postado em 15/03/2011 08:00
Os investimentos em tecnologia da informação (TI) estão a todo vapor entre as empresas brasileiras. De acordo com a consultoria a IDC, a busca por soluções e produtos que aumentem a produtividade e diminuam os gastos devem crescer 13% este ano no Brasil, o que supera o anunciado para o mundo todo (7%) e vai além da média prevista para a América Latina (11%). Nessa área, uma preocupação norteia grande parte das empresas: montar soluções tecnológicas que ofereçam menos impacto para a natureza. É aí que entra a TI verde. ;O benefício mais imediato da adoção de uma TI sustentável é em espaço e em energia elétrica, além do apelo do mercado por ser uma iniciativa amiga da natureza;, afirma Roberto Mayer, vice-presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro).
O último levantamento sobre TI verde da Symantec, empresa de antivírus, revela que 51% das empresas já implantaram projetos nesse segmento no Brasil. E mais de 95% das companhias entrevistadas acreditam que o setor de tecnologia tem grande influência na popularização de iniciativas ecológicas. ;Temos computação pronta para ser usada como nunca se viu e com um custo muito barato. A economia está sendo repassada para o usuário final;, explica Otávio Pêcego, arquiteto sênior da Microsoft e especialista em cloud computing.
Uma das soluções nessa área que diminui o impacto do uso de equipamentos tecnológicos é o trade in. O programa ; que tem atraído pequenas e médias empresas (PMEs) ; consiste na compra de equipamentos já utilizados por grandes companhias, geralmente com poucos anos de uso, a preços mais baixos, mas com qualidade ainda superior. Os computadores passam por uma limpeza e exclusão de dados, e, em seguida, faz-se uma avaliação da usabilidade. Cerca de 30% dos nossos clientes são PMEs. Um dos benefícios é não ter que se preocupar com o descarte e a manutenção das máquinas, além de diminuir os custos de compra e armazenamento;, afirma Ricardo Abdalla, gerente da área de trade in da CSI Leasing.
O processo gera uma diminuição de gastos ao empresário, que é repassada ao usuário final. ;Conseguimos ajudar principalmente na parte de inclusão digital. Escolas e telemarketing são clientes que adquirem esses produtos. Hoje, por exemplo, um notebook com três anos de uso, após esse processo, pode sair por R$ 400;, explica Abdalla.
[FOTO2]Virtualização
Apontada como uma das vedetes da TI verde, a virtualização pode gerar mais economia e melhorar a imagem das empresas. ;Quando se realiza esse processo nos servidores, diminui-se o número de equipamentos em uso. Reduz-se ainda os gastos com energia, principalmente com ar-condicionado, e com espaço físico. Temos clientes que foram para a virtualização apenas por causa da TI verde, pois a economia nesses setores já paga o investimento;, aponta Luiz Szente, gerente de desenvolvimento de negócios da Citrix, empresa especializada em virtualização.
;A empresa começa a ter ganhos em escala logarítmica. Em vez de gastar com equipamentos caríssimos, a companhia pode adotar a virtualização em tablets e em smartphones, que são menores, menos poluentes e têm uma vida útil maior. O consumidor também sai beneficiado. Há empresas no Brasil que conseguem baixar os preços de produtos apenas com uso dessa solução. O marketing de ser verde também atrai os consumidores;, aponta Szente.
Além da virtualização, a computação nas nuvens vem ganhando destaque. Um estudo feito pela Microsoft, pela Accenture e pela WSP Environment & Energy mostra que a transferência de aplicativos de negócios para a nuvem pode gerar uma economia de cerca de 30% em emissões de carbono, sendo que em pequenas empresas essa redução pode alcançar 90%. ;As PMEs têm adotado o cloud computing com uma rapidez surpreendente em Brasília. Principalmente as aplicações que envolvem colaboração na nuvem, como e-mail e agenda;, explica Theo Papas, responsável pelas operações da Microsoft em Brasília.
Ainda segundo o estudo, uma aplicação típica instalada na empresa utiliza, em média, de 5% a 10% da capacidade servidor. Já o mesmo aplicativo na nuvem pode atingir de 40% a 70% dessa capacidade computacional. ;Sempre é bom fazer um uso consciente da tecnologia. A TI verde é importante para sociedade como um todo. Só há benefícios;, aponta Papas.
Lixo eletrônico
Mais de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidos por ano no mundo, de acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). No ranking geral, o Brasil ocupa o segundo lugar, com 96,8 mil toneladas descartadas por ano; atrás apenas da China, com 300 mil toneladas. Ainda segundo o estudo, cada brasileiro joga fora 500g de lixo eletrônico por ano.
Faça em casa
Não são apenas as empresas que podem lucrar com a redução de custos utilizando a TI Verde. Em casa, o usuário pode economizar e preservar a natureza ao utilizar sistemas operacionais e sites que oferecem soluções sustentáveis. Uma das dicas é ativar a função de gerenciamento de energia, que faz com que o computador desligue o monitor e os discos rígidos quando não estão em uso. Compartilhar arquivos por e-mail ou pela nuvem e evitar a impressão também contribui para economizar. Centros de recondicionamento e reciclagem podem ser opções para os equipamentos que não têm mais uso.
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