postado em 01/10/2010 08:00
A corrida do ouro do século 21 não exige força, preparo físico ou munição pesada para derrubar concorrentes. Ela ocorre em laboratórios sofisticados, entre engenheiros de alto gabarito, que trabalham arduamente na busca das melhores soluções tecnológicas. Em 2010, a briga para conquistar consumidores ganhou uma vedete: os tablets, equipamentos portáteis ainda mais leves e funcionais que os netbooks. Algumas das principais fabricantes de eletrônicos já lançaram os seus e outras gigantes prometem barulho para breve. Mas por que, afinal, esse aparelho provocou tanto alvoroço na indústria?
A ;guerra; ganhou força após a Apple lançar o seu tablet. Em janeiro deste ano, durante encontro com jornalistas e investidores, Steve Jobs apresentou o iPad, mistura de leitor digital com computador que já vendeu, pelo menos, 3 milhões de unidades em todo o mundo. ;O tablet da Apple tem sido aceito pelos consumidores muito mais rapidamente que o esperado, mostrando uma versatilidade surpreendente, apesar de seu peso e da falta de teclado físico;, afirma Christian Heidarson, analista da consultoria internacional Gartner em um relatório divulgado em setembro.Esse mês foi, inclusive, o que mais registrou lançamentos de tablets até agora no ano. Sharp, Toshiba, Dell e Samsung anunciaram seus modelos em conferências de tecnologia, reforçando uma lista de mais de 30 opções de ultraportáteis ou similares, segundo o blog Technologizer. A Sharp prometeu trazer ao mercado japonês, até dezembro, dois modelos do equipamento ; um com cinco e outro com 10 polegadas. O Galapagos, como foi batizado, também oferecerá ao consumidor uma biblioteca virtual com mais de 30 mil títulos.
Outra japonesa de olho no imenso mercado da terra do sol nascente é a Toshiba. O tablet Folio 100 também investiu na tela grande, com 10,1 polegadas, e no sistema operacional Android, do Google, baseado em Linux. A plataforma tem sido a opção de boa parte das fabricantes, que fazem algumas modificações conforme o produto. O Streak, da Dell (com Android) já está disponível nas lojas dos Estados Unidos, ainda sem previsão de chegada no Brasil. A companhia também apresentou no mês passado um híbrido de tablet e computador, o Inspiron Duo, com tela touchscreen de 10 polegadas. Ainda não há previsão para o lançamento desse equipamento, que utilizará o Windows 7 como sistema operacional.
A sul-coreana Samsung decidiu ir ainda mais longe para conquistar potenciais consumidores dos ultraportáteis. A companhia lançou o Galaxy Tab, que vem com tudo o que há nos concorrentes e com receptor de sinal de TV digital e analógica. ;Há algum tempo se falava em convergência de mídias e nós buscamos isso com esse produto. As pessoas querem cada vez mais mobilidade e os tablets cumprem essa função;, diz o diretor de marketing da Samsung no Brasil, Hamilton Yoshida. O aparelho deve ser lançado no país até o fim deste ano. O preço (1), contudo, será salgado: R$ 2.699.
Tendência
Para o analista Christian Heidarson, da consultoria Gartner, os tablets vão substituir completamente os computadores pessoais a partir de 2012. Até lá, analisa Christian, os equipamentos terão uma penetração limitada no mercado em relação a smartphones e PCs. ;Os tablets representam uma nova categoria de produtos, que focam primeiramente no consumo de mídia e na navegação na web. No entanto, esperamos que eles evoluam para substitutos confiáveis das atuais máquinas;, escreveu ele na avaliação da Gartner.
Nos Estados Unidos, porém, os consumidores já dão sinais de que os tablets vieram para ficar. Um estudo do banco Morgan Stanley mostrou que as vendas de notebooks caíram em 50% desde a metade deste ano. É claro que os equipamentos continuam sendo procurados, mas a demanda deixou de aumentar. Antes da pesquisa, o CEO da Best Buy ; uma das maiores lojas de eletrônicos do país ; havia dito ao Wall Street Journal que o iPad ;canibalizou; 50% das vendas de laptops.
Apesar de essa situação ainda não se reprouzir no Brasil, o tablet da Apple também já faz sucesso entre os que conseguem comprá-lo no exterior. O empresário Carlos Botelho, 26 anos, que tinha um e-reader desde o ano passado, comprou o iPad em uma viagem a Londres, há três meses. ;Fiquei mais decepcionado do que surpreso. O equipamento impressiona pela precisão do toque, mas para por aí. Ele deixa a desejar nas funcionalidades, não tem câmera ou entrada para periféricos;, enumera Carlos. O rapaz, que trabalha em uma empresa de tecnologia, acredita que o iPad seja um sucesso de vendas por conta da fama da Apple. ;Eles também têm uma estratégia de distribuição mundial muito bem estabelecida e que funciona melhor do que em outras fabricantes;, opina.
