postado em 24/05/2011 20:22
Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg são nerds que viraram famosos depois de mostrarem ao mundo o poder de suas ideias. Eles foram muito além do imaginável e se tornaram bilionários com a popularização dos produtos que criaram. Mas, aqui em Brasília, há ; descontando-se os cifrões, claro ; alguns apaixonados por tecnologia, games e design que também se destacam na criatividade e no empreendedorismo. O cientista da computação Saulo Camarotti, 24 anos, sempre foi um aluno exemplar. Tirava boas notas, era participativo e se interessava por ficção científica e internet. ;Fiz meu primeiro site em HTML aos 9 anos. Aos 12, fiz um curso de programação com alunos acima de 40. Na universidade, enquanto o pessoal estava no churrasco, eu ficava desenvolvendo games;, revela.Do comportamento nerd para a independência financeira foi um pulo. Em 2009, ele e o colega da mesma formação Pedro Guerra, 24, fundaram uma empresa de desenvolvimento de jogos com incentivo de espaço físico e operacional do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB. A empresa já criou três jogos, emprega oito funcionários e garante uma boa ; é segredo, claro ; renda dos sócios. ;Nos mantemos só com o dinheiro da empresa, mas é sazonal. Tem mês que ganhamos muito bem e outros que nem tanto; mesmo assim, é um ambiente rentável;, garante Saulo.
Ele reconhece que pode ser considerado um nerd que deu certo ; e todos não dão? ;E não somente na profissão, como na vida pessoal;, ressalta. ;Sou um nerd muito sociável, casado. Minha esposa sempre se interessou pela minha área e, como gosto de criar e usar o conhecimento, chamei a atenção dela.; Para completar o potencial nerd, Saulo é baterista de uma banda de músicas de jogos de videogame que usa até iPads para tocar. É a Debuggers ; nome dado a softwares que encontram defeitos em outros programas.
Igor Elias é outro exemplo de nerd brasiliense que apostou na diversão para ganhar dinheiro. Aos 23 anos, é CEO e fundador de um fabricante de produtos de informática e eletroeletrônicos. A empresa tem escritórios em Brasília e São Paulo e fábrica na Bahia. Igor possui 65% da corporação e se diz satisfeito com a aposta. ;Ela é meu único trabalho e já cresceu bastante. Comecei a trabalhar bem novo e já atingi a independência financeira.; O jovem não precisou terminar a faculdade para se tornar um nerd de carteirinha. Fez apenas dois anos de administração e admite que não tinha um bom desempenho em sala de aula. A confirmação de que o rótulo lhe cabe bem é medida pelo tempo gasto em pesquisas na internet e na leitura de livros ; além, é claro, do sucesso financeiro.
Fanboy
Gostar de histórias em quadrinhos, bonecos de super-heróis e filmes de ficção científica não é passatempo exclusivo para crianças e adolescentes. Gente grande se assume cada vez mais fã das lembranças do passado. O artista multimídia Hermes III, 39, é um nerd da categoria e integra o Conselho Jedi do DF. O artista trabalha em casa com pesquisa e criação de figurinos de filmes ; medievais e qualquer tema que for pedido. Por isso, ele se define um fanboy diferenciado. ;O fanboy é aquele cara que pesquisa, compra e troca experiências com os amigos. Eu sou tudo isso e ainda crio cultura, pois faço roupas, roteiros e cenários;, esclarece.
Hermes leva o trabalho a sério e chega a passar um dia inteiro envolvido com as produções. Muitas vezes, vai dormir quando o dia clareia. ;Crio roupas desde 1989. Consigo fazer com que uma pessoa fique igual ao desenho animado;, afirma. Os dotes artísticos não evitam apenas uma dificuldade nerd para Hermes: a interação social. Ele confessa que, muitas vezes, prefere ficar sozinho a sair. Baladas? ;Nem pensar.;
Lugar na web
O site Jovem Nerd ; reduto de aficionados por tecnologia, livros, filmes e interesses ;cabeçudos (www.jovemnerd.ig.com.br) foi um dos pioneiros no país a explorar essa temática. Criado em 2002 pelos amigos Alexandre Ottoni e Deive Pazos, recebe um milhão de acessos por mês, ou três milhões de page views. As nerdices retratadas na internet mostram um pouco do universo dos criadores. Ottoni, 32 anos, é fanático por Star Wars, livros, games, RPG, histórias em quadrinhos e cinema ; mas sempre foi um aluno ;na média;. Ele explica que nerd, ao contrário do que muitos pensam, é uma pessoa especializada em um interesse que lhe agrada e, não, um sabichão de todas as áreas. ;Nunca repeti de ano, mas concentrava meus interesses em ficção científica e videogames.;
Ottoni fez faculdade de desenho industrial e, desde 1996, trabalha com internet e design. Aos poucos, o hobby virou compromisso. Em 2005, ele e o sócio abriram uma empresa para administrar o site, que virou a principal fonte de renda da dupla. ;Tornamos o trabalho do Jovem Nerd lucrativo. Hoje, ganho mais do que quando era assalariado, mas não estou rico. Não posso parar de trabalhar;, afirma.
As ações empreendedoras da dupla não param. Na página, é possível fazer compras de produtos da marca na loja virtual Nerdstore ou de um livro com temática nerd no selo editorial Nerdbooks. Ottoni associa essa bandeira intelectual à era digital. ;Hoje em dia, é preciso informação para ter poder. Os criadores (nerds, por sinal) do Google e do Facebook, por exemplo, mudam as tendências mundiais e são bilionários.; Para ele, é neste nicho que os superinteligentes se encaixam. ;Os nerds estão à frente, o poder está na mão deles.;