postado em 25/12/2013 06:04
Sobram críticas sobre o quanto nós nos tornarmos dependentes dos eletrônicos. E é verdade: não largamos o smartphone e acabamos nos esquecendo de quem está, de fato, em volta. Ver um grupo de amigos no bar, cada um entretido com seu celular, é algo comum. Em contrapartida, nunca foi tão fácil ficar longe de alguém sem quase morrer de saudade.
Carolina Gregory, 24 anos, se mudou para a Inglaterra há pouco mais de dois meses para fazer doutorado em Teoria de Cordas, no Instituto de Matemática da Universidade de Oxford. Especialmente aos fins de semana, ela dedica tempo para ;estar; com a família pelo Skype. ;É mais fácil fazer com que eles se sintam perto de mim, pois posso não só falar, mas mostrar como eu estou vivendo;, defende.
O processo inverso também acontece. Há algumas semanas, a mãe, a psicóloga Beatriz Matté Gregory, 54, assistia a um jogo de futebol do seu time (Coritiba) na televisão de casa, quando recebeu a chamada da filha. ;Apontei a câmera para a tevê e coloquei o notebook do meu lado no sofá. Assistimos e comentamos toda a partida, como se a Carol estivesse aqui mesmo;, lembra.
A estudante combinou com os pais de se ;encontrarem; pela plataforma durante a noite de Natal. Como ela estará em Portugal, onde o fuso horário é de apenas duas horas, não será difícil todos ficarem on-line ao mesmo tempo. ;Vamos fazer a ceia em Cristalina (GO), onde vive a família do meu marido. Então, essa reunião pela internet não vai ser apenas de nós três;, conta Beatriz. Carol está empolgada. ;Com a minha avó, por exemplo, é mais difícil de conversar pelo Skype, porque ela não usa internet. Então, essa vai ser uma ótima oportunidade.;
Não foi apenas com a família que Carol decidiu passar o Natal. Os amigos de ensino médio que vivem em Brasília fizeram no último domingo um amigo-oculto ; que é costume entre eles há quatro anos. E não é porque agora ela está a quase 9 mil quilômetros de distância que seria diferente. O sorteio foi feito pela internet com antecedência para que ela pudesse comprar o presente on-line e mandar entregar. Na hora da revelação, todos se encontraram na casa de um deles e usaram o Skype para incluir a Carol. Vanderlino Barreto, 25, conectou o notebook à tevê de 46 polegadas para deixar a imagem da colega em um tamanho mais real. ;Passar o Natal com os amigos também é importante, pois eles são nossa segunda família;, acrescenta Gabriela Borges, 27.
Casal conectado
Quem também estará contando com o Skype hoje à noite é a estudante de medicina Lívia Fernanda Ramos, 22, que vai passar o Natal longe do namorado, o médico Murilo Angel, 25. ;Eu vim para Mato Grosso do Sul visitar a família e ele ficou, pois está de plantão. Mesmo assim, não vamos passar a data separados;, afirma. Não é a primeira vez que eles enfrentam esse tipo de situação. No aniversário dela neste ano, ele viajou para fazer uma prova. ;Se não existissem Skype, Facebook, Whatsapp e Tango, que são os que eu mais uso, seria muito complicado.;
Apesar de ajudar bastante, Lívia admite que não é o mesmo que estar perto. ;O que eu mais sinto falta quando estou longe de quem eu gosto é do abraço. Isso não tem nenhum programa ou aplicativo que substitua.;
Mais acessível
Em 2013, o Skype completou 10 anos. O software em si não é nenhuma novidade. O que mudou foi seu alcance. Antes, era preciso utilizar, necessariamente, o computador ou notebook. Em 2010, ele se tornou disponível para smartphones ; que, neste ano, tornaram-se mais populares. Segundo a consultoria IDC, as vendas de celulares inteligentes superaram, pela primeira vez no Brasil, a de aparelhos comuns ; e representaram 54% das vendas no segundo trimestre.