Agência France-Presse
postado em 18/12/2013 16:52
O Facebook está trabalhando para transformar o usuário em seu melhor amigo, tentando conhecê-lo melhor usando programas baseados em inteligência artificial no maior site de relacionamentos do mundo.
A empresa com sede na Califórnia contratou o professor Yann LeCun, do Center for Data Science da Universidade de Nova York (NYU) para chefiar um laboratório de inteligência artificial, destinado a usar a última palavra na ciência para tornar o Facebook mais interessante e relevante.
Atualmente, o feed de notícias do Facebook pode parecer uma confusão aleatória de mensagens, mas LeCun argumenta que o serviço "pode ser melhorado com sistemas inteligentes".
"Isto poderia incluir coisas como classificar (as mensagens) no feed de notícias ou determinar os anúncios que são exibidos aos usuários para que sejam mais pertinentes", afirmou LeCun à AFP, depois de sua nomeação em 9 de dezembro.
Ele também apontou outras possibilidades inovadoras, pensando nos usuários, "como analisar conteúdos, entender a linguagem natural e ser capaz de modelar novos usuários (...) para permitir que aprendam coisas novas, entretê-los e ajudá-los a conseguir seus objetivos".
O Facebook é a maior rede social do mundo, mas enfrenta o desafio de sustentar seu crescimento, mantendo a participação dos usuários e atraindo publicidade suficiente para gerar aumento de ganhos sem perder adeptos.
LeCun disse que o novo laboratório de inteligência artificial será a maior instalação de pesquisas deste tipo do mundo, embora tenha se recusado a especificar detalhes.
"O único limite que temos é quanta gente inteligente há no mundo que podemos contratar", afirmou o matemático e cientista da computação.
O laboratório terá instalações em três cidades - Nova York, Londres e o quartel-general do Facebook em Menlo Park (Califórnia) - e fará parte da ampla comunidade de pesquisas de inteligência artificial, segundo LeCun, que começará seu novo trabalho em janeiro mas continuará na Universidade de Nova York.
O movimento do Facebook segue a incursão do Google na inteligência artificial e sua notável aquisição, neste ano, da DNNresearch, uma empresa inovadora criada pelo professor da Universidade de Toronto Geoffrey Hinton e dois de seus alunos, que desenvolveram uma tecnologia que replica modelos computadorizados de algumas funções do cérebro, como o reconhecimento de discurso e repetição de padrões.
Fazendo ;pensar; os computadores
A inteligência artificial pode ajudar os computadores a "pensar" de forma similar aos humanos e ajudar a resolver problemas. Um dos exemplos mais famosos é o computador da IBM "Watson" que venceu os humanos participantes do concurso de perguntas e respostas na televisão "Jeopardy".
LeCun é conhecido por ter criado uma primeira versão de um algoritmo de reconhecimento de padrões que imitam parte do córtex visual do cérebro dos animais e humanos.
Suas pesquisas recentes incluem a aplicação de métodos de "aprendizado profundo" para entender uma cena visual exibida por veículos sem motorista, pequenos robôs voadores e também em sistemas de reconhecimento de voz.
James Hendler, que chefia o Instituto Rensselaer para a Exploração de Dados e Aplicativos, afirmou que o Facebook já usa alguns algoritmos de inteligência artificial para seu "gráfico de rede social", mas a aplicação disto em fotos, vídeos e outros dados "multimídia" requer um impulso.
"Espero que a curto prazo se concentrem principalmente em melhorar os algoritmos existentes, por exemplo, em uma seleção melhor do que se mostra no feed de notícias do usuário", disse. "Deveríamos ver muitas mais capacidades como busca de fotos de temas nos quais possamos estar interessados", destacou.
"Tem havido muita especulação sobre o abandono do Facebook pelos usuários porque eles não estariam contentes com o feed de notícias, que não os deixa ver muitas coisas que gostariam de ver de seus amigos", disse.