Tecnologia

Adesão da rainha Elizabeth no Facebook causa frisson

E mostra como a realeza no mundo tenta passar imagem de modernidade

postado em 24/11/2010 08:00
As trombetas não tocaram, tampouco a corte desfilou pelo tapete vermelho. Mesmo assim, a entrada da rainha da Inglaterra no Facebook causou alvoroço em todo o mundo. Desde o início deste mês, a coroa britânica mantém um fan site na rede de relacionamentos, uma espécie de perfil em que posta as notícias do cotidiano do Palácio de Buckingham. Para se ter uma ideia, nos dois primeiros dias após o lançamento, a página recebeu mais de 200 mil visitas ; fãs de Elizabeth II e de sua família que podem, no máximo, curtir a página. E mostra como a realeza no mundo tenta passar imagem de modernidade

Isso porque o fan site não permite que ninguém se torne amigo da rainha. O link é criado por fãs ou para fãs que desejam homenagear os seus ídolos. A britânica não é a única monarca que tem uma URL como essa (veja quadro). A grande diferença é que a página inglesa é oficial, mantida por assessores da família real. Estratégia que parece estar funcionando: Elizabeth tem quase 300 mil seguidores até agora. E essa não é a primeira incursão da monarca no mundo virtual. Antes de brilhar no Facebook, a inglesa já tinha um perfil no Twitter e um canal no YouTube.

Angelo Segrillo, professor de história contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), fala sobre o declínio das monarquias absolutistas


A ilustre estirpe está gostando tanto do mundo virtual que o casamento do príncipe William foi anunciado no microblog e retuitado por milhares de pessoas ao longo da última semana. ;Ao usar esses instrumentos de comunicação, a realeza tenta se adaptar aos novos tempos, provar que tem alguma utilidade na vida real;, analisa Angelo Segrillo, professor de história contemporânea da Universidade de São Paulo. ;Antigamente, as coroas mantinham um papel recatado, agora elas procuram se conectar ao povo.;

Durante a Idade Média, a nobreza tinha poder absoluto e o rei era o primeiro entre os mais fortes, legitimando-se por meio do direito divino. Com o desenvolvimento do capitalismo, o poder absolutista caiu por terra e surgiram os primeiros estados republicanos. ;Alguns países simplesmente descartaram a monarquia, afinal, por que gastar uma nota para manter esse símbolo?;, questiona o professor Segrillo. No caso da Inglaterra, porém, já é consenso que Elizabeth e seus herdeiros são sinônimo de estabilidade.

;Embora os britânicos paguem milhões de libras para um grupo que tem mero papel decorativo, a maioria da população gosta da monarquia, é algo que está arraigado na tradição;, observa o especialista da USP. Diferentemente do que acontece em outros países europeus, como a Bélgica, a Suécia e o Principado de Mônaco. Albert II, representante do pequeno território, é afeito ao mundo das celebridades, mas ainda não se aventurou em facebooks e twitters da vida.

Estratégia
O professor Eduardo Pellanda, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, destaca que as ações da rainha inglesa são planejadas e visam a continuidade de sua influência no Reino Unido. ;Há dois anos, o Palácio de Buckingham lançou seu canal no YouTube. Naquela época, Elizabeth II postou um vídeo com a mesma saudação que costuma fazer diante das câmeras de televisão. Isso é extremamente simbólico;, afirma Eduardo.

Para o professor Angelo Segrillo, o comportamento virtual da monarca demonstra que ela está atenta à necessidade de sobreviver nos novos tempos. ;É mais do que moda: essas ferramentas têm um potencial muito grande de comunicação e os representantes do poder estão vendo isso, inclusive os políticos propriamente ditos;, ressalta. A classe passou a ver a importância da web após a eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, que conseguiu arrecadar uma quantia fantástica de recursos para a campanha na rede.

Além de Obama, outros líderes já se renderam ao fantástico mundo das redes sociais. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, o russo Dmitry Medvedev e o venezuelano Hugo Chávez têm perfis no Facebook. Chávez possui também uma conta no Twitter ; onde segue, por exemplo, a presidente eleita no Brasil, Dilma Rousseff.

Por aqui, a apadrinhada de Lula diminuiu bastante o número de tuítes desde o fim da eleição. ;Ela deve continuar no microblog, seria uma besteira deixar esse canal de lado. Mas, certamente, haverá outro foco;, aposta Eduardo Pellanda, da PUC/RS. ;Tudo é ainda muito novo. Essa é a moda do presente e os políticos estão correndo atrás dela;, completa o especialista da USP.

Súditos na web
As monarquias podem até não criar sites e perfis institucionais, mas seus fãs se encarregam da tarefa. Veja algumas coroas que conquistaram internautas:

Rainha Margarete II
A monarca dinamarquesa tem, pelo menos, seis fan sites no Facebook, incluindo dois em português, e centenas de vídeos no YouTube. Na página mais popular, na rede de Mark Zuckerberg, 94 pessoas curtiram o link.

Rei Juan Carlos

Nem tão famoso assim, o rei da Espanha tem duas páginas no Facebook, uma delas com apenas 50 fãs. Se na rede social sua popularidade não é lá essas coisas, é no YouTube que Juan Carlos dá um show. O vídeo em que ele pergunta ;por qué no te callas?; ao venezuelano Hugo Chávez já teve quase 900 mil exibições.

