postado em 09/08/2011 08:32
Os avanços da informática facilitam, cada vez mais, a inserção do deficiente no uso do computador e da internet. As redes sociais, por exemplo, podem ser bons recursos para ajudar pessoas como Lucas Radaelli. Cego desde os 4 anos, hoje, aos 20, usa o Twitter para pedir opinião aos mais de 4.600 seguidores na hora de comprar roupas ou escolher o que irá comer em um restaurante. Para manter-se conectado, Lucas leva o iPhone para todos os lugares e ajuda outros deficientes a mexerem no aparelho pelo site Acessibilidade Apple.
Segundo o blogueiro do Blog do Deficiente Físico, Luis Ricardo Correia, o interesse desse público por tecnologia ainda é baixo e seria um reflexo da pouca escolaridade, devido à escassez de instituições de ensino adaptadas para recebê-los. Porém já é possível observar o que os deficientes procuram na web. ;Os jovens têm buscado mais sobre tecnologias que possam auxiliá-los no dia a dia e na inserção social. Já os mais velhos usam a internet para buscar informações sobre direitos;, explica.
Formado em sistemas de informação, Paulo Andrade, 24, é um desses jovens que não perdem nenhuma novidade que facilite a comunicação na internet. Ele é surdo e usa a videoconferência para conversar com outros deficientes por meio da língua de sinais. ;Mas as redes 3G e 4G ainda são caras e lentas, o que dificulta a videoconferência, que precisa de velocidade de banda larga e qualidade de vídeo;, reclama. Além disso, Paulo usa bate-papos e redes sociais, como Facebook e Twitter.
O estudante Leomon Moreno, 17, é cego e usa celular com leitor de tela. O aparelho facilitou a vida do estudante. ;Antes, eu dependia de alguém. Agora, é tudo por minha conta;, comemora. Graças à tecnologia dos leitores de tela, Leomon também navega na internet e entra todos os dias no MSN. ;Fico bastante tempo no bate-papo e foi a melhor maneira que achei para me comunicar;, acrescenta.
O presidente da Associação dos Amigos dos Deficientes Visuais (AADV), José Bernardo da Silva, explica que a tecnologia voltada para os cegos evoluiu bastante com os leitores de tela para celular e computador, como os programas Jaws, Dosvox, Linux Orca e Virtual Vision. Na associação, os deficientes visuais podem fazer curso gratuito de digitação. ;Depois do curso, eles treinam em nosso telecentro e, se quiserem avançar mais, sugerimos lugares que dão cursos de informática;, explica o presidente.
Em busca de soluções
Em 2009, o então estudante de ciências da computação Luiz Gustavo Gesswein observou a dificuldade de um cego para chegar ao outro lado de uma rua. ;Tanta tecnologia e não conseguem fazer um cego atravessar?;, pensou. Em seguida, veio a solução. ;E se eu usasse o celular para guiá-lo?;. Foi com essa sacada que Gustavo encontrou uma finalidade para o trabalho de conclusão de curso: desenvolver um aplicativo para guiar cegos pelo smartphone, por meio da plataforma Android.
O Projeto Cruz, referência ao último sobrenome do graduado de 26 anos, ganhou nota máxima e o prêmio de melhor trabalho de conclusão de curso pela Associação Nacional das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro), do Rio Grande do Sul. O aplicativo funciona por meio da realidade aumentada. Em um ambiente fechado, Luiz Gustavo colou símbolos em cadeiras e portas. Os desenhos eram filmados pela câmera do aplicativo, que identificava os objetos. Em seguida, o programa calculava a distância do cego até o alvo, guiando-o no ambiente.
Por enquanto, o trabalho de Luiz Gustavo está na fase de prova de conceitos e falta passar por testes com os usuários para sugerirem melhorias. ;Pensando nisso, decidi criar uma nova versão, sem a necessidade do uso de marcadores de realidade aumentada, de modo a funcionar em ambientes abertos;, anuncia. A ideia do pesquisador é lançar o sistema até 2014. ;No futuro, cegos terão seus próprios guias digitais, com mapas atualizados. Não duvido que, um dia, eles ajudem pessoas perdidas a encontrar determinados locais;, espera.
Seja voluntário
; A Associação dos Amigos dos Deficientes Visuais (AADV) precisa de voluntários para dar aula de disciplinas do ensino médio (como matemática, português, física etc.), para concurso público e para gravar a leitura de livros. Os interessados devem entrar em contato com o presidente José Bernardo da Silva, nos telefones 3345-1631, 8555-7610 e 8181-2772.