Tecnologia

Concorrentes à procura do player perfeito começam a ameaçar o antes incontestável reinado do iPod

postado em 19/01/2010 10:07
Em dia 23 de outubro de 2001, centenas de jornalistas e curiosos se espremiam na sede da Apple para assistir a mais uma palestra organizada por Steve Jobs, mestre da retórica e dono da empresa fabricante dos Macs. Todos aguardavam ansiosos pela grande novidade que o poderoso chefão tecnológico estava prestes a mostrar ao mundo. As luzes se acenderam e, no centro do palco, estava o aparelho que mudaria de vez o conceito de música digital. Deitado em um suporte plástico, o primeiro iPod mostrava interface de bom gosto, comandos simples e fones brancos um tanto quanto chamativos. Claro, o evento foi um sucesso e o player com aquela maçãzinha nas costas tornou-se um dos brinquedos prediletos dos amantes da marca.

Músicos e produtores reconhecem a importância dos portáteis de Steve Jobs, mas apontam falhasA estética do iPod chamou tanta atenção que algumas pessoas começaram a comprá-lo não pela qualidade do produto, mas por se tratar de um player bonitão e por fazer sucesso entre as celebridades. Afinal, se até o presidente dos Estados Unidos usava, é porque o aparato devia ser bom mesmo. O que a Apple não esperava era que os concorrentes descobrissem o mapa da mina com tanta rapidez. Grandes marcas como Sony, Samsung e Philips começaram a desenhar portáteis robustos. Depois, foi a vez de os telefones celulares híbridos entrarem na guerra. Tamanha pluralidade de sons ajudou a criar um novo parâmetro para os ouvintes mais detalhistas, que também gostam de apreciar, digamos, a beleza interior dos players digitais.

Os prós e contras de cada aparelho, então, começaram a ganhar destaque no meio da disputa entre medalhões e, pelo visto, só o design inovador deixou de ser o bastante para os consumidores com ouvidos aguçados. Ganhador de dois troféus candangos no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o produtor de trilhas sonoras e cineasta Zepedro Gollo acha que um bom player é aquele que atende às necessidades do usuário sem embolar o meio de campo. ;Esteticamente, o iPod é gracioso e elegante, mas há uma porção de coisas que me irritam nele. Não vou com a cara do iTunes, por exemplo. Acho confuso.; Além de perder a cabeça com o tocador de mídias da Apple, Zepedro confessa que a qualidade sonora dos iPods deixa muito a desejar. ;Eu achava que era o fone de ouvido. Depois, percebi que o problema era no aparelho mesmo. Hoje, escuto música pelo meu celular, um Nokia N25 de 8GB. Funciona que é uma maravilha.;

Quem também ficou decepcionado com a usabilidade dos portáteis da Apple foi Rafael Melo, guitarrista e compositor da banda brasiliense Disco Alto. Segundo o músico, o iTunes é um programa que não facilita a vida dos usuários mais apressados. ;Até acho visualmente agradável, mas é chato e demorado. Prefiro o sistema de arrastar e colar os arquivos nas pastas, sem a necessidade de aplicativos.; Softwares à parte, Rafael reclama que o custo-benefício dos iPods não compensa. ;Eles são muito caros. Comprei um Philips GoGear de 8GB por R$190. É pequeno e sem burocracias, estou satisfeito.;

Apesar das críticas negativas, os aparelhos de Steve Jobs ainda agradam aos músicos brasileiros. Adriano Assis Brasil, baixista do grupo Watson, por exemplo, não consegue entender o motivo de tanta reclamação. ;Adoro os produtos da Apple. Eu tenho um iPod e, recentemente, comprei um iPhone de 16GB, ambos com qualidade sonora interessante. Também utilizo um Macbook, o que facilita à beça.; No time dos defensores da maçã, Marcelo Bonfá, ex-baterista da Legião Urbana, concorda com Adriano e acredita que os problemas sonoros ocorram com qualquer player. ;Os iPods são ótimos. É claro que o som não é o ideal, entretanto, acredito que as faixas compactadas irão melhorar com o tempo.; Hoje em carreira solo, Bonfá acompanha todos os processos de criação dos próprios discos e confessa ter diversas dificuldades nas etapas de gravação. ;É um grande desafio fazer música e mixar para essas novas tecnologias.;

[SAIBAMAIS]Pensando justamente nos desafios apresentados pelo universo da música digital, o Correio testou quatro players populares e apurou quais aparelhos estão mais preparados para atender às necessidades dos ouvintes modernos. A briga foi boa e os ouvidos agradeceram.

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