postado em 21/09/2010 09:48
Desde o primeiro aparelho sobravam reclamações pela falta de uma boa câmera e que os aplicativos eram limitados. As críticas se agravaram, principalmente, por conta da incompatibilidade com o Adobe Flash e a bateria com pouca autonomia, até que culminou no mais recente problema com a antena. Com tantas questões e quatro gerações depois, é complicado entender como um aparelho pode ter vendido 50 milhões de unidades em apenas três anos. ;Ele tem diferenciais, como um desenho único e, principalmente, a usabilidade. Funciona de uma forma totalmente integrada e, claro, a Apple sabe fazer um bom marketing para o aparelho;, explica Roger Solé, diretor de Marketing Consumer da TIM.
Há quem defenda o aparelho de Steve Jobs, como o publicitário e blogueiro Alessandro Salvatori, 38 anos. Salvatori considera-se fã, mas não fanático, apesar de possuir quase todos os dispositivos lançados pela Apple. O publicitário é o criador do Blog do iPhone (http://www.blogdoiphone.com), o primeiro site brasileiro dedicado ao smartphone. ;O objetivo era claro: criar um espaço onde qualquer usuário pudesse ter dicas e informações sobre o aparelho, mesmo não sendo muito íntimo de termos técnicos e geeks. Hoje, conto com a ajuda de vários colaboradores, inclusive dois de Brasília: o Chrystiano de Castro, que também é desenvolvedor de aplicativos da App Store, e o Gidel Queiroz;, explica Salvatori.
Para o blogueiro, um dos trunfos do iPhone é a facilidade no manuseio. ;Várias pessoas, de todas as idades, já relataram que nunca fizeram tanta coisa com seu celular quanto fazem com o iPhone. A tela multitoque, grande e colorida, encanta qualquer um. E a facilidade de manipular os elementos nela com um simples toque, como dar zoom em uma foto ou página de internet, são incomparáveis com qualquer outro celular;, aponta. Mas, é claro que o smartphone não é perfeito e apresenta limitações. ;A mais famosa, sem dúvida, é a incompatibilidade com animações em Flash, da Adobe;, considera.
Mas nem todos os usuários conspiram a favor da Apple. Para o analista de sistemas Augusto Martins, 24, os aparelhos da empresa são bons, mas o preço não compensa. ;Não é que eu não goste, mas não sinto vontade de comprar. Eu gosto de criar aplicativos para meu aparelho e a Apple impõe restrições para isso. Havia, há algum tempo, um tipo de restrição de linguagem, por exemplo. Além disso, os aplicativos não teriam tanta utilidade fora da plataforma Mac OS;, aponta Martins.
Para o analista, as incompatibilidades do iPhone também são problemáticas. ;São restrições que de uma forma ou de outra acabam atrapalhando. O Flash nem tanto, pois a única utilidade é para os sites ainda não adaptados;, explica.
Brasil por último
Outro motivo que desperta ódio dos brasileiros é a demora para a chegada do aparelho. A paciência, nesse caso, é a grande aliada para aqueles que não têm condição de ir buscar um iPhone no exterior. Por uma questão estratégica, a Apple lança os produtos primeiro em países, no qual o poder aquisitivo é maior e que não sofrem com pesadas cargas tributárias como o Brasil. ;Antes de começarmos a vender, já havia pessoas com aparelhos comprados no exterior utilizando nossa rede. O nosso foco do iPhone é atrair e fidelizar o cliente. Quanto a demora, isso gera um desejo maior nos consumidores sim;, afirma Solé.
Outro ponto que compromete a chegada de aparelhos antes no país é o tempo gasto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para homologar os dispositivos. De acordo com a assessoria de imprensa da Anatel, não há prazos para a validação de aparelhos, podendo variar caso a caso. ;Acho que, às vezes, a Apple exagera demais na sua obsessão de controlar tudo. Esse segredo todo para o lançamento do iPhone 4 no Brasil, por exemplo, não tem muito sentido;, ressalta Salvatori, do Blog do iPhone.
Até mesmo a assistência técnica ficou por último no Brasil. O Correio revelou em agosto que os usuários do iPhone não tinham como consertar eventuais problemas com o aparelho se ele estivesse fora da garantia. Para atender à demanda, a empresa contratou os serviços da Itautec. Com o smartphone dentro da garantia de um ano, o serviço continuará sendo prestado pelas empresas de telefonia móvel.
