Tecnologia

Na contramão do avanço tecnológico, colecionadores exaltam games clássicos

postado em 09/08/2011 08:25
Atari, criado em 1977, chegou ao Brasil seis anos depois: para relembrar (ou conhecer) games clássicosMuito antes dos tablets, da telefonia portátil e mesmo da internet caseira, os jogos com baixa resolução e capacidade de processamento limitada invadiram as salas e o orçamento de famílias em todo o mundo. Duas décadas após a invenção do televisor a cores, pais eram obrigados ; pelo menos nas casas de classe média ; a abandonar o telejornal diário para que seus filhos jogassem videogame. O Odyssey 100, lançado pela Magnavox, em 1972, vendeu mais de 100 mil unidades logo no ano de estreia. No Brasil, os primeiros aparelhos só chegaram 11 anos depois, em 1983 ; foi quando o historiador e ex-colecionador Marcus Garrett teve seu primeiro contato com os jogos eletrônicos.

Aos dez anos, Garrett ganhou de sua mãe o primeiro videogame, um Atari 2600. ;Vivenciei a chegada dos jogos ao país, mas com o tempo passei a jogar em suportes como o microcomputador Amiga;, conta. O interesse pelos consoles voltou em 1995, com o falecimento da mãe e o surgimento da internet. ;Comecei a pesquisar sobre o Colecovision e outras plataformas antigas, por pura nostalgia. No mesmo ano, já estava trocando cartuchos de Odyssey com colecionadores americanos.;

Garrett se diz contrário à ideia de comparar videogames novos e antigos, mas em seguida afirma preferir os clássicos. ;Muitas vezes, uma única pessoa produzia o jogo inteiro, da ideia à programação. Hoje existem equipes gigantes para cada franquia;, diferencia. Segundo ele, os jogos antigos tinham enfoque maior na destreza do usuário do que na narrativa ; a cada nível, a mesma ação era repetida em maior velocidade. O interesse pelos jogos retrô rendeu até um livro, o 1983: O ano dos videogames no Brasil (108 páginas, R$ 45).

O presidente da Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games (Acigames), Moacyr Alves Jr., ficou famoso entre os aficionados por videogames graças à sua coleção, com mais de 140 consoles e 3 mil softwares, dos clássicos aos mais modernos. Desde que assumiu o comando da associação, o colecionismo ficou em segundo plano. Para ele, a atividade enfrenta sérias dificuldades no país e corre sério risco de acabar.

;A mídia física está morrendo, e os jogos, migrando para o digital. Além disso, a quantidade de jogos lançada hoje é tão grande que fica impossível acompanhar o ritmo;, lamenta. Moacyr discorda da ideia de que emuladores e releituras renovem o interesse nos produtos. ;Servem apenas para matar o saudosismo da minha geração, de 30, 40 anos. Os novos jogadores não vão se interessar por este tipo de produto. No máximo, vão assistir por alguns minutos e buscar outra coisa;.

Para quem deseja acalmar a nostalgia e manter contato com os jogos clássicos, as opções são amplas. Resgatando aparelhos antigos ou instalando emuladores nos sistemas recentes, é possível relembrar (ou conhecer) um pouco da recente história dos videogames. Difícil vai ser comprar o Kichute, as balas Juquinha, o refrigerante Crush...

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