Tecnologia

Vitrines de aplicativos

No rastro do sucesso da App Store, da Apple, fabricantes de telefonia móvel lançam lojas próprias de programas e ampliam a oferta de ferramentas, jogos e utilitários para celulares

postado em 02/10/2009 10:28
Antes de sair de casa você pega o celular, acessa um programinha e vê qual a melhor caminho para ir ao trabalho. Na fila do banco, dá uma conferida na cotação da bolsa ou, enquanto espera para ser atendido no dentista, se entretém lendo o que o horóscopo do dia diz sobre você. Desde que a Apple lançou a App Store para que os donos de iPhones pudessem baixar os utilitários (o.k., alguns nem tão úteis assim) que quisessem para o celular, a forma como nos relacionamos com o aparelhinho mudou radicalmente. Falar e enviar SMS ficou basicamente em segundo plano. Mais do que a aparência inovadora do modelo, o que passou a contar, desde então, foi o que o usuário poderia fazer com o dispositivo em mãos. De olho nesse filão aberto pela empresa de Steve Jobs, outras fabricantes investem em suas próprias lojas de aplicativos, fomentando assim o desenvolvimento dos mais variados tipos de ferramentas. A corrida por pontos próprios de vendas de softwares tem um motivo: o aumento de vendas (1) dos smartphones. São eles os que mais fazem uso desses programas móveis. No entanto, ao contrário do que se via há alguns anos, a adoção desses dispositivos ultrapassou a barreira do mercado corporativo, chegando até o usuário comum, muito por conta da diversidade de modelos e funções que, consequentemente, agradam não apenas àqueles que estão dentro do escritório. Esse boom traz reflexos também para mercado de desenvolvedores. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria de tecnologia In-Stat, o número de celulares inteligentes para os quais programadores poderão criar aplicações nativas irá crescer rapidamente nos próximos cinco anos. "A chegada do iPhone, da Apple, causou uma mudança radical no mercado de telefonia móvel - não só no que diz respeito ao hardware, mas, principalmente, às aplicações que são integradas ao celular. Esses dois fatores mudaram a maneira como as pessoas usam o telefone e abriu um novo mercado de oportunidades para uma enorme cadeia de desenvolvedores de aplicativos", aponta um recente relatório divulgado pela In-Stat. Segurança A primeira a seguir os passos da empresa da maçã foi a finlandesa Nokia, que, em janeiro deste ano, abriu "as portas" da Ovi Store, loja online que pode ser acessada por mais de 100 modelos diferentes da marca - o que garante um alcance de 50 milhões de usuários compatíveis com o serviço. Ao total, são oferecidas pelo menos 20 mil opções de downloads, entre aplicativos e outros conteúdos de entretenimento. Apesar de a plataforma Symbian (utilizada nos modelos Nokia) sempre ter sido popular no setor, a distribuição de aplicações esbarrava nas operadoras e na própria pulverização de sites na internet. Com um ambiente centralizado, a Nokia possibilitou que os desenvolvedores tivessem acesso a um público mais abrangente, aumentando a facilidade na hora de lidar com a questão de pagamento (no caso de aplicações pagas) e garantindo a segurança dos consumidores, que podem comprar aplicações previamente certificadas pela empresa. "O nosso conceito com a Ovi Store vai além de ser uma loja de download. O nosso objetivo é transformá-la numa rede de mídia social, utilizando conceitos de web 2.0 e de localização do usuário para contextualizar a oferta de aplicativos e conteúdos para cada cliente", aponta o diretor de vendas de serviços da Nokia, Fiore Mangone. Desse modo, o executivo explica que a pessoa poderá ver quais os downloads mais realizados pelos seus contatos em redes sociais e, assim, avaliá-los da maneira que achar melhor. "Lojas de aplicativos vão acabar se tornando um item comum a fabricantes e a operadoras, e quem vai acabar se beneficiando com isso são os consumidores e a comunidade que criar os programas e conteúdos", acredita Mangone, lembrando que a marca tem um modelo de negócio fechado, pelo qual o desenvolvedor fica com 70% das receitas das vendas de um aplicativo e a fabricante fica com os 30% restantes. No início do mês, a Nokia anunciou a formação de uma aliança com a América Móvil (controladora da Claro, no Brasil) para oferecer o serviço na região da América Latina - que até então só era disponível para clientes dos Estados Unidos e Europa. No entanto, como ainda precisa passar por uma adaptação de linguagem de conteúdo para o português, a empresa ainda não informou quando o país terá sua Ovi Store exclusivamente pensada para o mercado tupiniquim. Por hora, os donos de telefones Nokia podem se cadastrar no site www.ovi.com e, se desejarem, baixar os aplicativos gratuitos disponíveis no serviço. Butique virtual A Rim, fabricante do Blackberry, também entrou na onda e em abril apresentou o Blackberry App World, com aproximadamente 2,5 mil opções de downloads para os smartphones da marca. "Há quatro anos, o nosso telefone celular era o que o fabricante queria que ele fosse. Hoje, ele é uma plataforma onde o consumidor pode instalar o que quiser e deixá-lo com a sua cara. Se a gente pensar, isso é parecido com o que já acontece com os computadores", opina o gerente de inteligência de mercado para América Latina da fabricante, Adriano Lino. Ele explica que a criação de aplicações móveis não é algo necessariamente novo no mercado, no entanto, só agora - depois