Tecnologia

Na blogosfera do saber

A geração dos anos 1990, que acompanhou o crescimento da rede mundial de computadores, agora ensina como usar a web para transmitir informações, em diversas áreas da pesquisa. O DF já tem comunidades de pessoas que compartilham conhecimentos

postado em 11/08/2010 07:00
A internet é a tribuna mais livre já inventada pelo homem. Qualquer um pode subir no palanque virtual e bradar aos quatro ventos o que bem entender. E na montanha de informações, aparece de tudo: conteúdo acadêmico, noticioso, de opinião e, claro, muita bobagem. Mas há quem aproveite a web para discutir, aprender e replicar conhecimentos. Entre os entusiastas dessa ferramenta, estão os profissionais de tecnologia, garotos que participaram da revolução da rede mundial de computadores no fim dos anos 1990 e hoje usam esse espaço para difundir o que sabem. O empresário Fabrício Nogueira Buzeto, 25 anos, é um grande consumidor de material web. Ele tem 90 endereços cadastrados no leitor de RSS, mais da metade são sites e blogs relacionados à Tecnologia da Informação (TI), gestão e empreendedorismo. ;Tem muita coisa que eu leio e acabo aplicando na minha empresa;, conta Fabrício. Há dois anos, o rapaz mantém um blog (), no qual divide com os internautas experiências pessoais, opiniões sobre gestão de negócios de TI e até dicas sobre como montar um suporte de papelão para notebook. ;Esse post, inclusive, teve retorno de gente que eu não conhecia, que gostou muito da ideia;, comenta Fabrício, que começou a publicar na internet quando estava no mestrado e precisava praticar sua escrita. Principais referências A maioria dos sites da área é de iniciativas de gente apaixonada pela blogosfera e carente de informação nos meios tradicionais de comunicação. O consultor Fábio Akita, 33 anos, é responsável por uma das principais referências na web sobre Rails (www.akitaonrails.com). Rails é um conjunto de ferramentas que facilita o desenvolvimento de sites em uma linguagem de programação chamada Ruby. Hoje, porém, Rails se transformou em uma espécie de comunidade de pessoas que se organizam para discutir diversos assuntos relacionados à tecnologia. ;Eu comecei a pesquisar sobre Ruby on Rails em 2005, mas percebi que havia pouco material sobre o assunto em português. Então resolvi criar o blog para dividir o que eu estava aprendendo e, ao mesmo tempo, tentar encontrar mais gente interessada;, lembra Fábio Akita. O site tem 46 mil visualizações por mês e aborda também temas nem tão técnicos assim. Um dos posts mais recentes, por exemplo, fala sobre a presença das mulheres no setor de TI. Fábio cuida do blog sozinho, incluindo a codificação do sistema que mantém a página. Ele mesmo acompanha as notícias da área e é convidado para participar de eventos de nicho, mas, até agora, não tem patrocínio. Para Fábio, a web é uma ferramenta poderosa de difusão de conhecimentos. ;Acho que falta no Brasil mais gente interessada em blogar sobre assuntos sérios com mais periodicidade. Infelizmente, blogs com conteúdo muito bom têm poucos acessos, e seus autores acabam desistindo do negócio. O único motivo de eu ainda blogar é porque sou muito teimoso;, brinca. Sem amarras Mas há também empresas de tecnologia que começam a incentivar o uso da tribuna virtual sem qualquer restrição. Alexandre Gomes, 32 anos, é sócio de uma firma que administra um blog nada convencional (). Apesar de ser corporativo, donos e funcionários podem abordar qualquer tema. ;As pessoas podem escrever o que quiserem: sobre o que está acontecendo na empresa, novas tecnologias, eventos. Volta e meia, aparece algum ;lixo;. Eu, como dono da empresa, não gostaria que fosse publicado, mas deixo que o público regule essa qualidade;, afirma Alexandre. O empresário escrevia para revistas especializadas até o começo dos anos 2000. Mas decidiu abandonar a mídia tradicional porque acredita que ela limita as possibilidades do leitor. ;No blog, não há padrão editorial. Eu defino o que é relevante e meu prestígio na blogesfera é diretamente proporcional à essa relevância;, opina. Ouça trechos da entrevista com Marco Gomes, da Boo-Box

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