postado em 29/06/2010 08:30
Ele vem num rolo e tem uma caixa plástica com tampinha para protegê-lo. É muito sensível à luz e só se revela depois, mesmo assim, no escuro. Ele mesmo, o velho filme 35 milímetros, que fez a história da fotografia mundial, está de volta. Com o advento das câmeras digitais, ele caminhava célere para o ostracismo. Mas, tal qual os discos de vinil, que ressurgiram das cinzas, o bom 35 mm (vendido, em média por R$ 6,50, 36 poses, cor) volta ao palco e é manuseado até mesmo por pessoas que só conheceram a era digital.Ainda há muitos que não abrem mão de seu equipamento analógico, mesmo ressaltando as qualidades e a praticidade das máquinas digitais. ;Uns saudosistas;, diriam aqueles menos poéticos. Mas o que tem impulsionado mesmo as câmeras que usam filme é o movimento lomo ou lomografia. Lomo, no caso, é a denominação de velhas máquinas fotográficas soviéticas lançadas no mercado no começo da década de 1980, na época da Guerra Fria. Tal qual os chineses, que incentivaram a população a tirar fotografias, geralmente com temas nacionalistas, os soviéticos fabricaram câmeras de baixíssimo custo, feitas com várias peças de plástico.
O resultado foi desastroso, pelo menos no que diz respeito à precisão e qualidade das fotos. Focos ruins, abertura diferente do que foi programado, todo tipo de distorções ; nada daquilo que você espera de uma câmera decente. Mas são justamente as distorções que, em parte, têm contribuído para a volta do filme. Fotografar com uma lomo virou, quem diria, um conceito. Justamente por não dar precisão, ela deixa um suspense no ar, como afinal todo filme deixa, independentemente de a máquina ser boa ou não.
A fotógrafa profissional Júnia Garrido, de Belo Horizonte, começou a carreira usando filme, já que as digitais ainda não existiam. Com 38 anos, ela diz que não acredita na retomada dos antigos filmes em função da precisão dos equipamentos digitais profissionais. ;Comecei com uma câmera Canon F-100 analógica. Hoje, uso uma 5D, da mesma marca. Comecei a trabalhar somente com digital há três anos e não há dúvidas de que ela veio para ficar. O filme vai mesmo acabar. Eu só uso filme na minha máquina antiga para trabalhos pessoais, por hobby;, afirma.
Espaço para todas
Outro profissional da área, César Trópia, com vasta experiência em fotojornalismo, diz que as digitais ultrapassaram em tudo o filme. ;Se você tem um equipamento de ponta, não há como a máquina de filme ser melhor. Hoje, uso os modelos analógicos somente por uma questão de linguagem. Profissionalmente, somente a digital, pois ela é muito mais prática.; Ele, que utiliza uma Nikon D-700, diz que ainda guarda com muito carinho máquinas antigas como uma Brônica (filme de 20 mm), duas Olympus Trip e uma Canon EOS-1, entre outras relíquias. Outro ponto que ele considera importante é a qualidade dos filmes fabricados atualmente. ;Outro dia ouvi uma entrevista do Sebastião Salgado (fotógrafo brasileiro reconhecido internacionalmente) na qual ele reclamava da qualidade. Como as máquinas de filme caíram em desuso, os fabricantes não se preocupam muito;, avalia.
Juliano Figueiredo Arantes, de 23 anos, é outro profissional da fotografia que usa máquinas digitais como as Nikons D700 e D200. Ele acredita que as máquinas de filme nunca irão superar a praticidade das digitais, mas acha que elas têm seu espaço, sim. Além das fotos convencionais de filme, que faz com suas máquinas antigas, ele é adepto da onda lomo. Inclusive já fez trabalhos usando a técnica em eventos como o Oi Fashion Tour e o Minas Trend Preview. ;A foto lomo tem uma estética única, diferente e acho que acaba impulsionando o mercado de filmes;, diz. Juliano conta que, para cultivar o hábito, tem quatro máquinas antigas e quatro lomos.
Os 10 mandamentos da lomografia
1- Leva a sua lomo aonde você for
2- Fotografe a qualquer hora do dia ou da noite
3- A lomografia não interfere na sua vida, ela é parte dela
4- Aproxime-se o mais possível do objeto a ser fotografado
5- Não pense
6- Seja rápido
7- Você não precisa saber antes o que fotografou
8- Nem depois
9- Não fotografe com os olhos
10- Não se preocupe com as regras
Vitrine
Diana F
Mesmo visual, mesma qualidade. Mas a versão modificada permite que você tire fotos pinhole, capture imagens panorâmicas, fotos em 35mm, e tenha a opção de utilizar Lentes Diana F . Duas velocidades de disparo: ;N; para fotos normais diurnas e ;B; para imagens noturnas ou fotos de interiores ilimitadas. Dois formatos de imagem disponíveis: 12 quadros full-frame (5,2 x 5,2cm) ou 16 quadros menores (4,2 x 4,2cm). Exposição múltipla e parcial. Lentes removíveis para função pinhole. Trava de disparador e encaixe para tripés para longas exposições e fotografia pinhole. Tem lente Lens Plastic f/16 75mm lens.
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Holgan CFN 120 ; verde ou vermelha
As mesmas imagens de médio formato com foco suave, ar misterioso e vinhetas escurecidas agora saem de um elegante corpo vermelho. Seu flash colorido embutido lhe permite tirar fotos multicoloridas e psicodélicas. Lentes plásticas de 60mm e f/8 produzem as famosas imagens Holga. Tem flash colorido embutido com três cores e mais a função de flash comum. Utiliza filmes de médio formato 120mm para fotos em estilo quadrado. Foco por zona: retrato, pequeno grupo, grande grupo e infinito.
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