Tecnologia

Kindle chega com proposta arrojada, mas falha em questões simples

postado em 03/11/2009 12:38
Existe algo mais prático do que um livro? Sem cabos, você o guarda onde quiser, marca onde parou de ler, faz anotações e o leva para todo lugar. Pode também compartilhá-lo e trocá-lo no sebo. O Kindle, leitor eletrônico de livros comercializado pela Amazon em escala mundial, prometia ser ainda mais fácil, simples, usual. Mas não é bem assim. [SAIBAMAIS]O Informática testou o Kindle Wireless de seis polegadas, modelo comercializado desde o dia 19 no site da Amazon e que oferece praticidade e uma conexão direta em mais de 100 países por meio de sua rede, a Whispernet. Enquanto esta matéria era produzida, o aparelho tentava, sem sucesso, sincronizar e atualizar as páginas dos jornais e revistas baixados no endereço da Amazon. Uma mensagem insistente aparecia, em inglês: "Seu Kindle não consegue fazer a conexão agora. Por favor, tente mais tarde". Em contato com a Amazon, via e-mail, a empresa prontamente respondeu que bastava reiniciar o aparelho e tudo funcionaria perfeitamente. Ledo engano. A conexão falhou novamente e permaneceu assim durante dois dias. Mais problemas O aparelho tem um minúsculo teclado Qwerty com 45 teclas, além de nove botões que comandam todas as funções numa tela de 9cm por 12cm. São dois alto-falantes e uma tecla para controlar o volume. Com tantos botões, a navegação acaba sendo confusa. A sensação que se tem ao manusear o Kindle é de falta de controle sobre ele. Dominar todas as funcionalidades do leitor eletrônico é algo difícil e requer uma boa dose de paciência do usuário. Para testar a leitura de arquivos, enviamos uma página de jornal, em formato PDF, para a máquina recebemos algo bizarro: um arquivo com textos embolados, frases com palavras coladas e que não seguem uma sequência lógica. Todos os elementos gráficos - legendas, créditos das fotos, títulos, subtítulos e tudo mais que se viu pela frente - foram misturados. O leitor fica perdido, sem saber onde termina um assunto e começa outro. Existe uma grande diferença entre o layout de um jornal em papel e sua versão Kindle. Um periódico no suporte eletrônico conta com poucos recursos visuais, como olhos gráficos ou intertítulos destacados. Algumas poucas fotos em preto e branco aparecem ao longo da edição, mas é só isso. Um fio separa uma matéria da outra e o título ganha algum destaque. Para melhorar a eficiência do leitor eletrônico, a Amazon terá um árduo caminho pela frente. Os leitores de livros digitais ainda precisam encontrar o modelo perfeito, que não transforme o passeio literário virtual em uma história dramática. Incluir muitas funções em um e-book pode transformá-lo em um computador portátil - e essa não é a função de um leitor de livros. Outro problema observado é a dificuldade em percorrer capítulos, folhear páginas e escolher uma específica. O Kindle não permite que você tenha real dimensão de uma obra no papel. Passear de maneira rápida por toda a publicação, a fim de encontrar uma parte qualquer, requer esforço e paciência. Na função text-to-speech (leitura em voz alta), o usuário pode escolher a velocidade da leitura e ainda, se preferir, entre uma voz feminina ou masculina para narrar. Porém, esse recurso, por enquanto, só serve para os textos em inglês. Testamos a função em um texto em português, mas a experiência foi, no mínimo, curiosa: o que o usuário ouve é um norte-americano tentando falar o português. Pontos fortes Além da capacidade de armazenar mais de 1,5 mil exemplares na memória, e acesso direto a uma livraria virtual (a Amazon conta com um acervo de mais de 350 mil publicações), o Kindle oferece outra facilidade: caso você perca o equipamento, todos os livros adquiridos podem ser resgatados e copiados para um novo aparelho, sem custo. A tecnologia da tinta eletrônica (e-ink) dá a sensação real de que estamos lendo um livro em papel. Desenvolvida pela Amazon, a tinta torna a leitura mais confortável, diferente da feita em uma tela de computador. São 16 tonalidades de cinza. Se você gosta de ouvir música enquanto lê, basta copiar suas canções preferidas no formato MP3 para a pasta music do aparelho. O aparelho também envia para você um trecho de qualquer livro de seu acervo, para degustação. O preço médio da publicação é US$ 9 (R$ 16).

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