Rainha Silvia

Com dois fan sites no Facebook, a monarca da Suécia é a menos conhecida dos três: 35 pessoas curtem a página mais popular da rainha. No YouTube, porém, Silvia tem dezenas de vídeos, vários deles em português, já que a representante do país europeu mantém uma série de iniciativas voluntárias por aqui.As trombetas não tocaram, tampouco a corte desfilou pelo tapete vermelho. Mesmo assim, a entrada da rainha da Inglaterra no Facebook causou alvoroço em todo o mundo. Desde o início deste mês, a coroa britânica mantém um fan site na rede de relacionamentos, uma espécie de perfil em que posta as notícias do cotidiano do Palácio de Buckingham. Para se ter uma ideia, nos dois primeiros dias após o lançamento, a página recebeu mais de 200 mil visitas ; fãs de Elizabeth II e de sua família que podem, no máximo, curtir a página.

Isso porque o fan site não permite que ninguém se torne amigo da rainha. O link é criado por fãs ou para fãs que desejam homenagear os seus ídolos. A britânica não é a única monarca que tem uma URL como essa (veja quadro). A grande diferença é que a página inglesa é oficial, mantida por assessores da família real. Estratégia que parece estar funcionando: Elizabeth tem quase 300 mil seguidores até agora. E essa não é a primeira incursão da monarca no mundo virtual. Antes de brilhar no Facebook, a inglesa já tinha um perfil no Twitter e um canal no YouTube.

A ilustre estirpe está gostando tanto do mundo virtual que o casamento do príncipe William foi anunciado no microblog e retuitado por milhares de pessoas ao longo da última semana. ;Ao usar esses instrumentos de comunicação, a realeza tenta se adaptar aos novos tempos, provar que tem alguma utilidade na vida real;, analisa Angelo Segrillo, professor de história contemporânea da Universidade de São Paulo. ;Antigamente, as coroas mantinham um papel recatado, agora elas procuram se conectar ao povo.;

Durante a Idade Média, a nobreza tinha poder absoluto e o rei era o primeiro entre os mais fortes, legitimando-se por meio do direito divino. Com o desenvolvimento do capitalismo, o poder absolutista caiu por terra e surgiram os primeiros estados republicanos. ;Alguns países simplesmente descartaram a monarquia, afinal, por que gastar uma nota para manter esse símbolo?;, questiona o professor Segrillo. No caso da Inglaterra, porém, já é consenso que Elizabeth e seus herdeiros são sinônimo de estabilidade.

;Embora os britânicos paguem milhões de libras para um grupo que tem mero papel decorativo, a maioria da população gosta da monarquia, é algo que está arraigado na tradição;, observa o especialista da USP. Diferentemente do que acontece em outros países europeus, como a Bélgica, a Suécia e o Principado de Mônaco. Albert II, representante do pequeno território, é afeito ao mundo das celebridades, mas ainda não se aventurou em facebooks e twitters da vida.

Estratégia
O professor Eduardo Pellanda, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, destaca que as ações da rainha inglesa são planejadas e visam a continuidade de sua influência no Reino Unido. ;Há dois anos, o Palácio de Buckingham lançou seu canal no YouTube. Naquela época, Elizabeth II postou um vídeo com a mesma saudação que costuma fazer diante das câmeras de televisão. Isso é extremamente simbólico;, afirma Eduardo.

Para o professor Angelo Segrillo, o comportamento virtual da monarca demonstra que ela está atenta à necessidade de sobreviver nos novos tempos. ;É mais do que moda: essas ferramentas têm um potencial muito grande de comunicação e os representantes do poder estão vendo isso, inclusive os políticos propriamente ditos;, ressalta. A classe passou a ver a importância da web após a eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, que conseguiu arrecadar uma quantia fantástica de recursos para a campanha na rede.

Além de Obama, outros líderes já se renderam ao fantástico mundo das redes sociais. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, o russo Dmitry Medvedev e o venezuelano Hugo Chávez têm perfis no Facebook. Chávez possui também uma conta no Twitter ; onde segue, por exemplo, a presidente eleita no Brasil, Dilma Rousseff.

Por aqui, a apadrinhada de Lula diminuiu bastante o número de tuítes desde o fim da eleição. ;Ela deve continuar no microblog, seria uma besteira deixar esse canal de lado. Mas, certamente, haverá outro foco;, aposta Eduardo Pellanda, da PUC/RS. ;Tudo é ainda muito novo. Essa é a moda do presente e os políticos estão correndo atrás dela;, completa o especialista da USP.

Súditos na web
As monarquias podem até não criar sites e perfis institucionais, mas seus fãs se encarregam da tarefa. Veja algumas coroas que conquistaram internautas:

Rainha Margarete II
A monarca dinamarquesa tem, pelo menos, seis fan sites no Facebook, incluindo dois em português, e centenas de vídeos no YouTube. Na página mais popular, na rede de Mark Zuckerberg, 94 pessoas curtiram o link.

Rei Juan Carlos

Nem tão famoso assim, o rei da Espanha tem duas páginas no Facebook, uma delas com apenas 50 fãs. Se na rede social sua popularidade não é lá essas coisas, é no YouTube que Juan Carlos dá um show. O vídeo em que ele pergunta ;por qué no te callas?; ao venezuelano Hugo Chávez já teve quase 900 mil exibições.

Rainha Silvia

Com dois fan sites no Facebook, a monarca da Suécia é a menos conhecida dos três: 35 pessoas curtem a página mais popular da rainha. No YouTube, porém, Silvia tem dezenas de vídeos, vários deles em português, já que a representante do país europeu mantém uma série de iniciativas voluntárias por aqui.

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