postado em 24/07/2012 08:00

Existem várias empresas envolvidas em questões antiéticas no setor de tecnologia. Porque o senhor prioriza o Google?
Há algumas razões. A primeira: o Google é único. Não há outra empresa no mundo com a missão de organizar toda a informação do mundo, e torná-la acessível e útil. Não dá para ser mais ambicioso do que isso. Essa missão os coloca em tudo: o monopólio da Microsoft, por exemplo, foi apenas em softwares para PC. Isso não afetou a Apple ou a Oracle. O Google permite que eles estejam em qualquer mercado que seja on-line ; e eles estão. A outra razão é: me pediram para testemunhar no senado norte-americano, na época em que o Google queria comprar a DoubleClick (a transação foi concluída em 2007, por US$ 3 bilhões). Essa era a única empresa no mundo que tinha o mesmo alcance em publicidade on-line que a gigante. Quando me opus à aquisição, eu era o único analista que via um problema nisso. Eu os avisei, se a compra fosse concluída, o governo daria a eles um monopólio. Juntas, as duas teriam uma fatia de mercado maior que a de todos os concorrentes. No mundo dos negócios, o mais difícil é conseguir clientes. Você não sabe como é difícil: é preciso cortejá-los, negociar. O Google simplesmente os comprou.
Qual a diferença entre o Google e as outras empresas?
Quando testemunhei, eles me perguntaram sobre outras empresas, como Microsoft, Yahoo! e Facebook. O Bing, serviço de buscas da MS, é só parte do negócio deles. A pesquisa também nunca foi o principal negócio do Yahoo! ; eles saíram, voltaram, e se tornaram uma empresa de mídia. Naquela época, o Facebook nem era tão conhecido. O Google prevaleceu sobre todos os concorrentes quando descobriu que a publicidade em buscas e em anúncios eram o mesmo negócio. São os mesmos usuários, os mesmos clientes e o mesmo conteúdo. Quando aprovaram a compra, sabia que o Google seria um grande problema. Nunca tivemos um monopólio que fosse global e em todos os mercados. Eu sabia das ambições deles, e sabia que eles eram antiéticos. Conhecia o modo como eles se comportavam há cinco, seis anos e que eles continuariam assim.
