postado em 04/05/2010 07:00
Buenos Aires ; O gigante das buscas mostrou que pode revolucionar ainda mais a ferramenta que deu reconhecimento para a empresa: o sistema de busca. Ao longo do ano passado e no começo deste ano, o Google implementou cerca de 500 mudanças para facilitar a vida do usuário e deixar os resultados mais precisos. Os planos da empresa passam por buscas baseadas em reconhecimento de rostos até resultados focados apenas na rede social do usuário. ;Muitas dessas alterações o usuário pode não perceber, mas deixaram os mecanismos melhores;, afirmou Ben Gomes, um dos oito distinguished engineers da empresa (profissionais que têm liberdade para fazer qualquer atividade dentro do Google). O investimento é resultado da procura. A cada dia, mais de 1 bilhão de pessoas buscam informações no Google.Outras novidades passam por testes e devem ser incorporadas ao sistema de buscas a médio e longo prazo. A busca onívora (ou omnivorous search) vai permitir arrastar imagens, textos e até mesmo áudio para a caixa de busca e facilitar o processo quando o usuário não lembrar da palavra e só tiver uma imagem no computador, ou vice versa. ;Esse é o caminho para o futuro. Tirar a dúvida utilizando texto, imagens ou som é algo que será possível;, afirmou Gomes.
Para tornar as buscas mais intuitivas, está em período de experiência o Google Squared. Nessa forma de pesquisa, os resultados são colocados em tabelas, divididos por categorias. Por exemplo, ao procurar câmeras digitais o sistema irá apresentar colunas com as especificações técnicas de vários aparelhos. O usuário pode modificar, remover células e salvar o resultado. ;Quanto mais informação chega, mais temos que trabalhar para indexá-las aos usuários;, disse Gomes.
No entanto, pequenas mudanças também estão na lista e fazem diferença. O Google Suggest é uma delas. Ao começar a digitar um assunto no campo de busca, o sistema exibe uma relação de possíveis palavras que o usuário deseja procurar. A novidade é que agora o Google considera a geolocalização para sugerir as palavras. Por exemplo, se digitar a sigla CEP no Brasil, o primeiro resultado será a página dos Correios. Se a mesma operação for feita de um computador no Chile, o página principal será a do Centro de Estudos Públicos do país.
De acordo com Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google para a América Latina, a região é a responsável por 9% de todas as buscas feitas no site. ;É uma das áreas que mais cresce no mundo. Entre 2000 e 2009, o uso da internet teve um aumento de 891%;, explicou. Além de produto principal, as buscas pelo Google geram dinheiro. Só com a ferramenta AdSense, que exibe anúncios relacionados com o conteúdo de sites e das buscas, o ganho foi de mais de US$ 2 bilhões, ou o equivalente a 30% do total da receita no primeiro trimestre deste ano. Quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o número representa um aumento de 24%. Ainda de acordo com o relatório, os usuários deram 15% mais cliques nesses anúncios.
A vez dos smartphones
O investimento em aparelho celulares também será expressivo para o Google. Segundo a consultoria norte-americana Morgan Stanley, os acessos móveis superarão os feitos pelos desktops até 2013. ;Em cinco anos, o celular será rei;, afirmou Bernardo Hernandez, diretor mundial de marketing de consumo do Google. Para esse mercado, a empresa já possui planos. Com o Google Goggles é possível utilizar a câmera dos aparelhos Android para procurar na web. Não é necessário digitar nenhum texto. Fotos de paisagens, livros e obras de arte podem ser fotografadas e utilizadas para buscar mais informações na rede. A geolocalização é o mecanismo que gera grande expectativa na empresa. Procurar apenas aquilo que está no mesmo raio do usuário já está em funcionamento com o serviço de busca e também na rede social do Google, o Buzz.
A pesquisa por voz, disponível nas lojas de aplicativos dos celulares, vai passar por uma reformulação para ser mais precisa. ;Cerca de 90% das vezes, o sistema funciona bem comigo, que não tenho sotaque da Ásia, nem dos Estados Unidos, mas não é assim com todos;, explicou Gomes.
