Roberta Machado
postado em 30/04/2014 06:00
O bicentenário da morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, inspirou uma equipe de brasileiros a criar um acervo digital do mestre barroco. O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC/USP), em São Carlos, digitalizou algumas das mais importantes obras do escultor e reuniu o trabalho em um site que funciona como uma verdadeira galeria virtual. Na página, qualquer um pode ter acesso gratuito a uma reprodução 3D dos adornos feitos pelo artista e interagir com ela de uma forma que seria impossível em um museu de verdade.
A equipe selecionou obras que estão à disposição da população ao ar livre. Como essas peças estão sujeitas à ação do tempo de forma mais acelerada que as esculturas de coleções particulares, o registro detalhado ajuda a preservar a aparência original dos trabalhos. Os pesquisadores foram a duas cidade mineiras e colheram as imagens no Adro do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, e em três igrejas de Outro Preto: a da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, a da Nossa Senhora do Carmo e a de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia.
A missão artístico-tecnológica teve início em junho do ano passado. Armados de um escâner tridimensional de alta precisão, os especialistas foram capazes de digitalizar estátuas e adornos dos templos sem removê-los do lugar nem isolar a área de trabalho. O serviço foi feito assim mesmo, em meio aos turistas que também estavam interessados em fotografar as obras e procuravam vê-las de perto. ;A luminosidade era um problema porque o céu nublado, com sol ou escurecendo, resultava em muitas variações no escaneamento. Tivemos de repetir muitas fotos;, lembra o coordenador do projeto e professor do ICMC, José Fernando Rodrigues Júnior.
O equipamento de última geração foi colocado em frente às obras, de onde emitia um laser que varria toda a área em volta (veja infografia acima). Cada saliência e cada curva das peças barrocas foram traduzidas em uma nuvem de pontos que servia como um enorme mapa volumétrico. ;Para adquirir toda a informação, é necessário instalar a máquina em posições diferentes;, explica Rômulo Assis, especialista cedido gratuitamente para esse projeto pela Leica Geosystems, a mesma empresa que também emprestou o escâner de alta resolução. ;Para uma estátua, umas três posições são o suficiente;, estima Assis.
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