postado em 13/09/2011 09:54
Como será que Leonardo da Vinci, Michelangelo, Beethoven e Picasso reagiriam ao saber que a evolução tecnológica tornou a arte mais acessível? Os 77 centímetros da Mona Lisa, por exemplo, podem ser vistos em qualquer parte do mundo com alguns cliques no site do Museu do Louvre ; com impressionante precisão. Concertos, óperas, teatro e a dança estão nas telas de smartphones e notebooks. A internet amplia as possibilidades artísticas de tal maneira que a imaginação fica sem limites.
A transição dos modelos artesanais para a plataforma virtual é crescente. Segundo a consultoria Forrester, 66% dos que possuem um e-reader leem romances nas telinhas. Só nos Estados Unidos, os e-books movimentaram US$ 966 milhões no último ano. A indústria fonográfica, por sua vez, está para lá de otimista em relação à evolução do negócio digital. Mais de 13 milhões de músicas estão à disposição dos internautas em mais de 400 serviços legais, como a loja da Apple e serviços como o Spotify (programa para escutar músicas).
Pinturas e esculturas, antes no museu, ganham galerias virtuais ; onde os artistas vendem com mais facilidade para o mundo todo. O site do Pictures on Walls e a loja virtual da Choque Cultural comercializam obras de variados preços. E mais: sem sair de casa, dá para conferir as obras de grafite nas ruas de qualquer país pelo Google Street Art View. O site reúne 6.308 mil gravuras e já recebeu 1.039.654 visualizações, quatro vezes a média mensal do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o mais visitado do país.
Mas não é só o acesso que ficou mais fácil. Muitos apetrechos e sofwares são desenvolvidos para aprimorar os espetáculos de arte presenciais. O programa LifeForms 5.0 ajuda bailarinos e coreógrafos com animações de modelos de corpo que capturam movimentos sequenciais. Ele possui avançadas ferramentas de conversão de arquivos e mais de 750 exemplos de passos. Há também como fazer uma obra de arte coletiva no site Twiddla.com. É uma ferramenta de colaboração on-line em que as pessoas fazem desenhos e outras completam, melhoram ou acrescentam algo.
O estudante de desenho industrial da UnB Diego Moscardini, 28 anos, conta que a internet é essencial para quem trabalha com arte. ;As redes sociais são excelentes para fazer marketing. E outra: vejo sites de outros artistas e as novidades. Antigamente, tínhamos que recortar imagens de revistas para aprimorar os desenhos;;, diz. Moscardini fez um portfólio virtual há 6 meses. Desde então, a demanda de trabalho aumentou 20%.
Se Shakespeare estava certo ao dizer que a ;a arte é o espelho e a crônica da sua época;, logo as características do intenso movimento virtual de hoje estão refletidas nos trabalhos dos artistas. É o que mostra a quinta edição do Festival de Arte Digital (FAD), em Belo Horizonte, que vai até 2 de outubro. Nela, estão tudo de novo em relação aos formatos audiovisuais que surgem com tecnologias e mídias digitais. São 21 produções inéditas, entre performances, instalações e oficinas, originários de países como França, Itália, Alemanha, EUA, Portugal e, claro, Brasil.
O objetivo do FAD é propor uma reflexão sobre as transformações tecnológicas em bate-papos e oficinas com diretores, técnicos e produtores audiovisuais. Segundo o idealizador do projeto, Tadeus Mucelli, a intenção é promover o crescimento de trabalhos experimentais de arte, criados a partir da digitalização. ;A arte existe independentemente de dispositivos eletrônicos, mas quando conectadas às mídias e dispositivos proliferam-se;, explica.
Outros festivais que enaltecem a arte interativa com tecnologia são a Prix Ars Electronica, na Áustria; o DEAF na Holanda; o Transmediale, na Alemanha; e o AV Festival, na Inglaterra. Na América do Sul, o maior evento é o Festival Internacional da Linguagem Eletrônica (File), em São Paulo.
ENTRE E CURTA
Museu do Louvre
www.louvre.fr
Street Art View
www.streetartview.com
Festival de Arte Digital
www.festivaldeartedigital.com.br
Twiddla
www.twiddla.com
Pictures on Walls
www.picturesonwalls.com
Choque Cultural
www.choquecultural.com.br