postado em 13/12/2011 08:00
Pense por alguns minutos: entre os jogos de videogame recentes, lançados nos últimos três ou quatro anos, quais seguem o modelo clássico de controle ; usando as setas direcionais e dois, três botões? Não muitos. São telas multitoque, acelerômetros, giroscópios, sensores de movimento e de voz, instrumentos musicais e até luvas específicas para cada título lançado. Mesmo os jogos de plataforma mais simples exigem uma chacoalhada aqui ou um QR code ali.
Com tantos acessórios e penduricalhos, parece estranho jogar algo tão simples como Rayman Origins. Baseado no mesmo gameplay das versões clássicas para PlayStation ; responsáveis pela ascensão comercial da produtora Ubisoft ;, o jogo traz de volta o esquema clássico de plataforma: saia correndo pela fase, capture o maior número de itens, mate os chefões e destrave o maior número de extras possível. Sem downloads adicionais, sem piruetas: um alívio para os jogadores sedentários, contundidos e desanimados que perderam espaço desde 2006.
E se a descrição acima deixa a ideia de um jogo lento, arrastado e tedioso, bastam as primeiras fases para repensar. O ritmo de Rayman Origins é mais frenético que a maioria de seus colegas de estilo. No modo cooperativo, que permite até quatro jogadores, é praticamente impossível acompanhar a ação na tela, apertar botões, piscar e ouvir os berros dos amigos ao mesmo tempo. Mas vale a pena tentar ; no multiplayer, a loucura dos cenários e dos personagens é potencializada, frequentemente arrancando risadas e algumas ofensas leves dos jogadores envolvidos.
Em vez de acessar fases adicionais na internet, o conteúdo extra deve ser liberado pela conquista de achievements, como colecionar tantas Lums (a versão de Rayman para as bananas e moedas espalhadas no cenário) ou descobrir portas secretas atrás das folhagens. Cada trunfo conquistado é revertido em electoons, espécie de moeda de troca que dá acesso aos bônus. Com elas, é possível jogar com mais de 15 personagens diferentes e participar de fases de perseguição frenética, em que um único segundo de lapso é suficiente para condenar o progresso do jogador.
Além de todos os trunfos de jogabilidade, os quesitos técnicos são primorosos. Os cenários criados pela equipe de Michel Ancel parecem pintados à mão, e o som une de forma impecável a música ambiente aos grunhidos e aos rugidos de uma miríade de criaturas bizarras na tela. O grau de dificuldade varia entre o ;bem simples; ; para quem só quer chegar à última fase ; e o ;extremamente irritante;, para os gamers que buscam destravar todos os segredos do jogo.
A lacuna deixada pelos modos on-line, expansões e grandes firulas é compensada pelo retorno triunfal à jogabilidade retrô, uma manobra arriscada em tempos tão tecnológicos. Com tantos recursos e umas 12 horas de jogo pela frente, Rayman Origins se sobressai na lista de lançamentos para o fim de 2011 como um dos jogos mais simples e, ao mesmo tempo, mais bem finalizados. Sorte do público ;das antigas;, mas também dos pequenos. Afinal, clássico é clássico.
Produção: Ubisoft
Desenvolvimento: Ubisoft
Plataforma: Wii, Xbox 360, PlayStation 3, PC e Nintendo 3DS
Número de jogadores: 1 (single-player), 2-4 (cooperativo)
Preço: R$ 99,90