postado em 21/12/2010 08:00
A Nintendo conseguiu mudar a maneira como os games são encarados pela sociedade com o simpático Wii e o controle baseado em sensor de movimentos. A aposta de expandir o público-alvo do console para pessoas avessas à complexidade dos joysticks deu certo e a criadora de Mario, Zelda e Metroid retomou o primeiro lugar nas vendas de hardware, encerrando uma década de domínio do mercado pela marca Playstation. Mas, com quatro anos de vida, o Wii começa a dar sinais de esgotamento.As vendas deste ano nos Estados Unidos caíram 11% em relação a 2009, segundo dados do VGChartz, que compila a tabela de vendas de cada console (entre janeiro e novembro). Apesar disso, o Wii ainda domina o mercado com folga, com 79 milhões de unidades comercializadas desde o lançamento (novembro de 2006). O Xbox 360 é o segundo colocado, com 47,3 milhões, e o Playstation 3 é o terceiro, com 43,2 milhões.
Embora a tendência de redução das vendas seja considerada normal para um aparelho que está no mercado há quatro anos, o Wii agora conta com concorrentes, em um terreno que dominou sozinho: o dos jogadores casuais, interessados em se divertir, mas avessos ao complexo esquema dos controles de um videogame ; segmento que a própria Nintendo fez crescer. Desde o anúncio em feiras de games no ano passado, o Move da Sony e o Kinect, da Microsoft, já eram vistos como respostas à proposta do console da Nintendo.
A chegada de ambos neste Natal vem animando Microsoft e Sony. Em novembro, o controle-câmera Kinect vendeu 2,5 milhões de unidades ; o primeiro mês nas lojas ; e ajudou o Xbox 360 a vender mais unidades que o Wii no período, nos Estados Unidos: 1,37 milhão de aparelhos, contra 1,27 milhão do líder. Já o Move, disponível lá fora desde setembro, contabilizou 4,1 milhões de unidades comercializadas.
Tanto o Move quanto o Kinect servem para quebrar a segmentação de mercado. Um dos fatores levou o Wii a se manter na ponta por tanto tempo, apesar de ter processamento e potencial gráfico inferiores ao dos concorrentes. O aparelho da Nintendo foi o único dos consoles de mesa desta geração a não ter suporte a imagens em alta definição. Pesa também o fato de o Xbox 360 e o Playstation 3 servirem como centrais de mídia, tanto para armazenamento de arquivos quanto para serviços de streaming, como Netflix e Hulu.
Entre o público ávido por videogames, é comum encontrar jogadores que escolheram primeiro o Wii e depois adquiriram um segundo console. ;Achei boa a proposta do controle. Mas depois que passou a sensação de novidade, percebi que a maneira de jogar é repetitiva, só usando o movimento de chacoalhar o controle;, explica o estudante Rafael Gatti, 24 anos, que optou pelo Wii e, posteriormente, comprou um Playstation 3. ;A Nintendo parece ser a única que consegue fazer jogos para seu próprio console;, justifica.
Caminhos
Mesmo sem perspectivas animadoras, a Nintendo não tem mostrado preocupações com o futuro. Os maiores anúncios para o Wii na última E3 foram jogos, todos marcas da casa ou nomes com fortes ligações à Nintendo, como o remake de Goldeneye 007, original do Nintendo 64. Novidades de hardware como o Vitality Sensor, reveladas em 2009, sequer foram divulgados na feira deste ano.
Especulações de analistas da indústria divulgadas durante todo o ano previam uma segunda versão do Wii, com gráfico em alta definição e um drive de blu-ray. Todas foram negadas pelos executivos. ;Quando nossos desenvolvedores de jogos tiverem uma ideia que não possa ser realizada na atual plataforma, começaremos a pensar seriamente no próximo sistema;, disse à Forbes o presidente da Nintendo americana, Reggie Fils-Aimé.
Para o Wii, a estratégia continua a ser o foco nos jogos. Do portfólio de franquias da Nintendo, vale lembrar que Zelda ainda ganhará um game específico para o console no ano que vem, o que deve aquecer as vendas do console.
A principal aposta da companhia no futuro próximo é o 3DS, que roubou a cena da E3 deste ano com a proposta de exibir imagens 3D sem a necessidade de usar óculos especiais. O portátil tem previsão de lançamento em março. A Nintendo também começa a ver forte concorrência no segmento dos portáteis, com a expansão de games em plataformas de smartphones como o iOS e o Android.