Tecnologia

Pesquisas delineiam perfis dos usuários de cada tipo de smartphone

Gláucia Chaves
postado em 25/11/2011 09:16

Heloísa adora o design do iPhone: hoje, o aparelho virou inseparávelQuem tem um iPhone é moderno e antenado; aqueles que preferem celulares com o sistema operacional Android gostam de assistir a televisão pelo aparelho; e adeptos do BlackBerry são pessoas ocupadas, que precisam resolver problemas profissionais a qualquer momento. As características citadas são perigosamente generalizantes, mas várias pesquisas de mercado indicam que os perfis dos usuários de smartphones estão bem próximos disso.

Além de mapear as preferências dos consumidores, encontrar pontos em comum entre as pessoas que compram e usam os smartphones ajuda os fabricantes a melhorarem os serviços oferecidos. Ao mesmo tempo, os dados podem dar uma mãozinha aos clientes indecisos.

Para tentar classificar e entender os gostos de quem pretende entrar na era dos telefones inteligentes, a empresa americana Prosper Mobile Insights fez uma enquete entre usuários de iOS, Android e BlackBerry. Descobriu que, aparentemente, quem escolhe uma das duas primeiras opções gosta mesmo é de se divertir.

Segundo a pesquisa, 80% deles costumam baixar aplicativos, especialmente de jogos, contra apenas 64% dos que usam o BlackBerry. Além disso, 38% dos donos de iPhone assistem a programas de tevê e filmes no telefone, enquanto só 24% dos adeptos do BlackBerry o fazem.

Admiradora confessa dos aparelhos da Apple, Heloísa Rocha, 45 anos, comprou seu primeiro iPhone há três anos. Na época, o escolhido foi o 3GS ; que já foi, obviamente, substituído pelo modelo mais atual no Brasil, o iPhone 4. Além das funcionalidades, Heloísa admite que o que a conquistou mesmo foi o jeitão do aparelho.

;Como sou publicitária, sou muito ligada ao design dos produtos que compro;, justifica. Mais que um celular, Heloísa quer um produto que possa oferecer tudo o que ela precisa na palma da mão: a agenda de telefones e endereços já virou coisa do passado e, qualquer dúvida, basta acessar a internet. ;Nem escrevo mais em papel, só no iPhone;, diverte-se.

Defensor do Android, o assessor Gustavo Gonçalves, 32 anos, chegou a ficar em dúvida antes de escolher a plataforma ideal. Acabou optando pelo sistema operacional do Google pela mobilidade e facilidade de comunicação com outros produtos.

;É mais fácil assistir a televisão, o som é melhor e o bluetooth é mais fácil de usar que o do iPhone;, justifica. Atualmente, ele conta que é como se tivesse um notebook de bolso, já que consegue fazer a maioria das coisas que fazia antes no computador no próprio celular.

Desde agosto do ano passado, quando passou para o time dos ;androidianos;, até sua filha Maria Cristina, 7 anos, aproveita quando o pai se afasta um pouco do aparelho. ;Tenho três aplicativos de jogos instalados, dois são só para ela;, conta. A vida com smartphones, segundo ele, ficou mais dinâmica. ;Antes, checava meu e-mail e redes sociais a cada três horas. Agora, tudo o que preciso saber, consigo instantaneamente.;

Estratégia


E não é só o sistema operacional que conta: segundo Trevor Pinch, professor da Universidade Cornell, os aplicativos que as pessoas escolhem também revelam informações importantes a respeito da personalidade de cada um.

Para traçar o que ele apelidou de appitypes (algo como ;tipos de usuários de aplicativos;), o pesquisador entrevistou 500 pessoas de 10 países diferentes, inclusive do Brasil. Segundo ele, jogos, programas e músicas são ferramentas interessantes para entender o comportamento humano.

;Quem usa smartphone é um novo tipo de ser humano, melhorado e com poder de comunicação e informação instantânea na ponta dos dedos;, defende.

Feita em parceria com a Nokia, a pesquisa diferenciou as características dos usuários de cada nacionalidade. Alemães e indianos, por exemplo, preferem aplicativos relacionados ao trabalho, enquanto brasileiros são mais criativos, uma vez que os aplicativos relacionados a música e estilo estão entre os preferidos.

Por falar em Brasil, pesquisas nesse sentido também pipocam em redes sociais e sites especializados em tecnologia no país. Leandro Lopes Costa, redator e produtor de conteúdo do portal Infosite, conta que, por meio de enquetes espalhadas por Orkut, Facebook e MSN em julho deste ano, foi possível ter uma boa ideia do que os usuários de smartphone querem.

Com as 50 respostas obtidas, o levantamento feito descobriu que as diferenças entre os usuários são, basicamente, a idade e o uso que cada um faz do aparelho. ;Usuários de Android e iPhone consomem bastante jogos, música e redes sociais;, detalha. ;Já usuários de Blackberry costumam usar seus aparelhos para enviar e receber e-mails e acessar a internet, além de ser um público mais velho.;

Bruno Freiras, analista de mercado para dispositivos móveis da filial brasileira da empresa International Data Corporation (IDC), explica que pesquisas de mercado são importantes para que os fabricantes saibam o que está acontecendo no segmento em que atuam.

;Se você não pesquisa o que o usuário está comprando, não consegue se posicionar;, defende. ;Esses levantamentos também são úteis para saber o que o cliente quer, do que ele gosta;, completa. ;Isso é necessário para que os vendedores montem um portfólio de produtos para vendê-los da forma correta.;

Variação
Mesmo com tentativas de classificar os usuários em perfis predeterminados, o intuito dos fabricantes é alcançar todo mundo, não apenas quem já se identifica com a marca. Bruno diz que, com a popularização dos smartphones, a tendência é de que haja uma movimentação natural dos usuários para diversas plataformas.

;Por isso vemos tantos jovens que preferem BlackBerry e executivos com iPhone;, exemplifica o analista. Segundo ele, em 2010 foram vendidos cerca de 4,2 milhões de smarphones só em São Paulo. Em 2011, a previsão é de que esse número salte para 9,7 milhões.

Gabriela Stuckert faz parte dessa exceção. Partidária do BlackBerry desde março, a estudante de 23 anos escolheu a plataforma pela praticidade. Estagiária em um escritório de advocacia, ela conta que checar seus e-mails constantemente ; e em qualquer lugar ; é primordial para acompanhar as demandas do trabalho.

;Já teve situações em que eu já estava na rua, mas precisei pegar um processo de última hora. Recebi a solicitação por e-mail e não precisei voltar ao escritório;, relembra. Outro quesito que a convenceu a optar pelo BlackBerry foi a economia, tanto no valor do aparelho quanto nos serviços que mais usa, como mensagens de texto. ;Posso falar com todo mundo que tem o mesmo celular que eu de graça, por BBM;, justifica, referindo-se ao sistema de troca de mensagens BlackBerry Messenger. ;Meu chefe também usa o BBM e me manda várias coisas em tempo real.;

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