Tecnologia

Entidade norte-americana de defesa dos consumidores desaconselha a compra do iPhone 4

Papéis da companhia caem 2,13%

postado em 15/07/2010 07:00
Habituada a receber elogios pelos produtos revolucionários, a Apple começa a lidar com a outra face da moeda. Depois de milhares de clientes reclamarem do mau funcionamento da quarta geração do celular iPhone (1), lançada no exterior há um mês, chegou a vez de a Consumer Reports, um dos grupos de defesa do consumidor mais importantes dos Estados Unidos, botar a boca no trombone em relação ao smartphone mais esperado do ano. A associação avaliou o modelo e decidiu não recomendar sua compra.

Consumidores seguram duas versões diferentes do aparelho: de elogios incontidos a reclamaçoes generalizadas

A opinião da organização, formada por jornalistas, engenheiros e técnicos, tem forte repercussão no mercado norte-americano e é considerada por muitas pessoas antes da compra de aparelhos. Tanto que, após o anúncio, as ações da Apple registraram uma queda imediata de 2,13% em Nova York. O principal motivo para a crítica seria uma falha no design do aparelho, que faz as antenas de sinal wireless não funcionarem corretamente. ;Nossos engenheiros comprovaram que, ao colocar os dedos nas laterais do iPhone, a captação de Wi-Fi cai sensivelmente. Enquanto a Apple não corrigir esse erro, nossa opinião é: não compre um iPhone 4;, recomendou a Consumer Reports.

Para alguns especialistas, a única saída plausível para o problema seria a substituição dos mais de 2 milhões de aparelhos já vendidos no mundo. ;A Apple será forçada a fazer um recall desse produto;, disse Matthew Seeger, especialista em gerenciamento de crises, ao site Cult of Mac. ;A imagem da marca é a coisa mais importante que a Apple tem. Isso é potencialmente devastador;, opinou. De acordo com o consultor da Bernstein Research Toni Sacconaghi, citado pelo site de tecnologia Cnet, o recall poderia custar até US$ 1,5 bilhão. Outra solução, mais barata, seria o fornecimento de uma capa protetora de borracha, que impede o contato da mão do usuário com o aparelho. ;Essa opção poderia ser oferecida de imediato, já que o custo de uma capa é irrelevante. Mas isso obrigaria a empresa a reconhecer que há um problema de design com o celular;, disse Sacconaghi.

Quando o problema começou a ser detectado pelos usuários, dois dias após o início das vendas, o presidente da companhia, Steve Jobs, chegou a dizer que a causa da má captação de sinal estava no modo com que os usuários seguravam o aparelho. A explicação fez com que uma enxurrada de queixas fossem registradas e até ações fossem movidas na Justiça contra a empresa. Logo depois da ;derrapada; oficial, a companhia divulgou uma nota explicando que, ao fazer testes, detectou que o problema estava no software usado, que calculava de forma equivocada o nível das barras que demostram a qualidade do sinal captado pelo telefone. A empresa prometeu lançar, em breve, uma atualização gratuita do sistema para os usuários.

1 - Desembarque

A nota, a Tim anunciou ontem que fechou contrato com a Apple para vender o iPhone 4 no Brasil. A operadora não informou, porém, o preço ou a data em que o produto chegará às lojas. Segundo o cronograma divulgado pela fabricante norte-americana, o celular deverá desembarcar no país em setembro. A versão 3GS do iPhone é vendida pelo preço médio de R$ 1,8 mil. Atualmente, as operadoras Tim, Claro, Vivo e Oi comercializam o produto.

Fabricantes em apuros

Os maiores fabricantes mundiais de celulares devem registrar um trimestre decepcionante, devido aos problemas de endividamento na Zona do Euro e ao sucesso da Apple no segmento de smartphones. ;Embora os celulares inteligentes venham crescendo muito mais rápido que o esperado, o crescimento geral do setor de celulares se reduziu;, afirmou Simona Jankowski, analista do Banco Goldman Sachs. ;As vendas de celulares no segundo trimestre crescerão apenas 2% ante o período anterior, abaixo de nossa projeção prévia, que era de 5%.;

A Research in Motion, fabricante do BlackBerry, já reportou exportações baixas no trimestre. A finlandesa Nokia também despertou um alerta no setor ao anunciar problemas de lucros, em meio a dificuldades para concorrer com o iPhone. Analistas acreditam também que as sul-coreanas Samsung Electronics e LG Electronics, segunda e terceira maiores produtoras mundiais de celulares, devam anunciar perdas significativas de receita devido à redução de vendas na Europa e à queda de 10% na cotação do euro em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

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