postado em 14/03/2014 18:18
No anúncio do PlayStation 4, quando o mistério ainda cobria os convites distribuídos pela Sony à imprensa americana, algo que chamou a atenção pelo visual bem polido - que mais se assemelhava à uma animação - foi Knack. Pelas demonstrações, o título parecia ser aquele game despretensioso e charmoso que você pega para terminar em uma, duas tardes. Muito pelo contrário. Apesar de visuais agradáveis, o game apresenta dificuldade descalibrada, mecânica de jogo pesada e imprecisa e uma narrativa desnecessariamente prolixa.
Apesar de demasiadamente prolongado, o plot é simples. Knack é uma criação do explorador Doutor Vargas (conhecido apenas como Doutor), formado essencialmente por relíquias -- artefatos usados naquele universo como fonte de energia. Ele tem a habilidade de acoplar objetos (como madeira, cristais, ou próprias relíquias) para aumentar de tamanho. Com essa habilidade, a criatura ajuda o Doutor e seu assistente, Lucas, a fazer explorações dos lugares mais limitados até os mais gigantescos.
Algo que merece um ponto positivo em Knack é o design de personagens. Assim como a Pixar consegue exprimir personalidade a partir do traço dos personagens, a equipe artística no game faz o mesmo. A capacidade de Knack absorver os objetos e aumentar ou diminuir de tamanho quando é golpeado, inclusive, mostra quantas versões diferentes o personagem pode ter, e a criatividade dos desenvolvedores ao tornar essas mudanças naturais.
O visual dos cenários talvez seja o que mais faz o jogo ser categorizado como um título da ;da nova geração;. A mesma elaboração gráfica semelhante às animações em 3D é transferida nas diferentes fases, que vão de montanhas cobertas por árvores a edificações milenares e os detalhes são prolongados até mesmo no horizonte - algo que no Playstation 3 era uma limitação.
O polimento visual de Knack parece ter sido mais importante do que a mecânica de jogo. O game design pobre traz fases quase sempre semelhantes e muda apenas a disposição dos inimigos e um ou dois quebra-cabeças. Em certo ponto, geralmente logo no início daquela fase, novidades são tão raras quanto as próprias relíquias milenares. A mobilidade do personagem é boa, mas na hora do combate, a habilidade do jogador é posta despropositadamente, que tem de usar sua habilidade para escapar das falhas mecânicas - quando você desvia de um golpe, por exemplo, há um atraso para voltar a se movimentar, e logo quando esse tempo acaba, uma flecha te atinge e você morre.
Por mais improvável que pareça, não existe piedade em Knack. A dificuldade dos inimigos é tão destoante da capacidade do seu personagem que a equipe desenvolvedora aparenta não ter prestado muita atenção nisso na pós-produção do game. Com um golpe, seu Knack na forma pequena morre. Até a forma média, apenas um ataque inimigo ainda te destrói. Quando grande, dois te despedaçam, e quando gigantesco, no máximo três golpes são suportados. Essa dificuldade seria explicada caso houvesse precisão nos controles, mas infelizmente isso não acontece.
A proposta do jogo se encaixa muito bem na motivação de mostrar o quanto o PlayStation 4 suporta mais partículas se movimentando ao mesmo tempo na tela. Todavia, quando isso acontece, a queda de quadros por segundo é notável. Na habilidade em que Knack bate no chão e espalha suas peças numa onda de força, por exemplo, o atraso na imagem chega a desapontar. Se o seu objetivo é ver partículas sendo mostradas no hardware do PlayStation 4, mais vale jogar o game Resogun.
O game ainda te oferece bonificações. Equipamentos extras podem ser encontrados em paredes escondidas ao longo do jogo e te ajudam ao oferecer melhorias para o seu personagem: maior capacidade de carregar supermovimentos, descobrir onde salas secretas se encontram, ou até mesmo tipos secretos de Knack.
Todos os defeitos do jogo são justamente o oposto do que aparentava ser - simples, bonito, e confortável de se jogar. Porém, Knack tem mecânica defeituosa, dificuldade inexplicavelmente elevada, e narrativa morosa e simples. Se fosse pelo visual, o game poderia ser proveitoso, mas tantos erros fazem a longa jornada parecer nada mais do que uma falha tentativa de mostrar a tecnologia do PlayStation 4.
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