Igor Silveira
postado em 15/01/2010 10:32
As redes sociais foram as protagonistas do ano passado no segmento de tecnologia. Além do já consolidado Orkut, site de relacionamentos com maior número de brasileiros cadastrados em todo o mundo, o Facebook e o Twitter, especialmente, apareceram como principais xodós dos internautas. O primeiro conquistou mais usuários com os jogos desenvolvidos para a plataforma, que mantiveram milhões de cadastros ativos e geraram valores significativos às marcas. O microblog foi palco de inúmeras polêmicas e novidades anunciadas por empresas, celebridades e anônimos. Com a superexposição, esses endereços eletrônicos, de acordo com especialistas na área de segurança eletrônica, deverão ser os principais alvos de ataques de criminosos virtuais em 2010.[SAIBAMAIS]A previsão pessimista é baseada em acontecimentos de 2009, quando o próprio Twitter ficou fora do ar durante algumas horas por causa de um ataque em agosto. Além disso, as redes sociais são consideradas um verdadeiro antro de informações pessoais, divulgadas sem os devidos cuidados pelos usuários. Por isso, em diversas ocasiões, os hackers nem se dão ao trabalho de invadir o computador da vítima para sequestrar dados: eles estão lá, disponíveis para quem quiser ver. Outro aspecto que facilita a incidência de golpes na rede mundial de computadores é a frequente troca de softwares nessas páginas. Alguns dos programas vêm disfarçados como aplicativos inofensivos, mas escondem as más intenções de criminosos.
Proteção
Por mais que as empresas responsáveis pelas redes sociais tenham um planejamento bem elaborado e um orçamento generoso guardados para a segurança das páginas eletrônicas e dos usuários, elas costumam ser surpreendidas por investidas inéditas ou ataques orquestrados, que muitas vezes dificultam uma defesa eficiente. No entanto, os internautas precisam preparar seus recursos de proteção e não contar somente com o escudo virtual das redes sociais. É fundamental, então, manter programas de antivírus e outros mecanismos de segurança constantemente atualizados.
Um documento divulgado, ano passado, pelos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, em parceria com o Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança, traz recomendações voltadas às redes sociais mais populares no Brasil. Alguns dos conselhos comuns a todos os endereços eletrônicos dizem respeito ao cuidado na hora de aceitar arquivos ou links, mesmo se esses forem enviados por contatos conhecidos, e a necessidade de usar uma senha forte, mesclando letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais.
O gerente de suporte técnico da McAfee, José Matias, ressalta que 2010 será um ano com muitas novidades no nicho das redes sociais. Novos endereços eletrônicos devem surgir, e os que já existem receberão aplicativos e outras possibilidades. Com as novas ferramentas, os sistemas estão suscetíveis a ameaças renovadas, e a vulnerabilidade dos sistemas é uma preocupação dos especialistas. "Os criminosos estão em estado de alerta, esperando possíveis vacilos para atacar. Esses ataques combinados, que exploram a vulnerabilidade nas máquinas de internautas, são extremamente nocivos", destaca Matias.
Crianças em perigo
A febre das redes sociais também contaminou o público infantil. Os sites de relacionamentos voltados para crianças são cada vez mais comuns na internet e disponibilizam recursos, como jogos e desenhos animados, para atrair a criançada. A audiência mais ingênua é um prato cheio para crimes virtuais, e os cuidados, nesses casos, precisam ser redobrados. O gravíssimo problema da pedofilia não é o único receio de pais e especialistas. O estímulo ao consumo compulsivo dos mais jovens, que compõem uma faixa de usuários que tende a ser facilmente influenciada, também é uma armadilha na rede mundial de computadores.
As estatísticas são alarmantes. Um material publicado pela SaferNet, empresa especializada em segurança na web, trouxe números levantados na Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. Somente no ano passado, foram recebidas 69.357 denúncias de janeiro a 30 de setembro de 2009. Dessas, 36.584 (52%) eram referentes a crimes de pornografia infantil. Em 2008, o resultado foi ainda mais assustador: das 91.038 denúncias, 57.574 (63%) eram relacionadas ao assunto.
Marcela Daniotti é especialista em mídias sociais e analista de marketing da CLM, que fornece soluções de segurança da informação. De acordo com ela, há um tripé fundamental para garantir a segurança dos mais novos: atualização, comunicação e monitorização. Isso significa, basicamente, manter os programas de proteção em dia, conversar com os filhos sobre o que é ou não recomendável na internet e acompanhar os endereços eletrônicos frequentados.
"A conversa entre pais e filhos é sempre muito importante. Não adianta, simplesmente, proibir sem explicações, porque isso irá aguçar ainda mais a curiosidade. Então, é essencial que haja uma orientação sobre quais sites podem ser visitados e sobre quais assuntos devem ser evitados", explica Marcela. "Há inúmeros recursos de segurança que podem ser ativados no computador. Outra dica é permanecer sempre com o histórico no navegador ativado para que não haja surpresas sobre quais páginas eletrônicas são visitadas", completa.