A preferência pelo aparelho de Steve Jobs pode diminuir com a chegada de tablets de duas gigantes da indústria eletrônica. A Motorola garantiu o lançamento de um produto competitivo para o início do ano que vem. Já A Research in Motion (RIM), fabricante do poderoso smartphone BlackBerry, anunciou, no mês passado, o lançamento do PlayBook para fazer concorrência ao iPad. O aparelho terá funções multimídia bastante parecidas com as do tablet da Apple, mas não acessará a internet ou a rede telefônica diretamente.
;A RIM projetou o melhor tablet da categoria profissional, com recursos de hardware de ponta e um dos sistemas operacionais mais robustos e flexíveis;, disse o CEO da companhia, Mike Lazaridis, durante a apresentação do produto. O PlayBook chegará ao mercado norte-americano nos primeiros meses de 2011, mas já provocou a reação dos concorrentes. O inabalável Steve Jobs postou em seu Twitter, logo após o anúncio: ;O tablet BlackBerry vai falhar. Marque minhas palavras.;
1 - Cabe no bolso
Em julho passado, o governo indiano apresentou um modelo de tablet que será utilizado por estudantes do país no ano que vem. O portátil, com tela sensível ao toque e conexão Wi-Fi, custa apenas US$ 35. Autoridades indianas ressaltaram a intenção de baratear ainda mais o preço do aparelho, chegando a US$ 10 por meio de parcerias com empresas de tecnologia.
Mercado
A consultoria internacional Gartner publicou em setembro um relatório com análises sobre a chegada dos tablets ao mercado. Veja alguns trechos do material, produzido pelo analista Christian Heidarson:
"O tablet da Apple tem sido aceito pelos consumidores muito mais rápido do que o esperado, mostrando uma supreendente versatilidade, apesar de seu peso e da falta de teclado físico. Os concorrentes têm identificado a tela em sete polegadas (em comparação com as 10 polegadas do produto da Apple) como um segmento viável para uma maior diferenciação de conteúdos e comunicação otimizada. (...) A variedade de modelos e formas, além da forte concorrência de preços, nos leva a aumentar a projeção de venda de tablets de forma significativa."
"Os iPad foi recebido com fortes críticas de diversos segmentos, mas, ao mesmo tempo, com uma ressalva de que ele não é um substituto para o PC. No entanto, esperamos que a Apple e seus concorrentes atualizem memória, armazenamento e plataformas de sogtware de tal forma que esses dispositivos substituam o PC até 2012."
Mercado promissor
Conheça alguns dos competidores:
iPad
A aposta da Apple foi apresentada ao mundo em uma reunião de Steve Jobs com jornalistas e investidores, em janeiro deste ano. O iPad ; que pesa 680 gramas e tem tela de 9,7 polegadas sensível ao toque ; sacudiu o mercado de tablets. Os últimos levantamentos da Apple indicam que a companhia vendeu, pelo menos, 3 milhões de unidades do equipamento até agora.
PlayBook
A fabricante do popular smartphone BlackBerry não entrou de brincadeira na guerra dos tablets. O PlayBook, que deve chegar às lojas no início do ano que vem, terá um processador dual, suporte para Flash e câmeras na parte da frente e de trás do aparelho. Ao que tudo indica, a Research in Motion (RIM) quer transformar o PlayBook em uma referência para os que gostam de jogos eletrônicos e para o mundo corporativo.
Folio 100Outra empresa na onda de lançamentos do mês de setembro é a Toshiba. A companhia apresentou o tablet Folio100 durante a IFA (feira de tecnologia da Alemanha). Ao contrário da concorrente Samsung, o equipamento da Toshiba é maior que o iPad, pesando 760 gramas, com tela touchscreen de 10,1 polegadas. Ainda não há previsão para a chegada do aparelho por aqui, mas, na Europa, ele deve começar a ser vendido até o fim do ano.
Galaxy Tab
A sul-coreana Samsung lançou o tablet no mês passado e fechou acordos com quatro operadoras dos Estados Unidos para vender o aparelho. O Galaxy é menor que o iPad, com tela de 7 polegadas, e tem quase metade do peso, cerca de 380 gramas. O equipamento também traz, dos dois lados, câmeras embutidas para videoconferência e receptores de sinal de televisão. A Samsung espera trazer a novidade para o Brasil até dezembro.