Agência France-Presse
postado em 30/01/2010 14:12
O mundo precisa de um tratado para se defender dos ciberataques antes que eles se transformem em uma ciberguerra ou guerra na internet, declarou neste sábado (30/01) em Davos o chefe da agência de telecomunicações da ONU, Hamadoun Touré.
[SAIBAMAIS]Os ataques contra o Google, ocorridos na China segundo o site de busca norte-americano, entraram na pauta de discussões do Fórum Econômico Mundial, que termina neste domingo na estação de esqui dos Alpes suíços.
Sobre o tema, o secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Hamadoun Touré, disse que o risco de um conflito entre dois países através da internet aumenta a cada ano.
Com essa situação, Touré propôs um tratado no qual as partes se comprometem a não lançar um primeiro "ciberataque" contra outra. "Uma ciberguerra seria pior que um tsunami, uma catástrofe", declarou Touré.
O acordo internacional "seria parecido com um tratado de guerra antes de uma guerra", acrescentou.
Entretanto, John Negroponte, ex-diretor da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA) durante a administração de George W. Bush, disse que os serviços secretos das potências mundiais seriam os primeiros a "fazerem ressalvas" a essa idéia.
Já Susan Collins, uma senadora republicana e membro das comissões de Defesa e Interior no Senado norte-americano, estimou que a perspectiva de que um ataque através da internet desencadeie uma guerra deve ser feita agora em consideração a seu país.
"Se alguém bombardeia nossa rede elétrica e vemos os responsáveis fazerem isso, claramente é um ato de guerra", assinalou.
"Se o mesmo país utiliza computadores sofisticados para desativar a nossa rede elétrica, creio realmente que não estamos longe de dizer que se trata de uma guerra", acrescentou.
China, Estados Unidos e Rússia são parte dos 20 países que se encontram envolvidos em uma corrida armamentista no ciberespaço e que se preparam para possíveis hostilidades via internet, indicou na quinta-feira (28/01) em Davos o presidente da companhia de segurança de rede McAfee, Dave DeWalt.
Para a McAfee, o recente ataque contra o Google ilustra a mudança de infraestrutura dos governos em matéria de espionagem e ataques em uma ofensiva que é "comercial por natureza".
O último informe da McAfee, que guarda informações de cerca de 600 empresas de telecomunicações e informática, revelou que 60% dos consultados acreditam que representantes de governos estrangeiros estejam envolvidos em operações para invadir suas estruturas.
Cerca de 36% afirmaram que os Estados Unidos são a maior ameaça, seguido por 33% que citam a China.