Há anos, o uso da cana-de-açúcar não se limita a adoçar o paladar. O etanol produzido a partir da planta é responsável por gerar cerca de 15% da energia que move os automóveis no Brasil. Agora, se depender de um grupo de cientistas da Universidade de York, esse índice pode aumentar. Eles encontraram um animal que consegue, sem ajuda de outro micro-organismo, produzir enzimas que degradam a biomassa em condições de alta salinidade. Na prática, isso pode levar a um meio mais eficaz de produzir biocombustível a partir do bagaço da planta, algo buscado por várias equipes de cientistas em diversas partes do mundo.
De acordo com o pesquisador brasileiro Marcelo Kern, um dos autores da pesquisa, a espécie que pode incrementar a produção de combustíveis limpos é o gribble, minúsculo crustáceo cujo nome científico é Limnoria quadripunctata. ;Tivemos a ideia de pesquisar os mecanismos responsáveis pela hidrólise vegetal no gribble a partir da simples observação de que esse crustáceo causa danos consideráveis à madeira de construção exposta à água do mar;, conta Kern. A descoberta, publicada na revista PNAS, impressiona porque, geralmente, animais não degradam a celulose ; polímero formado por moléculas de glicose e açúcar presentes na parede celular vegetal.
Mas, então, como a vaca consegue se alimentar de capim? Ou o cupim de madeira? Segundo Félix Siqueira, pesquisador da Embrapa Agroenergia de Brasília, quem produz as enzimas capazes de quebrar a celulose são uma série de fungos, protozoários e bactérias que vivem no sistema gastrointestinal dos herbívoros. ;É um processo de simbiose que gera ganhos às espécies envolvidas. Os microorganismos desconstroem as estruturas da parede vegetal liberando açúcares, como a glicose, que estará disponível no meio ruminal para o metabolismo do animal maior e dos micróbios;, destaca. Portanto, realizar esse processo todo sozinho é o grande mérito do gribble.
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