Pesquisas podem ainda ser feitas por meio das mensagens de texto de celulares. Ao enviar um SMS para a central, o usuário pode obter desde endereços de empresas locais até índices do mercado de ações. A ferramenta é indicada para regiões sem acesso à internet móvel, mas está disponível apenas para os Estado Unidos.
Coadjuvantes
Os mais de 50 produtos, entre aplicativos e sites, desenvolvidos pela empresa também contribuem para os resultados financeiros e para propagar a boa fama da companhia. O Google Docs é um deles e acaba de ganhar uma atualização. Agora, o aplicativo em nuvem permite que 50 pessoas compartilhem um documento de texto em tempo real. Assim, é possível redigir trabalhos e contar com a ajuda de amigos para editá-lo e dar opiniões. O Docs faz parte do pacote Google Apps, que inclui o Gmail, o Calendar e o Sites, disponível para usuários finais e empresas. ;Mais de 100 novas funcionalidades foram adicionadas ao Google Apps no ano passado;, disse Alex Torres, diretor de Marketing para o Google Enterprise América Latina.
O usuário pode conhecer melhor os países por meio das imagens ; algumas vezes polêmicas ; do Google Street View. O serviço atingiu a marca de 150 cidades cobertas no México, cerca de 70% do território do país. Além de fotos das ruas, o Street View agora oferece a possibilidade de ver o interior de estabelecimentos comerciais. ;Quando os consumidores estão pesquisando por lojas, o lugar, o ambiente, a mercadoria ou a decoração podem ser fatores importantes na escolha;, justificou a equipe no blog da ferramenta. Por enquanto, apenas 30 cidades nos Estados Unidos, na Austrália e no Japão fazem parte do projeto.
Alguns produtos ficam escondidos entre as opções do Google. É o caso do SketchUp, software utilizado para criar modelos em 3D. O programa pode ser usado para redecorar ambientes, desenhar móveis e modelar cidades para o Google Earth. O desenho pode ser animado e exportado para o YouTube. Para auxiliar os menos experientes, há dezenas de tutoriais em vídeo, uma central de ajuda e uma comunidade que debate questões do programa. A versão paga acompanha dois outros softwares: o LayOut, ferramenta para criar apresentações e projetar documentos e desenhos de construção simples e o Style Builder, que transforma os desenhos feitos por computador em esboços mais ;humanizados;.
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; Três perguntas para Alexandre Hohagen
O diretor-geral do Google para a América Latina entrou na empresa em 2005 como chefe de Vendas para o Brasil e foi promovido com a missão de impulsionar o Google na América Latina. Na entrevista, Alexandre fala sobre investimentos no Brasil, iPad e o Nexus One.
De que forma o Google vê o Brasil como país para investir?
O Brasil vem surpreendendo em parcerias e investimentos. Nosso grande desafio agora é empurrá-lo para o início da lista de países que fazem testes em produtos. Temos aqui um crescimento em alta velocidade, as pessoas adotam rapidamente novas tecnologias e isso pode fazer com que seja usado como país-teste, como já ocorre com o Google Street View. O Brasil tem ainda um faturamento maior que o México, algo que corresponde a 60% de toda a América Latina.
E quanto aos tablets, como o recém-lançado iPad, eles vão revolucionar o mercado?
Ter um aparelho multitarefas é fantástico. A computação nas nuvens só vem para favorecer esse mercado. Não acredito que eles vão substituir os netbooks, afinal, esses aparelhos são praticamente notebooks. Já é possível encontrar configurações dos netbooks parecidas com os grandes computadores.
O aparelho celular do Google, o Nexus One, ainda não foi lançado na América Latina. Para quando podemos esperar o telefone?
Há planos para o lançamento do celular, mas depende de análises do mercado. O grande problema é o preço dos planos de dados, principalmente no Brasil. Para um iPhone, por exemplo, o consumidor chega a pagar cerca de R$ 150 para dados. Muito caro para a população. E, talvez, por causa disso é que o brasileiro ainda não tem costume de fazer buscas pelo celular, como acontece com o México e a Argentina, que são os países da América Latina que mais utilizam o serviço.
O jornalista viajou a convite do Google Brasil