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Com humor controverso, jogo South Park executa até mais do que propõe

Mistura entre boa mecânica e ótima adaptação da série resulta em jogo que, ao mesmo tempo em que conta com piadas extremas, representa legítima brincadeira de criança (para adultos)

Álvaro Fraga
postado em 21/03/2014 19:44

Mistura entre boa mecânica e ótima adaptação da série resulta em jogo que, ao mesmo tempo em que conta com piadas extremas, representa legítima brincadeira de criança (para adultos)

Se fosse feita uma escala para a falta de escrúpulos no humor, com certeza a unidade de medição seria estimada em South Parks. A animação para tevê sempre foi conhecida pelas piadas pontiagudas que, geralmente, tem como alvo celebridades e os mais improváveis e distintos grupos: desde religiosos aos Genius (atendentes das lojas da Apple), por exemplo, representados de forma catártica. Um jogo da série com o mesmo estilo de humor, portanto, seria nada mais que previsível. Em contraponto, a surpresa em Stick of truth é justamente a combinação deste humor com a parte mecânica do jogo. Mesmo simples, a mistura resulta em 11 divertidas horas em frente ao videogame -- e, dependendo do seu gosto, com muitas gargalhadas.

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Desde o começo do desenvolvimento, South Park: stick of truth foi conturbado. Isso porque a THQ, empresa que o publicaria, anunciou falência pouco depois do anúncio -- ainda em 2012. Após leilão feito pela companhia, a Ubisoft adquiriu os direitos de publicação e, após essa demora, o jogo chegou às prateleiras.

Você incorpora o papel de uma criança que acabou de se mudar para South Park, e a primeira missão já o faz imergir naquele universo: cabe a você fazer novos amigos. Para os fãs, poder interagir com personagens clássicos da série é um bônus. Mais adiante, serão eles os companheiros da sua jornada. Em certo momento, assim como nos RPGs, você pode escolher entre quatro classes: mago, ladrão, cavaleiro e judeu. Sim, nem eles foram poupados.

[SAIBAMAIS] Migração
A equipe da animação esteve presente em todas as partes do jogo, e isso sem dúvidas resultou em uma das melhores adaptações de outras mídias para o videogame até então. O roteiro possui todas as características de Trey Parker e Matt Stone (criadores da série), e vai desde as piadas mais esdrúxulas com vacas zumbis nazistas até as pintas na cara do Morgan Freeman. Dependendo do jogador, pode ser um motivo para tirar o jogo do console imediatamente. Mas você provavelmente não vai querer fazer isso.

A história é básica e não tem muitas complicações; apesar de algumas reviravoltas. Cartman, um poderoso mágico dos flatos batalha com Kyle e sua gangue dos elfos com um objetivo: o graveto da verdade. Quem tem a posse do objeto é a pessoa mais poderosa do universo -- na imaginação dos personagens; na verdade, o graveto é apenas um pedaço de madeira insignificante.

Mistura entre boa mecânica e ótima adaptação da série resulta em jogo que, ao mesmo tempo em que conta com piadas extremas, representa legítima brincadeira de criança (para adultos)

Feito pela Obsidian Entertainment (de Fallout: New Vegas), o game tem a cara de sua desenvolvedora. O ambiente da série foi totalmente exportado para o cenário do jogo. Desde o Canadá -- que inclusive é uma das partes mais bem elaboradas do jogo -- até a casa de Cartman, Stan, Kyle e Kenny, a sensação de que (guardadas as proporções) lhe é disponibilizado um mundo aberto para exploração é uma das características mais gratificantes que o jogo te oferece.

Mistura entre boa mecânica e ótima adaptação da série resulta em jogo que, ao mesmo tempo em que conta com piadas extremas, representa legítima brincadeira de criança (para adultos)

A mecânica de batalha segue o estilo de jogos como Paper Mario e Mario dream team. É um RPG onde determinados movimentos, para serem efetivos, têm de ser executados de acordo com o reflexo do jogador. Girar a alavanca analógica esquerda e apertar quadrado ou B para atingir o inimigo, por exemplo, resulta em um ótimo golpe.

Outro elemento que faz o jogador querer ficar grudado no game o dia inteiro é a rápida progressão e bonificação. É gratificante explorar um lugar além do objetivo da missão e achar uma arma mais poderosa -- mesmo que esta seja um cano de esgoto enferrujado que lhe dá mais ataques.

Mistura entre boa mecânica e ótima adaptação da série resulta em jogo que, ao mesmo tempo em que conta com piadas extremas, representa legítima brincadeira de criança (para adultos) Um dos únicos defeitos, além do travamento constante enquanto o jogo está salvando os arquivos, são as trilhas sonoras repetitivas que fazem você querer apertar o mudo em dois minutos.

Os inimigos em Stick of truth, por sua vez, não exigem muito de quem está jogando. Justamente por seu avanço rápido e ótimas armas. Somados todas essas características (progressão rápida de personagem, bonificação, e mecânica e inimigos fáceis), o game teria de tudo para não ser estimulante.

Mas isso não é o que acontece. Por mais improvável que soe, South Park: stick of truth é uma boa representação de uma brincadeira de criança. E parte os elementos técnicos confluem para que isso seja ainda mais palpável.

É um jogo que não almeja conquistas gigantes, não tem execução técnica estonteante, e não tem preocupação alguma se irá ofendê-lo ou não. Mesmo assim consegue executar algo além. Mais fácil seria afirmar que South Park: stick of truth é um parquinho para adultos.

SERVIÇO
Desenvolvimento: Obsidian Entertainment
Publicação: Ubisoft
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos
Plataforma: Xbox 360, PlayStation 3, PC
Preço: R$ 149,90

AVALIAÇÃO
Gráficos: 2,5
Jogabilidade: 2
Sons: 1,5
Entretenimento: 2,5
Total: 8,5

Com informações de Álvaro Viana

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