Tecnologia

Seminário discute o desenvolvimento de sonares com tecnologia nacional

Destinado à comunidade universitária, o evento vai reunir, em palestras e experimentos práticos da tecnologia, especialistas da Coppe, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha (SecCTM) e do Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM)

postado em 09/12/2013 20:02
Inaugurado em julho deste ano, o Laboratório de Tecnologia Sonar (LabSonar) do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem como principal desafio o desenvolvimento, juntamente com a Marinha, de sonares com tecnologia 100% nacional para a proteção da costa brasileira. Para debater a aplicabilidade dessa tecnologia, não só na defesa, mas também em áreas como a do meio ambiente, a Coppe promove amanhã (10), em seu auditório, no campus da Ilha do Fundão, zona norte do Rio, o seminário Open Sonar Day ; Um Dia Aberto de Tecnologia Sonar.

Destinado à comunidade universitária, o evento vai reunir, em palestras e experimentos práticos da tecnologia, especialistas da Coppe, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha (SecCTM) e do Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM). Por meio de um contrato de transferência de tecnologia firmado com a França, a Marinha do Brasil vai construir, ao longo dos próximos anos, cinco submarinos, entre eles um com propulsão nuclear, que deverá ser concluído em 2025.

;Nós buscamos, no desenvolvimento da tecnologia, fazer um sonar nacional;, disse o engenheiro elétrico e professor da Coppe José Manoel Seixas, coordenador do LabSonar. Especialista em processamento de sinais, ele informou que a Marinha vai incorporar, nas novas embarcações, um sonar diferente do que está acostumada a usar. ;Ela usa hoje um sonar que fica embarcado no próprio navio, mas há também a tecnologia sonar de arrasto, em que você tem um conjunto de hidrofones, que são microfones que podem operar embaixo d;água e que são arrastados pelo próprio submarino;.

Segundo Seixas, a ideia é de que no projeto do submarino nuclear brasileiro haja lugar para um sonar totalmente nacional em duas versões, o embarcado e o de arrasto. No caso dos submarinos, cuja maior importância é perceber o cenário à sua volta, sem que sua presença seja detectada, o sistema utilizado é dos chamados sonares passivos, que, ao contrário dos ativos, não irradiam sinal.

;O sonar passivo não irradia nada, só fica ouvindo o barulhinho no mar. Ou seja, as embarcações produzem ruídos, que se propagam bastante longe no mar. Com isso o sonar acústico pode perceber a presença do sinal distante, fazer a detecção e a classificação de que tipo de navio ele monitorou;, explica o professor.

Uma das palestras do seminário, que será aberto às 9h, vai abordar a Amazônia Azul, conceito criado pela Marinha em analogia à Amazônia Verde (a floresta) para se referir à defesa da riqueza que o país tem em seu mar territorial, principalmente a partir das imensas reservas de petróleo da camada do pré-sal. Segundo Seixas, ;o sistema de sonares pretende monitorar toda a costa brasileira, todo o mar territorial que nos pertence, tanto na defesa de um possível ataque militar, como em pirataria e na defesa das próprias plataformas de exploração do petróleo;.

A cooperação entre o Coppe e a Marinha data da década de 1980 e já possibilitou a instalação de componentes desenvolvidos no Brasil nos sonares que a Marinha utiliza. Agora, com o LabSonar, esta parceria tecnológica se amplia. ;Estamos prestes a dar esse passo, no sentido de controlar de cima a baixo essa tecnologia. É muito importante para o Brasil tomar essa decisão. A gente não sabe, com a questão do pré-sal o que pode vir de agressão ou de pirataria;, ressaltou José Manoel Seixas.

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