postado em 04/02/2014 11:06
Há 10 anos, as redes sociais já eram uma realidade e começavam a dominar o cyberespaço. Mas dificilmente alguém poderia imaginar que a criação de um jovem estudante poderia se tornar tão imensa a ponto de alguns analistas chamarem de uma ;internet dentro da internet;.
A rede, que começou como uma plataforma para comunicação e entretenimento de estudantes universitários, hoje, abriga um universo de informações. Todos os dias milhões de imagens, vídeos, conversas, jogos, anúncios, eventos e outros dados são postados, o que fez com que alcançasse a hegemonia entre os internautas do Ocidente.
Mas mesmo com os avanços e com os números imensos, a rede de Mark Zuckerberg passa por um momento crucial. Os usuários, que antes eram basicamente jovens, também envelheceram, e o site começa a ter dificuldades em atrair novos adeptos. A concorrência aumentou, principalmente com a disseminação de smartphones e tablets e com o acesso a aplicativos de comunicação, como Whatsapp e WeChat.
Segundo pesquisa feita pela agência digital iStrategy, a quantidade de membros da maior rede social do mundo com mais de 55 anos aumentou em 80,4% comparada à pesquisa da mesma empresa em 2011. No mesmo estudo, a companhia apurou que 4,2 milhões de usuários que cursam o ensino médio e 6,9 milhões que estão na faculdade saíram do Facebook de três anos para cá.
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor de marketing de redes sociais Edney Souza, a explicação está nas ações da própria empresa de Mark Zuckerberg. ;O que ocorre é que o Facebook está falhando em conquistar novos usuários. Estão surgindo outras plataformas sociais mais privativas. Por lá,aparece a mãe, a avó; Então, o jovem começa a usar o Whatsapp ou o Snapchat, que são íntimos;, explica. Edney diz ainda que o atrativo para as pessoas idosas está na facilidade de achar todo mundo. ;Para elas, a quebra de privacidade não é tão significante assim.;
Para a aposentada Marisete Mota, 68 anos, além de ser mais fácil encontrar amigos e parentes, a adesão à plataforma de relacionamento se deu por outro motivo. ;Eu via todo mundo usando e ficava até com vergonha de não saber mexer. Comecei a pesquisar e a usar com a ajuda de muitas pessoas, que me ensinaram;, conta. Ela profere uma frase emblemática, que você, inclusive, já deve ter escutado de algum parente, quando ele adere à uma nova tecnologia: ;Eu achava que era um bicho de sete cabeças.;
Segundo Marisete, que usa o Facebook mais para comentar em fotos e murais de amigos e olhar algumas páginas, as primeiras impressões não se diferenciaram muito das de qualquer usuário que experimenta a rede pela primeira vez. ;A gente vê as pessoas sem sair de casa. Falamos com todo mundo ; de países diferentes, parentes distante, sem nem mesmo abrir uma porta.; A plataforma social também serviu para que Marisete reencontrasse uma amiga de igreja que não via há 40 anos. E o discurso da usuária é de aluna aplicada. ;Pretendo aprender mais coisas que não sei.;.
Se depender do interesse de usuários como Marisete e das projeções do especialista Edney Souza, os funcionários do Facebook não precisarão se preocupar. ;A rede está longe de falir e ainda é a principal plataforma. O Facebook tem feito parcerias e está comprando outros mecanismos, como o Instagram ; mudando o ecossistema;, detalha.
Passado e futuro
Segundo Edney, o sucesso do serviço de Zuckerberg que, hoje, completa uma década se deu na união de várias funções que eram vistas separadamente em outras redes sociais, tal como a possibilidade de conversar instantaneamente com outras pessoas. ;No Orkut, por exemplo, não tinha bate-papo. Já no Facebook, você tem álbum de fotos, chat, agenda de aniversário, criação de eventos, compartilha o dia a dia. É uma coleção de recursos de várias outras plataformas ; essa simplificação de num lugar só poder fazer várias coisas.;
Um dos problemas da rede de Zuckerberg é que os usuários ainda não sabem lidar com as questões da privacidade. ;Também há o problema dos dados serem disponibilizados para o governo americano, e tudo que você escreve é guardado por eles, por mais que delete a mensagem;, diz.
Um possível rival para a principal plataforma de relacionamento do Ocidente, segundo o consultor, é a rede social da gigante das buscas, Google Plus. ;É um sério candidato, porque tem o respaldo do Google, que está trabalhando nele aos poucos, e é uma empresa global com ambições similares às do Facebook.;
Será o fim?
Um estudo da Universidade de Princeton afirmou que o fim do Facebook está próximo. Segundo a pesquisa, a rede social deve perder, entre 2015 e 2017, 80% dos usuários. Para chegar a esse resultado, os cientistas relacionaram a quantidade de buscas do MySpace no Google com a plataforma criada por Mark Zuckerberg. Como resposta, o Face realizou uma avaliação parecida sobre a universidade e constatou que ela deve desaparecer em 2060.
Com informações de Álvaro Viana, João Gabriel Amador e Cecilia Pinto Coelho