Pereira, disse que o momento da chegada do videogame ao país está próximo, mas não precisou a data ou o andamento das negociações. O executivo deixou escapar que existe a esperança de que o produto esteja disponível antes do Natal. Hoje, o console só chega ao país por meio de importadoras.

; O repórter viajou a convite da Sony do Brasil

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