postado em 17/08/2010 07:00
DSandra (nome fictício), de 22 anos, usava a internet para diminuir a distância entre ela e o namorado, que residia em outra cidade e com quem só se encontrava nas férias. O relacionamento acabou, e o rapaz, inconformado, acabou jogando na web duas imagens íntimas da ex. A moça, que à época tinha 18 anos, evita contar mais detalhes. ;Não gosto de me lembrar disso;, admite.A exemplo de Sandra, grande parte dos jovens está vulnerável aos perigos envolvidos no uso da internet, como a divulgação indevida de dados pessoais, a pedofilia e a exposição à pornografia. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo. Foram ouvidos 2.039 moradores da capital paulista, que possuem entre 11 e 18 anos e pertencem a diferentes níveis socioeconômicos. A maioria faz mais de cinco acessos por semana e 75% responderam ter liberdade para acessar a internet sempre que quiserem. Nessa ocasião, os pais nunca estão presentes, segundo 38% dos entrevistados que estudam em escola particular e 42% dos que frequentam escola pública. Cerca de 40% já entraram em sites de conteúdo não recomendado, o que é facilitado pelo fato de, na maioria dos casos, o computador estar instalado dentro do próprio quarto.
;Esses dados preocupam porque muitos jovens não têm maturidade suficiente para lidar com os riscos oferecidos pela internet;, avalia a coordenadora da pesquisa, Solange Palma Barros. Segundo o levantamento, crianças e adolescentes gastam a maior parte do tempo on-line no MSN e no Orkut. ;Esses dois instrumentos permitem a eles conversar com pessoas desconhecidas e divulgar informações pessoais;, ressalta.
A boa notícia é que 98% dos entrevistados afirmaram saber que o uso da internet apresenta riscos. Porém, Solange critica o fato de a mídia ter sido apontada como a principal fonte de informações sobre o tema, antes mesmo de pais e escolas. ;Muitos não estão preparados para acompanhar os jovens no uso dessas tecnologias;, lamenta. Os pequenos devem ser orientados desde os primeiros passos no mundo virtual. ;Da mesma forma que você não mostraria na rua seu álbum de viagens para estranhos, não precisa botá-lo na internet para qualquer um ver. O espaço público é o mesmo, a diferença é que você não sabe quem está do outro lado olhando;, argumenta.
;Os pais têm que conhecer minimamente os espaços que os filhos frequentam pela internet, assim como conhecem fora dela;, concorda Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da Safernet Brasil, organização não governamental que atua contra crimes e abusos cometidos pela web. Muitos jovens, segundo Rodrigo, não percebem as implicações de suas atitudes no mundo virtual. Ele cita o caso dos dois adolescentes gaúchos que, em julho, foram ouvidos pela polícia após exibirem cenas de sexo diante do computador. As imagens foram transmitidas ao vivo pelo site Twitcam. ;Imagine os familiares desse casal vendo tudo isso. O adolescente que publica imagens sensuais de si mesmo para muita gente ver não pensa que, além de tudo, pode prejudicar seu futuro, já que o vídeo fica armazenado na internet;, explica o diretor da Safernet.