Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Disputa por melhor plataforma operacional faz consumidor sair ganhando

O que começou com uma pequena disputa interna de quem fazia o sistema operacional mais bonito ou mais fácil de utilizar, acabou por se tornar um briga ferrenha entre as empresas. Patentes, funções e interface viraram motivo de batalhas judiciais por quebra de patentes entre Google, Apple, BlackBerry, Nokia e Microsoft. A guerra vai mais longe. A biografia oficial de Steve Jobs, lançada pouco depois da morte do então CEO da Apple, revelou que Jobs queria destruir o Android (do Google) a qualquer custo. Para o visionário da Maçã, a ideia do iOS foi roubada pela gigante das buscas. ;Só quero que vocês parem de usar nossas ideias no Android, é tudo o que eu quero;, diz, em um trecho da biografia.

Essa vingança de Steve Jobs pode demorar um pouco para se concretizar, principalmente, pela popularização do Android. Na última pesquisa da Gartner, a plataforma criada pelo Google, liderava a corrida pela preferência dos consumidores, com mais de 60 milhões de unidades vendidas no mundo no terceiro trimestre deste ano. Em seguida, vem o Symbian (19 milhões) e, depois, o iOS, da Apple, com 17 milhões.

Para quem não é muito fã de tecnologia, tudo isso pode parecer uma bobagem. Mas, a escolha de um sistema operacional que se adeque às necessidades dos usuários é essencial para deixar fluir a interação com o aparelho. Para escolher o melhor para você, o Informática conta um pouco da história desses sistemas e aponta os prós e os contras, além mostrar como essas plataformas devem evoluir no futuro.


Windows Phone
Apesar de já ser bem conhecido nos Estados Unidos, os smartphones com sistema operacional Windows Phone só chegaram ao Brasil há poucos meses. E prometem fazer uma revolução no mercado. A interface do OS é montada em hubs, assim, fotos, redes sociais e documentos, por exemplo, ficam agrupados e são de fácil acesso.

No Brasil, por enquanto, o HTC Ultimate é o único celular que conta com esse sistema operacional. O telefone traz uma tela de 4,7 polegadas, a maior entre os aparelhos, resolução de 480 x 800 pixels e um dos processadores mais rápidos na categoria, o Snapdragon S2 de 1,5GHz, da Qualcomm. Embora o telefone seja grande, o peso de 160g e a espessura de 9,9mm garantem a leveza no bolso.

A loja de aplicativos ainda é pequena. Segundo a empresa Distimo, especializada em comércio de programas por celulares, o Windows Phone recebe 1,3 mil novos aplicativos pagos e 1,6 mil gratuitos por mês, e está longe de atingir os números do Android e do iOS. "Como é novo no Brasil, ainda vai demorar algum tempo para amadurecer a loja e formar desenvolvedores por aqui ", explica Vils da WebSoftware.

; Prós: navegação por hubs, integração com computadores, notebooks e com o Xbox, compatibilidade com outros produtos da Microsoft e roda Adobe Flash.

; Contras: interface confusa para usuários iniciantes, poucos aplicativos e as atualizações dependem da empresa e das operadoras.


iOS
Quatro anos após apresentar um smartphone revolucionário, o iPhone, a Apple, de quebra, também mostrou um sistema que serviria de inspiração inclusive para o Android. Nascia o iPhone OS, que, posteriormente, receberia o nome de iOS, e está presente em todos os dispositivos móveis da empresa. Até então, quem tinha um smartphone estava refém do Symbian (veja abaixo) que era difícil de ser controlado pelo usuário e que, em alguns casos, precisava daquelas canetas para utilizar a interface.

Um dos problemas do iOS, mas que faz parte da estratégia da empresa, é a demora em oferecer alguns recursos básicos presentes em outros OS. A função de copiar e colar algum texto, por exemplo, só foi lançada na versão 3.

Ao contrário do Android, ele não depende de operadoras e empresas para ser atualizado. Basta plugar no computador (ou fazer via wi-fi) e atualizar. O iOS ainda leva vantagem por conta dos aplicativos ; mais de 600 mil programas. "A curva de aprendizado para quem tem um iPhone é melhor do quem tem um Android, as pessoas demoram a se acostumar com esse último sistema", explica Leonardo Drummond, desenvolvedor de sistemas e diretor de TI da brand/Brasil Mobile Apps.

