postado em 26/07/2011 08:00
A metade da laranja, a tampa da panela, o yin para o seu yang, o plug do seu USB. A busca pela alma gêmea sobreviveu a guerras e revoluções e ainda representa uma das principais preocupações, certo? Durante muito tempo, o avanço tecnológico foi acusado de isolar e segregar as pessoas, mas estudos recentes comprovam a importância da internet e de outros meios digitais na criação e manutenção dos relacionamentos amorosos.Pesquisa realizada pelo portal Educacional revelou dados sobre a participação da internet na vida amorosa dos jovens. Dos mais de 10,5 mil entrevistados, um quarto já ;ficou; com pessoas que conheceu pela rede. Nove em cada 100 já fizeram sexo virtual, e 4% levaram a relação às vias de fato fora da internet. Pelo menos 7% deles afirmaram ter postado fotos e vídeos ;mais ousados; em redes sociais. Outros 17% enfrentaram problemas no namoro devido a alguma publicação e 14% já tiveram relacionamentos virtuais. Por fim, um quinto dos participantes acha que pode paquerar normalmente na internet, mesmo namorando.
A indefinição sobre os limites e as responsabilidades nesse tipo de relacionamento é um sintoma das novas formas de se envolver com o resto do mundo.
É assim, por erros e acertos, que a sociedade lida com a nova realidade, segundo Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI) da Pontifícia Universidade de São Paulo. ;Este fenômeno é inédito na história humana. É uma configuração de oportunidades com a qual o ser humano tem que aprender a lidar;, diz.
A professora afirma que não acontece nada na internet que já não está potencializado na humanidade e os riscos fazem parte deste processo de descoberta. ;As formas de relacionamento aceleradas e intensas da internet abrem oportunidades para o bem e para o mal.;
Estudo feito pelo site de relacionamentos norte-americano OK Cupid constata que pessoas com contas ativas no Twitter, por exemplo, têm relacionamentos dois meses mais curtos, em média, do que o restante da população. O número parece indicar uma disputa desleal pela atenção do usuário de tecnologia. De um lado, a pessoa amada. Do outro, smartphones, computadores e redes sociais.
Sem ligar para estudos ou estatísticas, diversas gerações continuam a utilizar a rede como um meio para criar e manter seus relacionamentos amorosos ou sexuais. Mas de que maneiras o contato via internet ajuda ou atrapalha? Para o trio de amigas Camila Vaz, Sara Freitag e Ingrid Alves, o ambiente eletrônico é um meio de investigar a vida dos parceiros. Já a empresária Denise Braga usou o computador para achar seu atual marido, por meio de uma agência de relacionamentos.
Telas quentes
Além dos affairs que a internet pode proporcionar, existe outro tipo de envolvimento virtual de arrancar suspiros.
É a onda do cibersexo ; toda atividade on-line que tenha o objetivo de satisfazer fantasias eróticas, segundo o Instituto de Psicologia em Informática (Psicoinfo), do Rio de Janeiro. A prática potencializa a exploração de outros campos da sexualidade, além do sexo real. Segundo a psicóloga Luciana Nunes, cada vez mais as ferramentas tecnológicas estarão nas relações virtuais e na busca insaciável do prazer sexual.
;Existem dispositivos em fase de teste para estarem no mercado em pouco tempo, onde plugs conectados nos computadores simulam movimentos desejados pela pessoa do outro lado da tela. É uma evolução;, comenta Luciana. Mas o uso dos eletrônicos com este fim pode ser polêmico quando vira justificativa para ;pular a cerca;. Afinal, sexo on-line pode ser considerado traição? ;Depende do nível de investimento emocional e do comprometimento nas relações presenciais. Se houver prejuízo presencial é traição;, opina.
Quando os namoros picantes ficam tão frequentes a ponto de se tornarem um vício, é preciso cuidado. De acordo com um estudo de Francisco Alonso-Fernández, presidente da Sociedade Europeia de Psiquiatria Social, 7% dos internautas já estão no nível de dependência. Elas passam de 15 a 20 horas por semana em sites de fotos, filmes, salas de bate-papo ou grupos de discussão sobre sexo.
Mesmo nos casos em que não há transtornos repetitivos, a sexualidade é um aspecto natural. Mas, para a professora Rosa Farah, a novidade é o meio de expressão destas vontades. ;O que acontece no mundo digital é que muitas facetas da sexualidade que antigamente eram mais veladas tornam-se hoje mais perceptíveis e visíveis;, explica.
Luciana Nunes ainda considera que a internet acompanha o desenvolvimento da comunicação e da sociedade como um todo e, portanto, as pessoas a utilizam para se encontrar, se conhecer ; assim como antes jovens iam para as praças para se encontrar com outro. ;Alguns relacionamentos vão fazer da mediação pela informática mais um recurso a seu favor ; e o que vai surgir deste encontro é um fato muito particular do casal.;
Bem-me-quer;
; Para os casais que vivem em cidades ou países diferentes, a tecnologia ajuda a matar as saudades e manter algum tipo de contato. A webcam e outros gadgets auxiliam a compartilhar experiências, por exemplo
; Fóruns e comunidades virtuais podem se converter em terapias em grupo para casais com problemas
; Um SMS romântico, um presentinho virtual ou mesmo aquela apresentação de slides pode amolecer o coração do parceiro
;mal-me-quer
; Tuitar ou dar check-in no microblog durante um jantar romântico pode ser interpretado como pouco caso
; Em princípio, não há problema em adicionar antigos relacionamentos. O problema é quando começam os comentários impertinentes: ;saudades...;, ;bons tempos aqueles...;
; As brigas de casal devem ficar o mais longe possível das postagens públicas
; Filmar ou fotografar cenas mais quentes pode ser um fetiche do casal, mas cuidado para que eles não caiam na rede
; Na hora de terminar o relacionamento, deixe o meio virtual de lado e resolva a pendência pessoalmente