A demora não se restringe à chegada dos aparelhos. Até hoje, o Brasil não tem uma Apple Store, apenas revendedores autorizados. A explicação foi dada por Steve Jobs, em março, quando, em resposta a um convite do secretário do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, Washington Fajardo, disse que não poderia ;exportar os produtos com a política maluca de taxação do Brasil. Isso faz com que seja muito pouco atraente investir no país. Muitas empresas high tech se sentem assim.;
Problemas polêmicos
A Apple soltou um comunicado aos desenvolvedores de aplicativos dando mais liberdade para a produção dos programas, que permite a utilização de outras ferramentas, como o Adobe Flash, para criação de aplicativos.
O ponto contraditório dessa nova política é que, em abril, Steve Jobs publicou uma carta aberta intitulada ;Pensamentos sobre o Flash;. Nela, o CEO da Apple detona a tecnologia criada pela Adobe e a crítica mais avassaladora é justamente sobre a criação de aplicativos. ;Nós não podemos ficar a mercê de uma terceira parte decidindo se e quando nós poderemos disponibilizar melhorias para nossos usuários;, escreveu Jobs.
Na mesma carta, Jobs diz que ;novos padrões abertos criados na era do celular, como o HTML5, sobressairão nos equipamentos atuais;. Essa é a quinta versão do conhecido código HTML, pelo qual foram criadas várias páginas da internet, mas ainda não foi concluído.
CAPAS PARA O PROBLEMA
Termina no dia 30 de setembro a distribuição dos bumpers, as capas que evitariam o problema na recepção do sinal do iPhone 4. No site da Apple, a mensagem diz que os problemas na antena são menores que o previsto e que apenas um pequena porcentagem de usuários precisaram delas. A distribuição dos bumpers começou após vários clientes denunciarem queda de sinal no smartphone. Jobs explicou que o caso não é isolado. Em uma apresentação, mostrou que telefones de outras operadoras também sofrem com o mesmo problema.
Geração por geração
iPhone Classic
Lançado em 9 de junho de 2007, o primeiro iPhone revolucionou o fraco mercado de smartphones da época ao oferecer um sistema touchscreen completo. A App Store ainda não estava disponível e o usuário tinha que se contentar com os poucos aplicativos e os web apps, que funcionavam por meio do browser. O jailbreak permitiu adicionar mais programas. O telefone não foi lançado no Brasil.
; Câmera de 2MP
; Não tem 3G, apenas wi-fi
; Resolução 320x480
; Duração da bateria de 250h em standby
; Capacidades: 4GB, 8GB e 16GB
; Memória: 128MB
; Processador 620MHz
; Preços*: US$ 499 (4GB), US$ 599 (8GB) e
US$ 699 (16GB)
iPhone 4
Há três meses, Steve Jobs subiu ao palco para apresentar algo que iria revolucionar o mundo dos smartphones de novo. Com a quarta geração do telefone, as mudanças foram maiores e melhores. Uma nova tela com a tecnologia Retina deu mais vivacidade ao display, a câmera traseira ganhou mais megapixels e o telefone ganhou uma frontal, para utilizar o Facetime. Além disso, o esperado recurso de multitarefas foi adicionado ao aparelho.
; Câmera traseira de 5MP e frontal de 0.3MP
; Tem 3G e wi-fi
; Resolução 960x640, com tecnologia Retina
; Duração da bateria de 300h em standby
; Capacidades: 16GB e 32GB
; Memória: 512MB
; Processador A4 de 1GHz
; Preços*: US$ 599 (16GB) e US$ 699 (32GB)
iPhone 3G
Um ano depois, chega ao mercado a segunda geração do telefone. Dessa vez, o iPhone apresentou a opção de conectividade 3G e já contava com os aplicativos da App Store. O smartphone perdeu a versão de 4GB. Câmera, resolução do display e o processador continuaram os mesmos.
; Câmera de 2MP
; Tem 3G e wi-fi
; Resolução 320x480
; Duração da bateria de 300h em standby
; Capacidades: 8GB e 16GB
; Memória: 256MB
; Processador 620MHz
; Preços*: US$ 599 (8GB) e
US$ 699 (16GB)
iPhone 3GS
Em 8 de junho de 2009, a imprensa especializada esperava o lançamento da versão 4. No entanto, Jobs apenas adicionou a letra ;s; ao aparelho, que significa speed (velocidade, em português). A partir dessa edição, o iPhone ganhou mais agilidade, graças a um novo processador, câmera de melhor resolução e até 32GB de capacidade. A bateria, no entanto, continuava a mesma e não entregava uma boa autonomia.
; Câmera de 3MP
; Tem 3G e wi-fi
; Resolução 320x480, agora oleofóbica
; Duração da bateria de 300h em standby
; Capacidades: 16GB e 32GB
; Memória: 256MB
; Processador 833MHz
; Preços*: US$ 599 (16GB) e US$ 699 (32GB)