; Prós: interface intuitiva, atualização para todos os aparelhos e direto pelo iTunes, loja com mais de 600 mil aplicativos, sistema integrado de computação na nuvem, assistente de voz na nuvem (para iPhone 4S), sincronização via wi-fi, sistema de troca de mensagens integrado.

; Contras: sistema fechado, para instalar aplicativos não aprovados pela Apple deve ser feito o jailbreak, não roda Adobe Flash e a loja de programas cobra em dólar. Tem alto consumo de bateria.


Android
Criado por uma empresa da Califórnia em 2005 e adquirido pelo Google logo em seguida, o Android caiu no gosto dos fabricantes por ser um sistema aberto, o que proporciona uma personalização das funcionalidades, dependendo da marca do aparelho. O sistema operacional passou por sete atualizações desde o lançamento, sendo a Ice Cream Sandwich a última e a mais esperada. Com esse upgrade, a interface foi remodelada e novos recursos adicionados.

Uma das reclamações dos usuários do Android está na incompatibilidade das atualizações com alguns modelos e também na demora por parte das empresas e, em alguns casos, das operadoras, para liberar os novos arquivos para os telefones anteriores. O Ice Cream Sandwich, por exemplo, por enquanto, só vai rodar no Nexus S e no Nexus One, que têm o hardware necessário para o funcionamento.

No quesito aplicativos, os usuários do Android não têm do que reclamar. A loja conta com mais de 500 mil programas. Para os desenvolvedores desses softwares, o Android tem alguns problemas. "A tendência é que a loja do sistema do Google tenha mais softwares por ser utilizada em mais smartphones", ressalta Erick Vils, diretor da WebSoftware, especializada em soluções para a internet.

; Prós: sistema aberto, permite personalização, integração total com aplicativos do Google, interface amigável para quem nunca teve um smartphone, loja com mais de 500 mil aplicativos, roda Adobe Flash e consumo de bateria aceitável.

; Contras: nem todos os aparelhos podem receber as últimas atualizações, não há atualização automática e alguns aplicativos não rodam em todos os smartphones.


Symbian
Na época em que os telefones celulares tinham apenas a função de fazer ligações em que o máximo de entretenimento era o jogo da cobrinha, o Symbian estava lá, firme e forte. Criado em 1998, por um grupo de empresas (Nokia, Siemens, Samsung, Ericsson e Panasonic), o sistema só passou a ser livre a partir da segunda atualização. Assim, outros fabricantes adaptaram e utilizaram o OS nos smartphones. Como a maioria dos usuários de celulares comuns já estava acostumada com a interface, o sistema teve grande aceitação no mercado.

No entanto, com a chegada do iOS e do Android, a Nokia teve que correr contra o prejuízo e disponibilizar uma atualização compatível com as necessidades dos consumidores. Apesar do esforço e de lançar alguns telefones com a última versão, o Symbian Belle, a empresa finlandesa preferiu optar pelo Windows Phone. O controle do sistema operacional agora é da Accenture, companhia de tecnologia e gestão, e deve continuar a equipar alguns smartphones, como o Nokia N8.

; Prós: simples de usar, boa performance para rodar aplicativos leves e
baixo consumo de bateria.

; Contras: apesar de ainda estar presente em alguns lançamentos,
o Symbian deve deixar de receber atualizações.

Bada, WebOS e Meego
Outros sistemas operacionais também podem ser encontrados nos smartphones, mas não causam tanto alarde. O Bada é um deles. Lançado no ano passado pela Samsung, o OS deve funcionar apenas em modelos mais baratos da marca. O WebOS foi adquirido pela HP após a compra da Palm, mas ainda tem o futuro indefinido. Quanto ao Meego, ele foi feito pela Nokia em parceria com a Intel e anuciado em 2010, no entanto, a empresa finlandesa pulou fora após firmar um acordo para o uso do Windows Phone. A Intel deve terminar o projeto do Meego com a Samsung.