Paloma Oliveto
postado em 28/11/2011 08:36
O estetoscópio e o aferidor de pressão ganharam companhia na maleta do médico. Agora, os smartphones e tablets fazem parte do arsenal dos doutores modernos. Com a popularização de celulares que viram livros, GPS, gravador, televisão e o que mais a tecnologia permite, desenvolvedores de aplicativos encontraram um novo alvo: estudantes e profissionais da área de saúde.
Hoje, é possível baixar no telefone ou no tablet compêndios dos mais diversos assuntos médicos, que geralmente ultrapassam as mil páginas e são difíceis de se carregar para todos os lados. Além da transformação de livros em aplicativos, há bancos de imagens de doenças, mapas anatômicos em três dimensões, prontuários virtuais, visualizadores radiológicos, mensuradores de oximetria de pulso e frequência cardíaca e auscultadores, entre outras ferramentas de trabalho.
O médico Rodrigo Biondi, diretor técnico do Hospital Anchieta, lembra que os aplicativos médicos foram febre no auge do Palm, no início dos anos 2000. %u201CConheço alguns médicos que, se perdessem o Palm, não conseguiriam dar plantão%u201D, diz. Com a plataforma ficando obsoleta, os smartphones e tablets substituíram os antigos equipamentos e, atualmente, há empresas especializadas na confecção de aplicativos para médicos.
A maioria é em inglês, mas o Brasil começa a fazer seus próprios programas (veja quadro). Roberto Colnaghi Jr. trabalhava no Canadá em 2009, com o desenvolvimento de aplicativos para grandes grupos de comunicação, como Time e CNN. %u201CFoi o boom do iPhone. Daí, surgiu a ideia de que talvez, no Brasil, a tendência poderia pegar%u201D, conta. De volta ao país, ele abriu a Touché Mobile, que, em princípio, não tinha um público especializado como foco. Depois de desenvolver um aplicativo sobre a Copa do Mundo, Colnaghi Jr. foi procurado por uma editora que queria testar a receptividade dos livros médicos em um formato bem mais fácil de carregar. %u201CO primeiro foi o Medicina de A a Z. De todos, foi o que teve mais downloads (300 mil), e a versão gratuita ficou no topo de vendas da loja da Apple%u201D, conta. A partir daí, a editora se interessou em lançar outras publicações. A Touché Mobile já lançou seis aplicativos médicos, sendo que mais três estão em fase de teste e outros três em desenvolvimento.
%u201CÉ preciso ter um olhar muito crítico. Pode ter qualidade? Pode, mas, dependendo da informação, pode complicar mais do que ajudar, como faz o %u2018Dr. Google%u2019 (refere-se à mania de muitos pacientes de recorrerem à internet para buscar informações, muitas vezes equivocadas, sobre sintomas e doenças)%u201D, afirma o médico Rodrigo Biondi, diretor técnico do Hospital Anchieta. %u201COs produtos são para uma área específica, mas, como o conteúdo é exatamente o do livro, o risco de o leigo baixá-lo é o mesmo de ir a uma livraria e comprá-lo%u201D, diz Colnaghi Jr.. %u201CÓbvio que sempre colocamos os avisos de que não foram feitos para leigos. Já vi aplicativos sem embasamento técnico nenhum, mas nosso trabalho é diferente, porque o conteúdo é feito por médicos%u201D, garante.
Dono de um smartphone e de um tablet, Rodrigo Biondi acha cômodo poder consultar livros que, geralmente, são muito pesados, em qualquer lugar. %u201CNão acredito que vá substituir o livro, que alguém vá ler todo o conteúdo no celular, mas, para tirar uma dúvida, fazer uma consulta, é muito mais prático%u201D, afirma. Assim como Colnaghi Jr., o médico se preocupa com aplicativos sem fundamentos teóricos. %u201CÉ preciso saber separar gato de lebre e, muitas vezes, o público leigo não tem essa capacidade, pois desconhece o assunto%u201D, alerta.
