Tecnologia

Cisco inaugura Centro de inovação no RJ e anuncia US$ 500 milhões no país

Empreendimento promete criar soluções que atendam às necessidades do mercado nacional

Simone Kafruni
postado em 22/08/2013 18:54
Rio de Janeiro - A Cisco Systems, líder mundial em Tecnologia da Informação (TI), anunciou nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, a abertura do seu primeiro Centro de Inovação para criar soluções que atendam às necessidades do mercado brasileiro. A inauguração faz parte do plano da companhia norte-americana de investir US$ 500 milhões nos próximos quatro anos no país.

O presidente mundial da Cisco, Rob Lloy, explicou que o empreendimento pretende atrair parceiros no desenvolvimento de soluções locais nas áreas de saúde, educação, mobilidade, petróleo e gás, desenvolvimento urbano, esporte e entretenimento, gestão de eficiência e segurança pública. O objetivo é tornar o mundo conectado, mas não apenas computadores, telefones e televisores. ;Isso representa apenas 1% do que pode ser conectado. Estamos focando os outros 99%;, disse ele.

Os exemplos se multiplicam, segundo Lloy: desde redes elétricas inteligentes, sistema de wi-fi nas escolas, integrando segurança a quadros interativos, médico remotos que podem atender pacientes à distância, plataformas de petróleo conectadas com navios transportadores, sensores de umidade do solo para agricultura. ;A Cisco quer atrair ideias inovadoras , apostar nelas e desenvolver projetos surpreendentes;, afirmou.

Os US$ 500 milhões em investimentos não serão aplicados unicamente no centro, que impressiona pela alta tecnologia e proposta inovadora. O pacote inclui também fundos de venture capital de tecnologia da informação e comunicação no Brasil e a expansão da produção local da empresa ; que deve lançar dois modelos de roteadores e outros equipamentos até o início do ano que vem ;, além de programas de responsabilidade social. Cerca de US$ 21 milhões serão aplicados em fundos para start ups e outros US$ 50 milhões em capital ventures.

A unidade encravada no centro do Rio de Janeiro é a primeira da empresa, sem precedentes nem mesmo nos EUA. ;O que temos são incubadoras. Isso aqui é único. Em seis meses, teremos as ideias. Em um ano, soluções já comercializadas. E em dois anos, companhias criadas como resultado da incubação, quem sabe, já exportando para o mundo;, estimou.

O presidente da Cisco no Brasil, Rodrigo Dienstmann, afirmou que a empresa não se preocupa com o fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), tampouco com a disparada do dólar, porque foca o potencial de desenvolvimento tecnológico do país. ;É certo que a alta da moeda norte-americana afeta nossos negócios no curto prazo, mas estamos olhando lá na frente, no longo prazo;, disse ele. Apesar do ambiente econômico não ser dos melhores, a Cisco conseguiu aumentar a produção em 5%, ter lucros 9% maiores e aumentar sua participação no mercado em 11% no segundo trimestre do ano. ;Estamos acelerando nossos investimentos;, afirmou.

Segundo Dienstmann, mesmo que as operadoras de telefonia que são clientes da Cisco recebam em reais e paguem em dólares por suas tecnologias, são as inovações que garantem maior produtividade ao setor. ;Nossos produtos estão sujeitos às variações cambiais, mas não desanimamos porque o efeito é tático e não estratégico. Ou seja, geramos mais receitas para nossos clientes;, disse. Lloyd fez questão de afirmar, contudo, que nenhuma operadora de telefonia procurou a Cisco para renegociar contratos nos últimos seis meses em função da variação cambial. ;Nós deixamos elas mais eficientes, com mais tecnologia;.

Presente no evento, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia, Glauco Arbix, destacou que a entidade propôs uma parceria com a Cisco para criação de fundos específicos de desenvolvimento e pesquisa. ;Nós conseguimos um valor de R$ 56 bilhões em demandas desde 2012, para 1.904 empresas inovadoras. Não quer dizer que todos vão vingar, é possível que esse número recue um pouco porque nem todas sobreviverão. Ainda que a gente saiba que o percentual médio de sobrevivência é de 40%, se apenas 10% renderem, são R$ 6 bilhões de investimentos em inovação Os projetos são na área de etanol, óleo e gás, sustentabilidade e defesa. Estão em linha com o que se propõe para o Centro de Inovação da Cisco;, afirmou.

Segundo Arbix, a Finep vem multiplicando seu orçamento para atender a demanda crescente de projetos inovadores. ;Se a Cisco tem intenção de construir empresas inovadoras a partir de parcerias e investidores, a Finep se coloca à disposição para criarmos um fundo juntos;, ressaltou. A ideia foi bem aceita pelos dirigentes da Cisco.

O secretário nacional do Ministério do Desenvolvimento, Nelson Fujimoto, que representou o ministro Fernando Pimental na inauguração do Centro, salientou que o projeto é fundamental para o espírito de empreendedorismo e inovação do país. ;Dialoga muito bem como a política de incentivos às start ups desenvolvida pelo governo, que continuará sendo parceiro deste projeto;, disse.

*Repórter viajou a convite da Cisco

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