do sucesso da App Store da Apple - as empresas estão lançando serviços próprios que integram os vários tipos de programas produzidos pela comunidade mundial de desenvolvedores. "O mercado cresceu muito e, de repente, as pessoas viram que não é tão simples assim achar um aplicativo específico para o seu celular. A ideia da nossa loja é centralizar os melhores programas num único lugar, para facilitar esse processo", aponta. No entanto, ao contrário dos usuários Mac, que só podem recorrer à famosa loja da Apple para baixar os programas que desejam, o Blackberry App World (assim como a maioria dos serviços de outros fabricantes) é apenas mais uma opção de vitrine para procurar os mais variados tipos de ferramentas. "A nossa ideia é ser uma espécie de butique, onde o cliente pode acessar, ver e depois se decidir se compra ou não. Com a loja, reunimos o que há de melhor sendo desenvolvido por aí num único lugar", diz Lino. O executivo conta que, entre as aplicações de maior sucesso, estão aquelas que estendem a capacidade de comunicação do celular (como MSN e redes sociais), as de entretenimento (jogos e passatempos), as de notícias (produzidas por jornais, rádios e TV ) e as utilitárias (relacionadas a viagens, atividades do dia a dia, etc.). "Hoje, uma app store é um diferencial de mercado, e quem não oferecê-la vai acabar perdendo mercado", opina. 1 - Smartphones em alta De acordo com a consultoria de pesquisa iSuppli, mesmo depois de a economia mundial sofrer os abalos causados pela crise econômica, o volume dos chamados celulares inteligentes deve crescer 11% neste ano, alcançando 192,8 milhões de unidades (mais do que os 173,6 milhões registrados em 2008) e aumentando a participação no setor de 13,8% para 17,4%. 100 MILHÕES DE APLICATIVOS De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria de tecnologia In-Stat, o número de smartphones capazes de rodar aplicações nativas irá crescer rapidamente nos próximos cinco anos. Até 2014, cerca de 30% dos chamados celulares inteligentes terão suportes com sistemas operacionais capazes de baixar uma infinidade de oferta de aplicativos em app stores disponibilizadas por fabricantes e operadoras. A estimativa da consultoria é de que o número de usuário que utilizem essas lojas onlines quadruplique até lá. Quanto à oferta, o estudo acredita que o número chegue à casa dos 100 milhões de aplicativos. As marcas e suas lojas Apple Pioneira no mercado, a App Store da Apple conta com mais de 75 mil aplicações, divididas em 20 categorias e disponíveis para usuários do iPhone e iPod Touch em 77 países. No entanto, a loja não é aberta e os desenvolvedores devem passar pelo crivo da Apple para disponibilizar seus programas Samsung Chamada Application Store, a loja da Samsung tem cerca de 300 aplicativos, entre pagos e gratuitos, divididos em categorias como jogos, eBooks e redes sociais. A intenção da marca, entretanto, é oferecer mais de 2 mil programas até o fim do ano Nokia O serviço, batizado de Ovi Store, disponibiliza, em um mesmo local, uma loja de conteúdos diversos oferecidos pela Nokia, em parceria com desenvolvedores independentes (que recebem cerca de 70% do valor que os usuários pagam pelo aplicativo) RIM A RIM, fabricante do famoso smartphone Blackberry, lançou em abril a BlackBerry App World, com 2,5 mil aplicativos. A app store divide a receita com as operadoras de telefonia, permitindo que elas criem suas próprias lojas dentro da loja principal Google O Android é uma plataforma aberta da Open Handset Alliance, criada para para que fabricantes e desenvolvedores possam criar uma nova geração de aplicativos para aparelhos celulares. Aplicativos desenvolvidos pelo mercado (inclusive pelo próprio Google) estão disponíveis no Android Marketplace Palm A Palm revelou uma loja de aplicativos para o smartphone Pre, chamada de App Catalog. Utilizando o sistema operacional webOS, os desenvolvedores podem criar aplicativos usando padrões tecnológicos web como HTML, CSS e JavaScript Microsoft Juntamente com uma nova versão do Windows Mobile, a Microsoft anunciou que também pretende abrir um Marketplace, oferecendo até 20 mil aplicativos para integração com a nova marca Windows Phone As mais variadas aplicações U2 para Blackberry A Rim lançou o U2 Mobile Album, um aplicativo que visa trazer de volta a experiência dos álbuns musicais para a era digital. O programa oferece conteúdo interativo do álbum No Line On The Horizon com fotos, vídeos, entrevistas, notícias, letras e trechos de música. No futuro, o aplicativo, que é gratuito, vai adicionar elementos de redes sociais para reunir fãs em todo o mundo Pizza Hut no iPhone O programinha permite que o usuário, de forma interativa, encomende uma pizza e a monte do jeito que desejar. Pode escolher o tamanho, os ingredientes e até colocar tempero, chacoalhando o aparelho a gosto. Por meio do serviço de localização, o serviço aponta o estabelecimento mais próximo do consumidor e envia a encomenda. Em duas semanas, o aplicativo teve 100 mil downloads Siga a seta no Nokia O Ovi Maps, disponível na loja da Nokia, é o serviço de localização disponível para os clientes da fabricante finlandesa. A versão 3.0 do aplicativo conta com recursos como mapas de satélite e do terreno em alta resolução (em visualizações 2D e 3D), pontos históricos em 3D para mais de 200 cidades, rotação, inclinação, visualização noturna e sobrevoos

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