Equipamentos
Enquanto os aplicativos nacionais focam em conteúdo, empresas estrangeiras investem em programas que, associados a um dispositivo, desempenham funções de verdadeiros equipamentos. O CardioDefender, por exemplo, foi o primeiro do tipo a ser aprovado pela Food and Drugs Administration, o órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos. Com ele, é possível acompanhar batida por batida do coração do paciente, que deve usar um dispositivo à parte, cujos dados são transmitidos por tecnologia sem fio para o telefone do médico. %u201CAté agora, o monitoramento do ritmo cardíaco em pessoas com arritmia estava muito limitado. Agora, é possível, pela primeira vez, obter um equipamento de qualidade hospitalar, que monitora os pacientes 24 horas por dia, sete dias por semana%u201D, diz Prasad Sunkara, chefe-executivo da Evarist Genomics, empresa que lançou o aplicativo.
Para Rodrigo Biondi, outra função dos aplicativos médicos é a educativa. %u201CPara dar aulas, facilita bastante. Você pode gravar os batimentos de um paciente e estudar o caso com seus alunos%u201D, exemplifica. Uma das maiores empresas desenvolvedoras de aplicativos para médicos e estudantes, a 3D4Medical.com aposta justamente nesse segmento. Existem diversos programas para smartphones e tablets em todas as especialidades médicas, da anestesiologia à cirurgia-geral.
Todos são feitos com imagens tridimensionais e animações, que permitem visualizar a anatomia humana de forma detalhada e impressionante. %u201CNossa missão é desenvolver aplicativos revolucionários para referência médica. Os aplicativos oferecem interatividade excepcional e são aprovados por médicos, garantindo uma experiência única de aprendizado%u201D, diz a empresa, por meio da assessoria de imprensa.
APPS em português
Guia dos exames
» Vem com mais de 200 exames, divididos em categorias. O aplicativo conta com informações sobre valores de referência, descrição dos testes, diagnóstico diferencial, cor do tubo de coleta e procedimentos para coleta dos exames. Da MedPhone, para iOS.
Suporte avançado da vida
» Guia rápido e sistematizado de condutas nas principais situações de risco de morte. Da MedPhone, para iOS.
Preço de medicamentos
» Mais de 21 mil preços de remédios. Da MedPhone, para iOS.
Guia das arritmias cardíacas
» Traz algoritmos e diretrizes de como estabilizar os pacientes, tanto na emergência quanto nos ambulatórios. Da MedPhone,
para iOS.
Código de ética médica
» Parceria do Conselho Federal de Medicina com a MedPhone, o guia traz novidades e pode ser baixado de graça. Para iOS.
Guia dos remédios
» Fornece bulas originais de mais de 3 mil medicamentos. Da MedPhone, para iOS.
CID-10 Pro
» Em menos de 15 segundos, é possível encontrar qualquer código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. De graça. Da MedPhone, para iOS.
Vacinas
» Calendários de vacinação, vacinas e esquema de uso. Da MedPhone, para iOS.
Harrison %u2013 Manual de Medicina
» Baseado no Harrison Manual de Medicina em língua portuguesa. Da Touché! Mobile, para iOS e Android.
Medicamentos de A a Z
» Cerca de 500 remédios, com informações que incluem preço, nomes comerciais, genéricos, posologia e informações sobre receituários. Baseado no livro Medicamentos de A a Z, de Elvino Barros e colaboradores. Da Touché! Mobile, para iOS e Android.
DSM-IV -Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
» Versão mobile do livro DSM-IV: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association. Da Touché, para iOS
e Android.
Psicofármacos %u2013 Consulta Rápida
» Versão mobile do livro Psicofármacos: consulta rápida, de Aristides Volpato Cordioli e colaboradores. Da Touché, para iOS e Android.
Nanda %u2013 Diagnósticos de enfermagem
» Baseado no livro Nanda Internacional %u2013 Diagnósticos de Enfermagem da Nanda. Da Touché, para iOS e Android
Pediatria %u2013 Consulta Rápida
» Versão mobile do livro Pediatria: consulta rápida, de Paula Xavier Picon, Paulo José Cauduro Marostica, Elvino Barros e colaboradores. Da Touché, para iOS e Android.